sexta-feira, setembro 13, 2024
CasaEditoriasCSN“Turma de aventureiros”

“Turma de aventureiros”

Líder da chapa 3 diz que chapa 2 representa a falsa oposição

Pollyanna Xavier

Eduardo Veríssimo da Cunha, o popular Dudu, é o novo líder da chapa 3 na corrida para a presidência do Sindicato dos Metalúrgicos de Volta Redonda e região e lançou sua candidatura oficialmente na segunda, 18, durante entrevista ao programa Dário de Paula. Na ocasião, criticou a “falsa oposição” da chapa 2, chamou a atual diretoria do Sindicato de pelega e explicou por que seu nome foi escolhido para encabeçar a chapa da ‘verdadeira oposição metalúrgica’.
Ao aQui, Dudu criticou a parcialidade da Comissão Eleitoral (também denunciada pela chapa 1, grifo nosso) e responsabilizou Edimar, líder da chapa 2, pelas mais de 200 demissões ocorridas na CSN. “A CSN ainda vai demitir mais gente por conta dos protestos feitos na Usina Presidente Vargas”, teria dito, segundo uma fonte ligada à CUT que apoia a chapa comandada por Dudu.
Na entrevista, Dudu conta ainda como pretende retomar o turno de 6 horas na UPV e mudar o plano de saúde dos empregados da CSN, hoje nas mãos do grupo LIV, do Ceará, ligado ao ex-ministro Ciro Gomes, hoje pré-candidato a Presidente da República pelo PDT. Vale ressaltar que o aQui deu voz ao líder da chapa 1, Jovelino, e ainda a Edimar Miguel, cabeça da chapa 2, que rejeitou o espaço que iria ter gratuitamente, como os demais, para fazer sua campanha. Perdeu a oportunidade de se defender das críticas, das denúncias de favorecimento da Comissão e da culpa pelas demissões. Aliás, essa última é indesculpável para quem se acha preparado para representar o trabalhador.
Veja ao lado a íntegra da entrevista com Dudu:
aQui: O senhor era o quarto suplente na chapa 3. Por que o seu nome foi escolhido para ser cabeça de chapa, E não outro nome do primeiro escalão?
Dudu (Eduardo Veríssimo): Sempre fui um lutador da classe trabalhadora e sempre atuei como um ativista no movimento de classe. Quando houve o impedimento do Vitor, que a meu ver foi um erro da Comissão, outros nomes surgiram para assumir a chapa. Pessoas capacitadas, com grande potencial. Mas através do consenso, os companheiros me escolheram por ter o perfil de peão de chão de fábrica e ser uma aposta na renovação. Sinto-me honrado. Impuse-ram-me um grande desafio, que enfrentarei com muita responsabilidade. Sou negro, peão de fábrica e estou disposto a mostrar que sou capaz de defender a classe.

aQui: O senhor diz que foi procurado, assim como outros integrantes de sua chapa, pela chapa 2 para fazer parte dela. Tem prova disso? Por que não aceitou?
Dudu: Percebemos que ao longo do tempo nossa luta pela categoria foi tomando outro rumo. Quando decidimos montar a chapa, vimos a irresponsabilidade de algumas centrais que não representavam a política que defendemos. A CUT para nós é a única central que tem a sua história de vitórias e conquistas misturadas com a luta dos metalúrgicos em todo país. Eles ficaram, então, com a Conlutas, PSTU. Com a nossa saída eles chegaram, inclusive, a propor uma aliança com a chapa 1, mas propuseram que das 7 secretarias, eles ficariam com cinco. Aí não podia dar certo.

aQui: O senhor declarou ao Dário de Paula que a ‘falsa oposição’ queria um palanque para se fortalecer e tomar o Sindicato dos Metalúrgicos. E isso terminou com cerca de 200 demissões na UPV. Como mostrar ao trabalhador que a chapa 2 teria usado a campanha salarial para fazer isto?
Dudu: Eles não estão preocupados com os direitos dos trabalhadores. Pra nós (eles) não tem compromisso com a verdade, não tem responsabilidade. Veja as demissões que provocaram, sabiam que estavam agindo fora da lei de greve e mesmo assim incentivaram as pessoas em uma aventura irresponsável e parece que não aconteceu nada porque só querem ter um sindicato para financiar partido e promover pessoas. Veja a penúria que hoje o Sindicato dos metalúrgicos do Rio está, com essa política extrativista e irresponsável que tem.

aQui: A Chapa 3 tem gente nova e aposentados com histórico de luta sindical na sua composição. Na rádio, o senhor disse que acredita na união da juventude com a experiência para mudar o Sindicato. Como pretende fazer isso, diante de uma nova realidade sindical, onde os sindicatos estão cada vez mais sofrendo a inter-venção do governo e a subordinação do Ministério do Trabalho?
Dudu: Sim. Acreditamos que com a união da experiência versus gente nova, teremos um trabalho voltado para a necessidade dos trabalhadores, sempre voltados a responsabilidade.

aQui: O senhor defende a volta do turno de seis horas na UPV. Se for eleito, o que pretende fazer para retomar essa jornada?
Dudu: Entendemos que gerará mais empregos, mais qualidade de vida. Hoje temos que nos preocupar com a nova legislação, mas também com mobilizações, comissões de fábricas e responsabilidades. Com um sindicato presente chegaremos lá.

aQui: Sobre o plano de saúde da CSN, o que há de errado com ele, e como pretende mudar a questão, uma vez que o edital de privatização da empresa determina que a CSN ofereça um plano de saúde, mas não obriga que ele seja nacional?
Dudu: No caso da CSN, apesar de o edital não obrigar ser um plano nacional, o fato é que foi uma conquista, já consumada e conquista não se tira. Assim como em outras empresas vimos que nossa base está perdendo outros direitos. Uma empresa do porte da CSN tem que ser exemplo, referência no plano de saúde. Mas hoje está gerando insatisfação.

aQui: O Vitor precisou deixar a liderança da chapa 3 porque não tem vínculo ativo com nenhuma empresa da base do Sindicato. Juridicamente falando, funcionários licen-ciados que recebem o benefício por incapacidade temporária do INSS ficam com os contratos de trabalho suspensos, fazendo jus apenas ao plano de saúde da empresa. A Comissão não criou impedimentos quanto ao seu nome?
Dudu: Em nenhum lugar do mundo o trabalhador pode ser prejudicado e discriminado por estar doente, e na grande maioria dos casos (as doenças) são os efeitos do trabalho. O estatuto no artigo 6, inciso I e VII me garante como apto, não pode é estar inadimplente com as mensalidades.

aQui: Sobre a comissão eleitoral, o senhor também acredita, que houve par-cialidade nas decisões para favorecer a Chapa 2?
Dudu: Olha a composição da comissão: presidente da Nova Central é secretário geral da Nova Central, do Partido PCdoB, o mesmo partido do candidato à presidência da Chapa 2, e da CUT só um. Então é só somar. Veja que na Chapa 3, 10 trabalhadores da CSN foram impedidos, alegaram que eles não tinham vínculos porque em abril foram demitidos, mas acolheram cinco demitidos na Chapa 2, que também foram demitidos em abril. Fica óbvia a parcialidade.

aQui: O senhor diz que a chapa 2 representa a ‘falsa oposição’. Como assim?
Dudu: São oportunistas, não estão preocupados com a categoria. Irresponsáveis. São responsáveis por estas 200 demissões. São falsos pelos dois grupos políticos que os compõem, mesma prática da direção de hoje. Acabaram com a categoria do Rio, praticam o extrativismo. O objetivo é fortalecer seu partido no Brasil e no mundo. Turma de aventureiros.

aQui: O senhor diz que a chapa 1 representa o peleguismo. Como assim?
Dudu: Ficaram de 2010 até hoje com as eleições canceladas, não prestam contas como obriga o estatuto. Fecharam as subsedes do sindicato, colocaram catracas na sede para impedir a entrada dos trabalhadores. Acordos por quatro anos; PLR de valores de 10 anos, das que ainda têm apesar da Lei 10.101; venda de patrimônio (sede na Amaral Peixoto) sem autorização das assembleias, sem transparência e hoje pratica os piores salários da região. Claro, não esquecendo o plano de saúde.

aQui: Como é que pretende manter o Sindicato sem o ‘dia da viúva’?
Dudu: Estimulando os trabalhadores a se filiarem ao sindicato. A contribuição sindical acomoda os sindicatos, assim como o nosso, que não trabalha, mas recebia quase dois milhões de impostos. Não fazem nada, pois não dependia das taxas associativas. Por isto o percentual de sócios reduziu de 65% para 25% e quando tem eleição há a dificuldades de montagem de chapas. É o que eles querem.

Artigo anterior
Artigo seguinte
ARTIGOS RELACIONADOS

LEIA MAIS

Seja bem vindo!
Enviar via WhatsApp