
Há menos de um ano para as eleições de outubro de 2020, o ar de Barra Mansa começa a ficar carregado – de bons e maus fluidos. As previsões, por exemplo, dão conta que a cidade terá uma penca de candidatos à sucessão de Rodrigo Drable, hoje no DEM e que, certamente, buscará se reeleger. Além dele, os empresários Jackson Emerick e Bruno Marini, que já foram candidatos a deputado federal e estadual, respectivamente, já colocaram o bloco nas ruas. Outros ensaiam fazer o mesmo. É o caso de Antônio Cesar e Silva (Tuca do PDT), do capitão Abreu (PSL) e do advogado Noé Garcez (MDB).
Com tantos prováveis candidatos, quem pode estar rindo à toa é o atual prefeito Rodrigo Drable. É que a divisão de votos pode enfraquecer a oposição e fortalecer as chances de reeleição do atual prefeito. “Fica mais fácil para ele”, dispara uma fonte. Um dos seus adversários discorda. “É notório que o atual governo está tentando compensar a perda de votos atraindo lideranças. O eleitor de Barra Mansa tem o costume de não reeleger ninguém. Só o Roosevelt conseguiu”, pontua Jackson Emerick, do SD, referindo-se, entre outras, à aliança de Drable com Claudio Manes.
Em entrevista exclusiva ao aQui, Jackson confirma sua intenção de sair como pré-candidato e avisa. Não teme ser provocado por ter tido uma relação de amizade e aliança com o ex-deputado estadual Edson Albertassi. “Serei honesto com meus eleitores”, garante. Essa foi uma das fortes declarações que ele disparou durante a entrevista ao aQui.
aQui: O que o leva a manter sua pré-candidatura a prefeito de Barra Mansa?
Jackson Emerick: É um projeto antigo, e a cada eleição meu nome é lembrado internamente no partido. Creio que isso aconteça pela falta de liderança no município. Temos um grupo político, e nos reunimos constantemente fora do processo eleitoral, e, nesse grupo, existe uma resistência ao atual governo, e é natural que queiram apresentar um projeto alternativo. A gestão pública está cada dia mais complexa, muitas leis e normas, o que a torna muito técnica. Nesses últimos 20 anos, me preparei e me dediquei à gestão pública, e isso faz com que o partido me enxergue como um quadro estratégico. Com o apoio partidário que tenho, somando ao desejo de ser prefeito, resolvi aceitar o convite do partido. Me sinto preparado para a missão e quero apresentar propostas simples, criativas e viáveis para cidade. Fiquei honrado em ter tido o meu nome indicado pelo partido, e isso me leva a manter a pré-candidatura a prefeito.
aQui: O senhor acha que realmente terá condições de vencer a eleição, que terá, entre outros, as pré-candidaturas de Rodrigo Drable e Bruno Marini?
Jackson: “Uma escola de samba só ganha o carnaval, se for para avenida desfilar”.
Numa eleição não se pode subestimar ninguém. Todo candidato tem chances de vencer, pois cada eleição tem sua peculiaridade. Em 2000, o Ismael de Souza era deputado estadual, tinha apoio do governador Garotinho; do outro lado, tinha a ex-prefeita Inês Pandeló, com o PT em ascensão. E quem ganhou a eleição foi o Roosevelt Brasil, que tinha apenas 2% das intenções de voto. Isso prova que quem é candidato sempre terá chance da vitória. Vou fazer de tudo para me comunicar com clareza. Quero que minha mensagem toque o coração das pessoas. Com isso, acredito que poderemos vencer, mesmo que meus adversários pareçam fortes.
aQui: O senhor não acha que, com tantos candidatos, a vitória de Rodrigo Drable fica mais fácil?
Jackson: É importante ter diversas candidaturas. Geralmente quando aparecem muitos candidatos é porque não está sendo possível unificar as ideias. Todo político busca espaços para se expressar e apresentar seus projetos, e quando não consegue, acabam se lançando como candidatos. Em uma democracia não se pode inibir as candidaturas; o que se pode fazer é buscar alianças em torno de um único projeto. É o que tenho tentado fazer. Tenho mantido diálogo com diversos partidos e forças políticas de Barra Mansa, mas percebo que eles querem apresentar seus projetos. Caso não consiga uma aliança, terei que respeitar a decisão da maioria e ir para o debate das ideias com todos que registrarem suas candidaturas. Não vejo que a pulverização de votos coloque quem quer que seja em situação privilegiada. O governo tem o desgaste natural e isso limita seu crescimento. Vencerá quem conseguir levar uma mensagem clara e tocar no coração do eleitor.
aQui: O senhor sempre foi ligado ao ex-deputado estadual Edson Albertassi. Que peso essa ligação poderá ter, negativa ou positivamente, na sua campanha para 2020?
Jackson: Fui ligado ao deputado Albertassi e não negarei. Tenho que ser verdadeiro diante do eleitor, que não aceita mais ser enganado. Não sou inocente de achar que não terei desgaste por ter relação próxima, contudo eu não sou réu em nenhum processo, e nem pratiquei ato ilícito algum. Tentarei mostrar isso ao eleitor. Estou preparado para responder todos os questionamentos sobre minha relação com ele, e o farei todas as vezes que for questionado, com muita tranquilidade. Vou levar minha mensagem ao eleitor contando minha história de forma muita verdadeira. Mas minha história não se resume somente a esse período, fiz parte da campanha vitoriosa de Roosevelt Brasil em 2000, assumi a gerência administrativa da secretaria de Saúde de Barra Mansa no primeiro mandato do Roosevelt. Em 2004 fui candidato a vereador e em 2010, candidato a deputado federal. Não sou um desconhecido dos barramansenses; tenho uma história construída ao longo dos anos, e devo ser avaliado por minha conduta e por toda minha trajetória. Vou me apresentar ao eleitor nesse contexto e caberá a ele decidir.
aQui: O senhor chegou a se reunir com Cláudio Manes e o lançou como candidato do SD. Ele o desmentiu e, hoje, meses depois, ele promete apoio a Rodrigo Drable. Como explicar o que ocorreu?
Jackson: Nunca me reuni com o Cláudio a respeito desse assunto, apenas afirmei que ele estava filiado ao Solidariedade, e disse que, por uma questão de lógica eleitoral, se ele continuasse filiado ao partido, era natural que a vaga fosse dele, haja visto que teve expressiva votação na eleição passada, além de ter apoio do partido, inclusive o meu. Ele não gostou de minha declaração, respondeu de forma indelicada e, logicamente, deixou de ter o meu apoio e dos demais do partido, pela forma que nos tratou na resposta dada ao jornal. Não sei explicar o que ocorreu.
aQui: Para onde vão os votos do Cláudio Manes? Para o Rodrigo ou vão se dispersar?
Jackson: Essa conta é complexa de se fazer. Não acredito que 100% dos eleitores que votaram no atual prefeito estejam satisfeitos e repetirão seus votos, portanto ele tem perda dos seus próprios eleitores. O Cláudio também não conseguirá transferir todos os seus votos. É o ‘perde e ganha’ dos votos.
Quando um político busca lideranças pra apoiá-lo é porque sabe que não conseguiu manter seus eleitores ao longo dos quatro anos. Traz uma nova liderança para compensar os eleitores que perdeu. Pode até conseguir manter a votação, pelo fato de que trouxe novos líderes, mas quem está governando tem rejeição. E é notório que o atual governo está tentando compensar a perda de votos atraindo lideranças. Mas deve-se ressaltar que o eleitor de Barra Mansa tem o costume de não dar a reeleição. Só o Roosevelt conseguiu; nenhum outro político conseguiu.
aQui: O senhor terá apoio de quem? Dos evangélicos, de alguns partidos, de deputados estaduais e ou federais, de empresários…
Jackson: Tenho apoio do meu partido, do deputado Áureo Ribeiro, estou contando com o apoio do Gustavo Tutuca e da nossa nominata de vereadores. Não posso afirmar que tenho o apoio dos evangélicos; sou evangélico, é natural que pelo circulo de amizade boa parte dos meus votos venha desse segmento, mas apoio formal eu não tenho e nem a lei permite isso.
aQui: O SD não estaria forçando-o a se candidatar apenas para tentar eleger uma bancada forte na Câmara de Barra Mansa?
Jackson: É lógico que as estaduais de todos os partidos forçarão candidaturas em todos os municípios É bom para formar uma bancada de vereadores, e os partidos estão se preparando para 2022. Estão se organizando para atingir a cláusula de barreira. Dos 32 partidos existentes, 7 não atingiram e já perderam fundo partidário, tempo de TV e rádio, e estima-se que em 2022 mais uns 10 partidos não atingirão. Só sobreviverá quem for estratégico e investir em suas militâncias, e posso lhe afirmar que o Solidariedade já está fazendo bem o dever de casa. Temos o objetivo de vencer as eleições.
aQui: O senhor já começou a montar sua plataforma? Cite três exemplos do que pretende fazer…
Jackson: Nosso partido está debatendo um plano de governo sim. Um problema que incomoda a todos é a falta de emprego em Barra Mansa. Precisamos ser criativos em tempos de crise. Não podemos errar. A cidade não suporta mais a sucessão de erros cometidos pelos gestores. Já se gastou muito dinheiro público em duas áreas, e as duas estão abandonadas: a Zona Especial de Negócios e a antiga Edime-tal. Temos projetos fáceis de implantação que não demandam tanto recursos.
Outro ponto que nos incomoda é a desvalorização dos profissionais da educação; esses profissionais lutaram pelo Plano de Cargos e Salários que foi aprovado no governo do ex-prefeito Jonas Marins e foi ignorado pelo atual governo. Quando estive na Coreia do Sul constatei que só através do investimento na educação será possível transformar uma sociedade, eles só conseguiram ser o que são porque focaram na educação de qualidade.
Finalmente, temos que levantar a moral do funcionalismo. Os servidores estão cabisbaixos, desmotivados. Não podemos admitir perseguições. O funcionalismo precisa de respeito. A gestão precisa ser austera, mas nunca desrespeitosa. Daremos ênfase ao funcionalismo.