quinta-feira, janeiro 23, 2025

Sem trégua

Volta Redonda tem cerca de 20 mulheres vítimas de violência por mês em 2022

A violência contra a mulher não conhece diferenças sociais, de raça, religião ou idade. Atinge a todas da mesma forma. Só este ano, entre janeiro e março, 226 mulheres sofreram algum tipo de agressão física no estado do Rio, de acordo com os números do Tribunal de Justiça. Do total, 23 encontraram a morte na mão de seus agressores. Os números oficiais do TJ não especificam os dados, mas pelas estatísticas de anos anteriores, sabe-se que a imensa maioria das agressões é cometida por companheiros, ex-companheiros ou alguém do círculo de relacionamentos da vítima, seja parente, vizinho ou amigo.
Em Volta Redonda, a secretaria de Políticas para Mulheres e Direitos Humanos (SMDH) contabilizou de janeiro a junho deste ano pelo menos 20 novos casos por mês, com predominância da violência física, seguida da psicológica. Por mês, foram realizados cerca de 100 atendimentos multidisciplinares, com advogadas, psicólogas e assistentes sociais. O acolhimento das vítimas é feito pelo Ceam (Centro Especializado de Atendimento à Mulher), núcleo da SMDH, e elas entram na rede através da Deam (Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher), hospitais municipais, Conselho Tutelar, das unidades básicas de saúde e assistência social, além da procura espontânea.
“A mulher de Volta Redonda que sofre violência doméstica e familiar tem uma rede muito grande de serviços para acompanhá-la e auxiliá-la. Estamos de braços abertos para ajudar esta mulher, porque nós não podemos aceitar que as mulheres continuem sofrendo violência e fiquem caladas. Elas têm que fazer a denúncia. Podem vir presencialmente, que temos uma equipe multidisciplinar para atender, com assistente social, psicóloga e advogada, dentre outros profissionais”, afirmou a titular da SMDH, Glória Amorim.
Tem mais. Glória garante que as mulheres em situação de violência doméstica podem procurar primeiramente o Ceam – que fica na Rua Antônio Barreiros, 232, no bairro Nossa Senhora das Graças – ou entrar em contato pelos telefones (24) 3339-9025 ou o 0800-022-9090. “Além disso, ela tem vários equipamentos no município onde se pode fazer a denúncia e que irão encaminhá-las para o Ceam”, disse a secretária, que destacou: “Somos um órgão público, não paga nada”.
Como forma de prevenção, a secretaria realiza palestras e rodas de conversa sobre violência contra as mulheres, especialmente nos Cras (Centro de Referência da Assistência Social), onde mais de 880 pessoas teriam sido atendidas de março até a primeira quinzena de junho, segundo a pasta.
De acordo com os números da Justiça estadual, entre janeiro e março deste ano foram abertos 1.549 processos de violência contra a mulher, incluindo violência física, psicológica, moral, patrimonial ou sexual. No mesmo período, 9.544 medidas protetivas foram concedidas pelo Judiciário e 855 agressores foram presos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a violência contra as mulheres um problema de saúde pública. Estudos da organização apontam que, em diferentes sociedades, ela pode representar entre 20% e 75% do total de casos de violência.
Barra Mansa
Em Barra Mansa, a secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos realiza cerca de 45 atendimentos por mês, no Centro de Referência Especializado de Assistência Social da Assistência Social (Creas). “A vítima pode ir à delegacia para fazer o registro e pedir uma medida protetiva. Ou então ao Creas, onde terá orientações e receberá apoio psicossocial e jurídico. Se ela tiver sofrido violência física, pode ir a um serviço de saúde – UPA e Hospital da Mulher. Denúncias anônimas podem ser feitas pelo Disque 100 ou 180. Em situações de violência acontecendo no momento, a polícia deve ser acionada”, explicou o gerente de Proteção Social Especial da pasta, Alexandre Martins Monteiro.
Monteiro disse ainda que são feitos trabalhos de prevenção em conjunto com as secretarias de Educação, Saúde, Cultura e Desenvolvimento Econômico (Casa do Trabalhador). Mas, ainda assim, segundo ele, as mulheres têm medo de denunciar os agressores – geralmente companheiros ou ex-companheiros – por diversos fatores, incluindo a dependência financeira. Que pode ser causada pela dificuldade que as mulheres com filhos têm de encontrar trabalho, muitas vezes por não terem com quem deixar as crianças durante a jornada profissional. Há ainda os aspectos da culpa, medo de represálias e dúvidas em relação aos processos judiciais. “Não existe faixa etária ou grupo mais vulnerável. A violência contra as mulheres atinge todos os níveis sociais. Porém, as vítimas mais pobres têm dificuldades estruturais que dificultam a resolução da questão”, revelou.
As mulheres vítimas de violência em Barra Mansa podem procurar os seguintes locais para atendimento:
– Centro de Referência Especializado de Assistência Social da Assistência Social (Creas) – Rua Santos Dumont, 126, Centro
– Hospital da Mulher – Avenida Tenente José Eduardo, 200, Ano Bom
– UPA, da Saúde – Rua Luís Ponce, 263, Centro
– 90ª Delegacia de Barra Mansa – Avenida Domingos Mariano, Centro
– Patrulha da Mulher da Guarda Municipal – plantão: (24) 3028-9339

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