sexta-feira, junho 2, 2023
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‘Tá osso’

Com registro de mais acidentes, problemas da Rodovia do Contorno seguem sem solução

Roberto Marinho

A Rodovia do Contorno segue assustando os motoristas que trafegam por ela e os moradores dos bairros no seu entorno. E com razão. No final do ano passado, por exemplo, três pessoas morreram em acidentes na via e, desde então, as redes sociais vira e mexe registram novos acidentes no trecho próximo ao Jardim Mariana. Na tarde de quarta, 19, mais uma carreta derrapou na pista. Sorte que ninguém morreu.
Mas não é só isso: em outro vídeo, um motorista, revoltado, afirma que o asfalto da rodovia está em péssimas condições. Para provar, ele filmou uma sequência de cinco carros parados no acostamento, à noite, com os pneus furados por causa dos buracos existentes ao longo da pista. “Olha a cratera que está aqui, e tudo escuro”, reclamou, indicando que se tratava do trecho próximo à entrada para o Santo Agostinho, no sentido Barra do Piraí. “Eu dei a volta (para filmar) porque me chamou a atenção o número de carros com o pneu furado por causa do buraco”, justificou. “Tá osso!”, completou.
Enquanto os usuários sofrem com a precariedade do asfalto, com a falta de iluminação, sinalização, e com a pista escorregadia, a novela sobre a quem cabe a responsabilidade da manutenção da Rodovia do Contorno segue indefinida. A Polícia Militar, segundo informações do comandante do 5o CPA (Comando de Policiamento de Área), coronel Marcelo Moreira Malheiros, está fazendo o bloqueio temporário do trevo no Jardim Mariana, em horários diferentes, para evitar mais acidentes no local.
“O objetivo da presença da Polícia Militar ali é funcionar como uma lombada eletrônica (radar, grifo nosso), para que os motoristas diminuam a velocidade, evitando mais acidentes, até que seja encontrada uma solução definitiva – a colocação de uma lombada eletrônica ou um redutor de velocidade”, afirmou o coronel Malheiros, salientando que o estado de conservação do asfalto também influencia no número de acidentes. “Aquele trecho precisa ser recapeado, é uma das causas dos acidentes”, pontuou, anunciando que vai promover uma reunião com a prefeitura, Dnit e Polícia Rodoviária Federal na próxima semana. “Nossa sugestão é de que seja colocada uma lombada eletrônica naquele trecho”, avaliou.
O empresário Mauro Campos Pereira, um dos pivôs do imbróglio, no entanto, viu no fechamento do trevo mais munição para atacar o prefeito Neto, seu desafeto histórico, e lançou nas redes sociais outro vídeo com o registro de um acidente, culpando a prefeitura pelo fechamento do trevo. “Infelizmente, tivemos mais um acidente na Rodovia do Contorno, entre o trecho do Jardim Mariana e o Trevo do Alphaville, sentido Dutra. Exatamente onde os moradores estão sendo obrigados a passar, pois a prefeitura fechou o trevo do Jardim Mariana. Mais uma prova cabal de que o nosso trevo não causou e nem causa acidentes. Pelo contrário, vem salvando vidas”, ponderou o empresário na sua postagem. Pelo visto, errou o alvo.
Para saber o que realmente está nas entrelinhas do caso, o aQui enviou uma série de perguntas para que Mauro Campos falasse sobre a construção do trevo, entre outras coisas. Veja abaixo a íntegra da entrevista:

aQui – Quando o trevo em frente ao Jardim Mariana foi construído?
Mauro Campos – Concluído em 2021, logo após a entrega do Empreendimento Jardim Mariana.

aQui – Havia autorização da prefeitura de Volta Redonda para esta obra?
Mauro Campos – O projeto de desmembramento das áreas, aprovado na Prefeitura, contemplava o acesso em asas de gaivota, que foi executado e existe lá hoje, conforme o Processo 12.771/18, de 25/out/2018. E no DNIT com processo DNIT 50607.0001
407/2018 – 31, de 29 de maio de 2018.

aQui – Foi apresentado à prefeitura de Volta Redonda algum estudo prévio sobre o trevo, antes da sua cons-trução? Em caso positivo, qual foi o parecer da administração municipal?
Mauro Campos – Não, pois é jurisprudência do DNIT, como noticiado por esse jornal em sua última edição e conforme despacho do Dnit nº SER – RJ/COENGE – CAF -RJ, Processo 50607.000186/2021-89, de 15/março/2021. SEI/DNIT – 7730634

aQui – O estudo prévio para a construção do trevo, caso exista, foi apresentado a algum outro órgão – estadual ou federal -, além da prefeitura de Volta Redonda? Qual foi o parecer desses órgãos?
Mauro Campos – Sim, ao Órgão competente, o DNIT. São vários despachos, sendo os dois citados mais importantes e com parecer favorável, despacho do Dnit nº SER – RJ/COENGE – CAF -RJ, Processo 50607.000186/2021-89 de 10/maio/2021. SEI/DNIT – 8135689 – Despacho e SEI/DNIT – 8504764 –

aQui – Por que o senhor considera que este trevo “salva-vidas”, conforme citado em postagens nas redes sociais? Aliás, quantas famílias moram no Jardim Mariana? Sabe dizer quantas têm veículo próprio?
Mauro Campos – O motivo pelo qual fizemos o investimento de quase meio milhão de reais foi exclusivamente para evitar acidentes no acesso dos empreendimentos. Isso é salvar vidas. Sem o trevo, os veículos atravessavam a pista para entrar e sair do Condomínio diretamente da Rodovia, onde a pavimentação se encontra precária e há excesso de velocidade de veículos pesados e de passeio. Hoje moram nos dois empreendimentos entregues em torno de 700 famílias. A informação dos veículos nós não temos, pois é muito variável e pessoal.

aQui – O Dnit, ou qualquer outro órgão municipal, estadual ou federal, já indicou em quais parâmetros deve ser construído um trevo em frente ao Jardim Mariana? Qual seria o custo desta obra?
Mauro Campos – O trevo de acesso aos empreendimentos foi feito baseado nas normas técnicas do órgão competente, o DNIT, e acompanhado pelo mesmo. O custo aproximado já citamos acima.

aQui – Acha que o prefeito Neto não vai lhe atender por questões técnicas ou políticas, já que vocês não se entendem de longa data?
Mauro Campos – A questão pessoal não é importante nesse momento. Não sei porque o prefeito não atenderia as reivindicações dos moradores, relacionadas à Rodovia, não posso responder por ele. Hoje, mais do que nunca, precisamos tratar como Prefeitura de Volta Redonda e Grupo Aceplan e focar em algo muito maior: o bem estar de nossa população.
O que sempre buscamos foi solucionar a questão do excesso de velocidade na rodovia. A prefeitura no governo anterior, do Samuca, pediu autorização ao Dnit e conseguiu colocar quebras molas na Rodovia do Contorno, no trevo de junção com a Rodovia dos Metalúrgicos. Porém, isso não ocorreu onde mais era urgente – mesmo com abaixo assinados em nome dos moradores e trabalhadores dos empreendimentos.
Para se ter uma ideia do montante e dos investimentos que trazemos, além do benefício do sonho do imóvel próprio: nos últimos 11 anos, trouxemos para Volta Redonda mais de 300 milhões de reais, em investimentos, 1.970 apartamentos entregues. Hoje, estamos construindo em torno de 108 milhões em investimentos, 600 aptos em obra. E temos ainda, na Caixa Econômica Federal, aguardando somente aprovação da prefeitura, mais 127 milhões em investimentos, 708 apartamentos.
Empregamos quase 300 funcionários, que sustentam suas famílias e movimentam a economia da cidade. Portanto, o que está em jogo são muitos empregos, impostos, geração de renda na economia do Município, famílias que querem comprar seu imóvel, com subsídio do Governo Federal e financiamento da Caixa. São fatores importantes demais para que divergências atrapalhem o desenvolvimento econômico e social de Volta Redonda.

aQui – Tem mais algum empreendimento a lançar ao longo da Rodovia do Contorno? O problema do Jardim Mariana vai se repetir?
Mauro Campos – Não há “problema do Jardim Mariana”. Há o problema primeiro de entendimento, quanto às questões do estado da Rodovia do Contorno, segundo as causas dos ACIDENTES, que ao nosso ver são EXCESSO DE VELOCIDADE e o péssimo ESTADO DA PAVIMENTAÇÃO. Quanto aos futuros empreendimentos, o crescimento de Volta Redonda será na zona sul da cidade, onde o índice de poluição é baixíssimo e a poucos quilômetros do centro, o resto é fantasia. As cidades do mundo crescem sempre ao longo das estradas, poucas cidades nascem do nada, como foram, por exemplo, Brasília, Las Vegas e Dubai. O que existem são medidas para minimizar os riscos, como nós o fizemos construindo pistas marginal e o trevo.

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