AF-3 será ligado amanhã

Com um atraso de dois meses, a CSN vai religar o Alto-Forno 3 na noite deste sábado, 26. O equipamento é o maior da UPV e foi desligado para manutenção no dia 29 de junho. Desde então, passou por uma profunda reforma na sua estrutura, com adequações que o tornaram mais operacional e mais próximo da legislação ambiental. A parte boa é que a capacidade instalada de produção na CSN vai mais do que dobrar, passando para 3,3 milhões de toneladas/ano. A parte ruim é que na segunda, 28, mais de quatro mil trabalhadores que atuaram na reforma do AF estarão na rua à procura de um novo emprego.
As demissões, inclusive, já começaram. E não são novidade para ninguém, até porque as contratações para a reforma foram temporárias – duraria até o final das atividades. “O trabalhador entrou sabendo que iria sair quando a reforma acabasse”, disse uma fonte da CSN. “Não tem como dizer se algum operário vai ser absorvido pela empresa. Eu diria que em um processo de turn-over, pode ser que sim”, comentou a fonte.
Nos 119 dias em que esteve desligado para reforma, a CSN montou um estoque com aço de terceiros para atender as encomendas de clientes. O montante – algo em torno de 500 mil toneladas – serviu para atender o mercado interno, e o restante (30%) ela exportou. Durante teleconferência para divulgação de resultados, na quinta, 24, o presidente da CSN, Benjamin Steinbruch, admitiu que os estoques ainda são altos e que a meta é diluí-los até o final do ano.
Com investimentos da ordem de R$ 250 milhões, a reforma contemplou a substituição dos equipamentos que compõem o forno, dentre eles o cadinho e staves, a sala elétrica dos motossopradores, e os componentes periféricos e de topo. A empresa também reformou a chamada Casa de Bomba e Recirculação (CBR#4), parte integrante do equipamento. A expectativa é que com estas modificações haja diminuição na poluição provocada pelo forno. “Estamos voltando mais competitivos do que as concorrentes”, pontuou Steinbruch.
O religamento do AF-3 não é imediato. Pode demorar até 3 dias e a operação a plena carga em torno de três meses. É neste período que a CSN pretende diminuir o estoque e o custo de produção. Em teleconferência na quinta, 25, o próprio Benjamin Steinbruch admitiu que o período em que o forno ficou desligado impactou negativamente no balanço financeiro da CSN. O prejuízo líquido foi de R$ 871 milhões, revertendo um resultado positivo de R$ 752 milhões obtidos em 2018. A baixa acabou cortando a projeção da empresa em 12% para o resultado operacional anual de 2019.