sábado, abril 26, 2025
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Aumento da violência

Praticamente todos os veículos de comunicação, sites e blogs noticiaram durante a semana que o 10º BPM, sediado em Barra do Piraí, e o 28º Batalhão do Aço, sediado em Volta Redonda, se destacaram entre as 40 unidades existentes no estado do Rio no quesito prisões. Ou seja, foram os que mais prenderam bandidos entre janeiro e setembro deste ano.

Os dados até merecem as reportagens, mas o foco principal, não pode e nem deve ser esquecido: Se os PMs prenderam tanto é porque a bandidagem tem aumentado – e corre solta – na região, com a presença cada vez maior de marginais da capital. O 10º BPM de Barra de Piraí, outrora pacata cidade fluminense, por exemplo, prendeu 1.559 bandidos no período de janeiro a setembro. Corresponde a uma média superior a quatro prisões diárias. Já o Batalhão do Aço efetuou 1.518 prisões, mantendo praticamente a mesma média diária de quatro bandidos fora das ruas.

Elogios

O vereador Dinho, policial militar aposentado, fez questão de postar a foto abaixo na sua página do Facebook, com o seguinte comentário: “Muito orgulho dos policiais militares de Volta Redonda que não estão dando mole pra vagabundo em nossa Cidade. Ontem arrebentaram numa linda ocorrência no bairro Nova Primavera, onde dois marginais não aceitaram a voz de prisão, resistiram e foram abatidos. Pra cima deles pq esta cidade é nossa, é das pessoas de bem. A partir de hoje passarei a compartilhar os feitos de nossos bravos guerreiros com nossa população. Parabéns e muito obrigado”, escreveu.

Contraponto

Desde o início do ano, mês a mês, o governo do estado do Rio vem comemorando a  queda nos índices de violência, principalmente em relação aos homicídios dolosos, que chegaram a 386 casos em janeiro – média de 12 assassinatos por dia. Os números mais recentes do ISP-RJ (Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro) mostram uma redução da taxa global de homicídios de 21%. Foi a terceira diminuição consecutiva do número de assassinatos. Mas, se na capital os dados são para comemorar, no interior a situação segue a lógica inversa: os números da violência, entre eles o de homicídios dolosos, continuam a aumentar.

No sul fluminense, Volta Redonda – a maior cidade da região, com seus 273 mil habitantes – continua com aumentos sucessivos dos casos de homicídios. Os números mais recentes do ISP mostram que os homicídios aumentaram 25%, na comparação entre janeiro e agosto deste ano e do ano passado. Até agosto de 2019, foram registrados 60 assassinatos, contra 48 casos em 2018.

E não foram só os assassinatos que aumentaram, mas todos os indicadores estratégicos da violência – letalidade violenta (homicídio doloso, morte por intervenção de agente do Estado, latrocínio, e lesão corporal seguida de morte); roubo de rua e roubo de veículo. Em relação aos roubos de rua, por exemplo, Volta Redonda está entre as 13 áreas do estado – incluindo a região metropolitana – onde houve aumento. Na cidade, foram 414 roubos de rua registrados entre janeiro e agosto de 2019, contra 398 no mesmo período de 2018, um aumento de 4%.

Entre os índices que apresentaram maior aumento entre 2018 e 2019, chamam atenção as tentativas de homicídio, com crescimento de 49,3%. Foram registrados 67 casos entre janeiro e agosto do ano passado, contra 100 ocorrências no mesmo período de 2019. O número de casos registrados em agosto passado chegou a 12, o triplo de agosto do ano anterior, quando houve quatro casos.

Outro número que surpreende é o de casos de estelionato, já que houve um aumento de quase 20% das ocorrências entre 2018 e 2019, com 304 casos contra 362, respectivamente. E em agosto de 2019, os “171” trabalharam bastante, batendo um recorde de produtividade: houve um aumento de mais de 87% nos casos, com o registro de 60 ocorrências. Em agosto do ano passado, foram 32 notificações.

Com esses índices, 2019 vem se tornando até agora o mais violento dos últimos cinco anos em Volta Redonda, com uma média de 8 assassinatos por mês. 2019 teve ainda o mês mais violento do período – fevereiro – com 15 mortes. Ao que tudo indica, faltando três meses para acabar 2019, a possibilidade de se bater o recorde negativo de 72 assassinatos registrados no ano passado – o mais violento até então – é grande. Já estamos em 60 mortes, e o placar continua girando – pra cima.

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