sexta-feira, março 29, 2024

Contrastes

A princípio, a presença de uma equipe da prefeitura de Volta Redonda na manhã de  segunda, 18, andando pela passarela do Viaduto Heitor Franco, que ganhou (mais uma) capa do aQui por não oferecer segurança a quem quer que passe por ela, foi comemorada pelos pedestres. É que, em entrevista publicada na edição passada, o prefeito Samuca Silva tinha adiantado ao aQui que iria mandar encontrar uma solução para alargar e cobrir as passarelas dos dois lados do viaduto que liga o Aterrado à Colina, e vice-versa.

 

Azar e sorte dos pedestres é que tudo não passou de um ledo engano. Primeiro porque os homens da foto, um deles até andando perigosamente pela via destinada aos veículos, ligados ao IPPU-VR, Defesa Civil, secretaria de Infraestrutura e até ao Furban, estariam ali apenas para ver o que a ‘obra de arte’, que não oferece segurança aos pedestres, precisaria em termos de manutenção.

 

Pelo menos é o que se pode deduzir do texto da assessoria de imprensa do Palácio 17 de Julho.  “Passa-mos pelas pontes da Radial Leste e Dom Waldir Calheiros, além dos viadutos Nossa Senhora das Graças e Heitor Leite Franco. Essas quatro (obras de arte) fizemos com base no que considerávamos as mais movimentadas. Agora, vamos avaliar e definir mais quatro, a serem realizadas na próxima semana”, frisou Márcio Lins, presidente do IPPU. Detalhe: que, curiosamente, não aparece na foto acima. 

 

No release aos jornais, o Palácio 17 de Julho afirmou que a visita dos técnicos encerrou, na terça, 19, a primeira etapa de fiscalizações de pontes e viadutos do município. A última inspeção teria acontecido na ponte que liga o Aterrado ao Aero Clube e a partir desta  semana, outras quatro, segundo o órgão, serão revistas, de “um total de doze consideradas mais utilizadas”.

 

Márcio Lins, que é engenheiro metalúrgico, garantiu, segundo a assessoria de imprensa, que a estrutura da ponte D. Waldyr, que é de concreto, não apresenta nenhum componente metálico. “Ela é bem superdimensionada na parte estrutural e está em ótimas condições. Os únicos cuidados que precisamos tomar é a drenagem do piso, que não possui boca de lobo e tende a entupir”, disse, mostrando que não atentou para os riscos de se usar a passarela da ponte, que é tão ruim quanto a do Heitor Leite Franco.   

 

Para piorar, um representante da SMI, não identificado pela assessoria de imprensa, teria garantido que a ponte precisaria ‘apenas de uma melhora na conservação’. “De um modo geral, estamos avaliando que existem poucos problemas”, acrescentou Márcio Lins, segundo texto da nota. “Para esse primeiro relatório foi destacado que, de uma forma geral, as juntas de dilatação (da ponte) precisam de manutenções. Onde pequenos movimentos da ponte e a dilatação natural concebem deterioração aos pouco. A partir daí, serão feitas manutenções periódicas para evitar infiltrações e acumulo de terras”, destaca a nota.

 

Até o secretário de Infraestrutura, Toninho Orestes, teria dados alguns pitacos – errados, por sinal. “No momento que detectarmos alguma demanda primordial, atuaremos na manutenção com equipamentos especiais. São importantes esses suportes para preservar as chamadas ‘obras de artes’ e prolongar a durabilidade delas”, explicou Toninho, ignorando solenemente o problema das passarelas e, pior, mostra que nem ele nem os demais viram o acidente da semana passada, quando uma jovem caiu ou se jogou do Viaduto Heitor Leite Franco. Se tivessem visto, não estariam querendo preservar as ‘obras de arte’. Estariam tentando é preservar vidas, isso sim.

Samuca reitera prioridade

Procurado para comentar a ausência de qualquer referência à falta de segurança nas passarelas do Viaduto Heitor Leite Franco, o prefeito Samuca Silva voltou a dizer ao aQui que o assunto é prioridade do seu governo. “A vistoria que eles fizeram não tem a ver com a questão das passarelas. Quem vai avaliar isso será a secretaria de Infraestrutura”, afirmou, para logo completar: “Isso é prioridade nossa”, disparou, adiantando que os técnicos da pasta já verificaram que, por baixo das passarelas, existem galerias, e que por elas passam diversas tubulações. “Vamos ter que estudar isso”, concluiu.

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