Com o aumento da vacinação e o maior controle da pandemia, a Covid-19 deixou de liderar o ranking de mortes por doenças no país, apresentando queda de 97,5% entre janeiro e outubro de 2022 em relação ao ano passado. Em 2021, no período analisa- do, foram registradas 495.761 mortes causadas pelo novo coronavírus frente a 59.456 neste ano. No entanto, outras doenças, algumas delas relacio- nadas a sequelas da doença passaram a registrar cresci- mento diferenciado no país.
“Um retrato real das sequelas que a pandemia da Covid-19 deixou na população do nosso estado é o que mostram os dados levantados pelo Portal da Transparência, com números dos Cartórios de Registro Civil do Rio de Janeiro. Mesmo tendo diminuição dos óbitos pelo SARSCOV, houve crescimento de mortes por outras doenças, como pneumonia, doenças do coração e septicemia. A partir desses dados, é possível pensar em políticas de saúde pública e de prevenção a essas doenças”, explica Alessandra Lapoente,
presidente da Arpen/RJ.
Um número que chama
atenção no levantamento diz respeito às mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Entre 2019 e 2022, houve um salto de 360% nos registros de óbitos por esta doença respiratória. Em números absolutos, foram contabilizadas 405 mortes por SRAG nos 10 primeiros meses deste ano frente a 88 registros para o mesmo período de 2019. No entanto, em relação ao ano passado, houve diminuição de 76% no número de óbitos, quando houveram 1.027 registros de mortes por esta doença.
Outro exemplo é o aumento no número de óbitos por pneumonia, que passaram de 15.706 entre janeiro e outubro de 2021 para 18.381 no mesmo período deste ano. Já em 2020, foram 17.131 mortes pela doença nos 10 primeiros meses do ano, enquanto 2019 registrou 19.225 óbitos causados por pneumonia. O número de mortes pela doença apresentou aumento de 17% entre janeiro e outubro deste ano em comparação ao mesmo
período de 2021.
Outro crescimento que
ocorreu em 2022 foram as mortes por septicemia, que registraram aumento de 12,7% de janeiro a outubro de 2022 em relação ao mesmo período do ano passado. Neste ano foram computadas 19.025 mortes causadas pela infecção generalizada grave do organismo, enquanto em 2021 foram 16.879 óbitos no mesmo período. Já com relação a 2020, o aumento foi de 17,7% para o mesmo período.
Outro dado observado pelos números de óbitos registrados pelos Cartórios fluminenses está relacionado ao crescimento de mortes por doenças do coração entre janeiro e outubro deste ano na comparação com o mesmo período do ano anterior ao início da pandemia, principalmente aqueles oriundos das chamadas Causas Cardiovasculares Inespecíficas, que passaram de 8.977 em 2019 para 12.386 este ano, um aumento de 38%. Já as mortes por AVC subiram 6,9% na comparação entre 2022 e o ano passado.