‘Sem estigmas’

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A noite de segunda, 7, foi das mais quentes em Barra Mansa. A começar pela presença de Leonardo Picciani, ex-deputado federal, e presidente do diretório estadual do MDB, legenda que era comandada por Sérgio Cabral, Luiz Fernando Pezão e seu pai, Jorge Picciani (ex-poderoso presidente da Alerj). O emedebista esteve na cidade para convidar o presidente da OAB-BM, Noé Garcez, 40, a assumir o comando do diretório municipal do MDB em Barra Mansa. “Foi uma conversa muito franca, muito aberta, para participar da reconstrução do MDB, em Barra Mansa e no estado. Respondi positivamente, e só estamos aguardando formalizar a nomeação para entrarmos no diretório”, disse Garcez, durante entrevista exclusiva concedida ao aQui na manhã de quarta, 9.

Pontuando que, em 10 dias, a nomeação dele como novo presidente municipal do MDB estaria oficializada com a publicação do ato no Diário Oficial do Estado Rio de Janeiro, Noé contou que aceitou o convite para sair como pré-candidato a prefeito nas eleições de 2020. “O interesse é que o MDB tenha candidato nas eleições majoritárias, e eu me coloquei à disposição para isso”, detalhou, explicando que o prefeito Rodrigo Drable, que se elegeu pelo MDB, já está filiado ao DEM e seria candidato natural à reeleição.

Noé, aliás, explicou que nunca teve qualquer relação com Rodrigo a não ser institucionalmente. “Não temos relação nenhuma, a não ser institucionalmente. Eu representava a OAB de Barra Mansa nas reuniões do Pátio de Manobras, por exemplo. E sempre me posicionei favorável ao município, à comunidade”, afirmou, garantindo que não sabe qual a situação real do diretório de Barra Mansa. “Tem um diretório ativo porque o atual prefeito foi eleito pelo MDB. Mas acredito que é um diretório provisório”, pontuou, dizendo que está pronto para enfrentar o desafio de resgatar a imagem do MDB, manchada pela prisão dos seus principais nomes no Rio de Janeiro.

“Acredito que todo desafio é colocado conforme a altura do soldado. E para os melhores soldados se colocam os maiores desafios. Acho que o (Leonardo) Picciani enxergou qualidades em mim para enfrentar essa questão”, relatou, lembrando que todos os envolvidos (Cabral, Pezão e Picciani) estão afastados do partido”.     

Garcez também afirma não temer ter o nome associado à família Picciani, uma vez que o patriarca, Jorge, ex-presidente da Alerj, e o filho Felipe (irmão de Leonardo) foram presos por corrupção. “Não me traz constrangimento. As pessoas não podem criar esse estigma. O Leonardo teve vários mandatos como deputado federal e nunca teve nada contra ele”, disparou.    

Alianças

Destacando que nunca teve envolvimento com a política e frisando que nunca se filiou a qualquer partido, Noé Garcez afirmou que foram “lideranças e pessoas de bem de Barra Mansa” que levaram seu nome a Leonardo Picciani. Com isso, destaca, abriram-se espaços para que ele possa conversar com outros partidos tanto em Barra Mansa quanto em todo o estado do Rio. “A ideia é essa, ter um projeto plural. E isso, de forma concreta, já foi conversado com o Leonardo. A proposta é ter uma chapa mista para o Executivo”, afirmou.

Noé foi além. Disse que entre os partidos que pode procurar para conversar estão o Solidariedade, o PDT e o Cidadania (antigo PPS). “Temos que evoluir, mas as conversas já estão acontecendo”, pontuou. 

Quem ficou feliz com a notícia foi o presidente do Solidariedade de Barra Mansa, empresário Jackson Emerick. Ele admitiu até que o partido vinha mantendo um diálogo permanente com Garcez, chegando inclusive a convidá-lo para se filiar à legenda e concorrer à prefeitura. “Diante do novo cenário, o doutor Noé já nos convidou para uma reunião com vistas a uma possível aliança. Somos muito simpáticos a esse projeto, mas precisamos conversar internamente, pois já avançamos nos nossos planejamentos tanto no município quanto na estadual do partido”, explicou.

“Hoje mesmo, já o parabenizei por ter assumido o MDB de Barra Mansa, e estamos programando uma reunião com as direções dos dois partidos para reiniciarmos o debate em torno da eleição municipal”, anunciou Jackson. “Barra Mansa precisa de um projeto responsável e audacioso para trazermos de volta a alegria dos barramansenses e a motivação do nosso funcionalismo, que anda cabisbaixo”, teorizou.