O fechamento da aciaria da ArcelorMittal – unidade Barra Mansa – continua rendendo pauta e discussão ao Sindicato dos Metalúrgicos. Na segunda, 25, por exemplo, Silvio Campos, presidente do órgão, vai promover um ato na portaria da siderúrgica na tentativa de manter os postos de trabalho e evitar novas demissões. Será a partir das 6 horas – horário de troca de turno – e terá a participação de movimentos sociais organizados e associações de moradores de Barra Mansa. Há cerca de um mês a Arcelor decidiu, de forma unilateral, fechar a aciaria da antiga SBM e demitiu parte dos seus trabalhadores. Apenas um grupo pequeno teria sido transferido para a Arcelor Resende.
A questão envolvendo o fechamento da aciaria vem sendo discutida com o Sindicato desde abril de 2019, quando a empresa sinalizou que tomaria esta decisão. Desde então, Silvio Campos vem conversando com a direção da Arcelor-BM, na tentativa de resguardar os empregos e evitar o fechamento da aciaria. Em janeiro, sem que o Sindicato fosse comunicado, a empresa decidiu suspender as atividades da aciaria alegando que a paralisação duraria apenas cinco meses. Em entrevista ao aQui, Silvio disse não acreditar em um fechamento temporário e que, segundo ele, a Arcelor não irá retomar as operações na área.
Tem mais. Uma fonte do jornal, com trânsito junto à empresa, reforça a opinião de Silvio Campos. “A SBM não vai mais ligar a aciaria, nem hoje, nem amanhã, muito menos daqui a cinco meses. A aciaria de Resende, que é mais moderna, vai ficar responsável por atender a unidade de Barra Mansa”, contou, explicando que a fábrica da Arcelor de Resende deve aumentar a fabricação de tarugos para serem laminados em Barra Mansa. “Sem a aciaria em Barra Mansa, é impossível a fabricação do aço”, explicou, garantindo que o novo procedimento será compensatório para a Arcelor, porque a aciaria de Resende tem capacidade instalada infinitamente superior do que a laminação. “Uma vai produzir e outra, laminar. A laminação da unidade Resende não é tão grande. Barra Mansa fará este serviço melhor”, emendou.
A fonte foi além. Disse que a unidade da ArcelorMittal no Mato Grosso do Sul – Sitrel – também não possui aciaria e funciona bem apenas com a laminação. “O aço de lá é produzido em Resende. Eles fabricam aqui e mandam pra lá”, contou. Para a fonte, a curto prazo, a Arcelor não vai fechar a unidade de Barra Mansa porque ela é estratégica dentro do plano de operações do grupo. Porém, é uma fábrica antiga, que demanda investimentos altos para ser modernizada. A solução encontrada, continua a fonte, foi fechar a aciaria em Barra Mansa – que está obsoleta e tem custo de produção alto – e passar a usar a de Resende. “De verdade? Ela (Arcelor) não vai voltar com a aciaria da SBM”, garantiu a fonte.
Denúncia
O Sindicato dos Metalúrgicos reconhece que as mudanças de operação e produção de uma fábrica para outra (Barra Mansa e Resende) cabem à ArcelorMittal, porém, questiona o fato de a empresa demitir trabalhadores para implantar as novas mudanças. “Nós estamos lutando para garantir os postos de trabalho. É para isto que buscamos uma solução que garanta a estabilidade dos empregos”, disse Silvio Campos. “Já houve uma conversa com o prefeito de Barra Mansa e com os vereadores da cidade e a tentativa de reunião com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, a fim de encontrar uma solução que dê fim às demissões na empresa e ainda a garantir da permanência da planta no município. Entendemos que hoje foi a aciaria, amanhã será outra área, e assim por diante até a unidade fechar por completo”, avalia Silvio.
Para evitar que isto ocorra, o Sindicato denunciou a Arcelor à sociedade civil organizada e propôs um ato pela permanência dos empregos. A manifestação será nesta segunda, 25, na porta da fábrica, no bairro Saudade. “Através da denúncia, o Sindicato espera mobilizar os trabalhadores, suas famílias e a sociedade em geral para fortalecer a luta contra essa prática mercenária da empresa”, frisou Silvio.
Arcelor
Procurada pelo aQui, a ArcelorMittal garantiu que a planta de Barra Mansa não será fechada e que as mudanças envolvendo a aciaria da unidade fazem parte de uma estratégia de otimização das operações. A empresa negou que as atividades da aciaria serão encerradas e disse apenas que haverá redução da produção na área. Em nota, a Arcelor disse que a medida “faz parte dos esforços da empresa para tornar a planta industrial mais competitiva” e se mostrou “convergente para encarar os desafios da indústria do aço”. A ação, segundo a Arcelor, “não impactará o pleno atendimento aos clientes”.
“A ArcelorMittal Sul Fluminense reafirma que se mantém confiante quanto ao ambiente de negócios no Brasil nos próximos anos, e destaca que, inclusive, está intensificando seus trabalhos no desenvolvimento de novos produtos e analisando possíveis investimentos futuros na região”, conclui a nota.