Roberto Marinho
Depois de ignorar vários pedidos do aQui para falar dos problemas ambientais que afetam Volta Redonda, o superintendente regional do Inea (Instituto Estadual do Ambiente), o ex-vereador Washington Granato, resolveu atirar contra tudo e contra todos em entrevista ao programa Fato Popular na manhã de quinta, 21. Inclusive contra o próprio Inea. “Eles não conhecem nossos problemas, não conhecem nossa realidade. Isso foi dito para o presidente do instituto (Philipe Campello, grifo nosso) e já chegou até o governador (Cláudio Castro)”, disse Granato, acrescentando: “Uma coisa que eu não posso deixar de ressaltar é que o governador não quer que se faça política com o meio ambiente”, afirmou, usando o espaço para atacar também a prefeitura de Volta Redonda.
É que, momentos antes, Granato anunciou que a prefeitura de Volta Redonda teria sabotado uma vistoria que o Inea faria à Usina Presidente Vargas, tendo classificado a suposta manobra do governo Neto como “política nojenta”. “Nós estávamos há um mês recebendo muitas denúncias e estávamos falando com as gerências (da CSN), para fazermos a visita do TAC (Termo de Ajustamento de Conduta). Vazou isso na semana passada, e a gente ficou um pouco estarrecido que o chefe do Executivo se antecipou, chamou a gerência ambiental da CSN para avisar que ia entrar e fazer uma vistoria. Fazendo aquela política nojenta, suja, que a gente não gosta muito de fazer, mas que é muito praticada no município de Volta Redonda. Chamou todo mundo, a mídia paga, que botou isso pra fora, e nós tivemos que recuar, porque como iríamos entrar se o município também vai entrar?”, justificou.
O estranho é que, ao colocar a culpa da inoperância da superintendência regional do Inea, um cargo político que ganhou por influência de políticos do União Brasil, na conta da prefeitura de Volta Redonda, Granato afirmou na entrevista que a CSN só poderia ser fiscalizada pela direção estadual do Inea. “A CSN, por ser uma grande planta, é (de responsabilidade) do Inea Rio, assim como as montadoras de automóveis (instaladas no Sul Fluminense, grifo nosso)”, disse. Ou seja, a fiscalização da prefeitura impediu ele, Granato, superintendente regional do Inea, de fiscalizar a CSN, mas a fiscalização da UPV não poderia ter sido feita por ele. Difícil entender, né?
Ainda segundo Granato, a vistoria feita pelos assessores ambientais da prefeitura de Volta Redonda, que teria durado “uma hora e meia ou duas horas”, não teria adiantado nada, porque o problema “seria muito mais complexo”, como definiu. Confrontado pelo apresentador Carlos Alberto Albertassi com a informação de que o programa teria recebido da população um retorno positivo sobre a vistoria da prefeitura, com a sensação de que a descarga de pó preto havia diminuído, Granato fez pouco caso. “Na minha casa, por exemplo, não melhorou nada”, disparou.
De positivo, o superintendente do Inea garante que conseguiu que o Inea passe a usar os medidores de qualidade do ar do próprio órgão estadual – instalando novos e consertando os que estão quebrados – porque até então as medições eram feitas com equipamentos da própria CSN. Também disse que pediu à presidência do Inea que autorize os funcionários da sua superintendência a entrarem na CSN “com poder de polícia” para fazer as fiscalizações. “Na próxima semana ou no início do próximo mês, nós vamos entrar lá e vamos ficar lá por dois ou três dias, procurando todas as condicionantes do TAC”, prometeu. Será que consegue?