Por Pollyanna Xavier
O balanço financeiro da CSN no terceiro trimestre de 2024 (julho, agosto e setembro) acabou não agradando ao mercado. E não deve agradar ao ‘peão’ da Usina Presidente Vargas. É que a empresa reportou um prejuízo líquido de R$ 750,9 milhões, indicando uma piora de 237,3% em relação ao trimestre anterior. Pior, o fluxo de caixa também foi negativo, fechando em R$ 986 milhões, refletindo o menor desempenho operacional dos últimos meses. O lucro bruto acabou acompanhando os indicadores negativos e caiu 2,8 pontos percentuais na comparação com o segundo trimestre, atingindo R$ 2,7 bilhões. A explicação da CSN para o fraco desempenho no período se resume a um único ativo: mineração. No relatório divulgado, o braço de mineração do grupo siderúrgico obteve um lucro líquido de R$ 446,3 milhões no terceiro trimestre de 2024, representando uma queda preocupante de 62,81% com o igual período de 2023. A ameaça, segundo a própria CSN, vem de fora, e não é possível controlar: está relacionada aos baixos preços do minério de ferro no mercado internacional, especialmente na China, forçando a empresa a baixar os seus preços também. Por outro lado, a CSN enfrenta uma fraqueza interna, relacionada com o aumento nas despesas financeiras e maior desembolso com o imposto de renda.
Há ainda outro fator que pode ter contribuído para o fraco desempenho da CSN no período apurado, e que não se pode ignorar. Trata-se da variação cambial que elevou o custo da dívida da CSN em dólar, fazendo com que seu endividamento aumentasse 3,34 vezes, atingindo R$ 35,164 milhões. Na comparação com o trimestre anterior, a dívida líquida consolidada reduziu 2 pontos-base (basis points), mas ainda não foi suficiente para afastar a principal causa de preocupação dos investidores em relação às ações da empresa. Em Volta Redonda, o fraco desempenho da CSN no terceiro trimestre traz preocupação não apenas para seus funcionários, mas para a economia da cidade do aço. É que, durante as negociações do acordo coletivo deste ano, a CSN se comprometeu com o Sindicato dos Metalúrgicos que voltaria com o Programa de Participação dos Resultados (PPR) a partir de 2025. O problema é que o resultado financeiro ruim pode impactar negativamente no pagamento do benefício ou até mesmo adiar as negociações. Novos negócios já! A performance da CSN no terceiro trimestre de 2024, apesar de não ter sido satisfatória, pode servir para pressionar o grupo a colocar em prática um projeto antigo: a diluição dos seus cinco ativos (siderúrgica, mineração, cimentos, logística e energia) e a criação de novos negócios dentro dos que já existem. Se isso já tivesse acontecido, o resultado ruim da mineração não teria impactado negativamente no balanço financeiro de todos os demais. “Um ativo não sofreria influência do outro e, se um deles fechar no vermelho, como foi o caso da mineração, o resultado da CSN holding não será abalado”, avaliou uma fonte. Faz sentido.