
Os moradores da 60 tiveram cinco dias de paz. Muita paz. Sentiram-se, literalmente, os mais seguros da cidade do aço diante da presença de milhares de soldados do Exército Brasileiro, que no período de 14 a 18 de novembro, ficaram acampados em área da Escola Técnica Pandiá Calógeras (ETPC), bem próxima da Floresta da Cicuta. O local virou uma espécie de área de segurança nacional, de triste lembrança, devido à greve de 88 na CSN, há exatos 31 anos, que culminou com a morte de três operários.
A paz para os moradores foi garantida com a montagem de uma barreira quase em frente à ETPC, contando com a presença de quatro soldados, bem armados. Tem mais. Viaturas, identificadas como sendo da Polícia do Exército, deixavam o ‘quartel’ (campo da ETPC) e eram vistas circulando pelas ruas do bairro, ou mesmo estacionadas em locais estratégicos pelas ruas da Vila Santa Cecília. Segundo uma fonte, nem mesmo o prefeito Samuca Silva foi informado da ação do Exército, batizada de ‘Operação Membeca 2019’.
Procurada na quinta, 14, véspera do feriado de 15 de Novembro, o Centro de Comunicação Social do Comando Militar do Leste enviou um release ao aQui na manhã de segunda, 18, explicando que tudo não passou de um exercício de adestramento avançado da 1ª Divisão de Exército – a ‘Operação Membeca 2019’. “É um exercício de adestramento avançado denominado ‘Operação Membeca 2019’, nas regiões de Volta Redonda, Quatis, Resende, Falcão e Pedra Selada, no período de 14 a 18 de novembro”, explicou, confirmando a presença de “cerca de três mil militares e 480 viaturas, dos mais diversos tipos, como as viaturas blindadas Gua-rani, peças de artilharia e helicópteros, em operações ofensivas e defensivas simuladas, em áreas urbanas e rurais, em um cenário fictício de guerra convencional”.
O teste deve ter dado resultados. É que um dos soldados, que fiscalizava os carros que passavam pela rua da ETPC, ao ser perguntado pelo repórter do aQui sobre a presença de tantos militares, limitou-se a dizer, “Estamos em guerra”, o que levou o jornalista a lhe dar votos de boa sorte.
A ação, segundo os militares, é tradicional – foi a primeira vez em Volta Redonda, se não for considerada a invasão da Usina Presidente Vargas em 1988. “Este treinamento tem sido tradicionalmente realizado com o objetivo de adestrar as Grandes Unidades, Grande Comando de Artilharia Divisionária e as Organizações Militares Diretamente Subordinadas à 1 DR na condução de operações militares, sendo parte do planejamento anual de instrução”, detalhou o Comando Militar do Leste na nota enviada ao aQui.
“Por meio de exercícios como este, a 1ª Divisão de Exército mantém-se sempre em condições de atuar na defesa da Pátria, na Garantia dos Poderes Constitucionais, da Lei e da Ordem e, também, nas diversas situações em que seja necessário o apoio do Exército Brasileiro à sociedade, como vem ocorrendo na mitigação dos efeitos do derramamento de óleo no litoral capixaba. Tropas da 1 DE, baseadas no Espírito Santo, têm participado ativamente dos esforços de limpeza do litoral daquele Estado, juntamente com as outras Forças Armadas, em apoio à Defesa Civil”, completa.
Greve de 88

Antes tarde do que nunca. Os vereadores de Volta Redonda promoveram na noite de quinta, 14, uma sessão solene para comemorar o 9 de Novembro, data marcada pela invasão de tropas do Exército à Usina Presidente Vargas, que terminou com a morte de três operários – William, Walmir e Barroso. O evento, que teve seu ponto alto com a entrega de medalhas a 11 homenageados, como o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Silvio Campos, aconteceu devido a um Projeto de Resolução do vereador Carlinhos Santanna.
Também foram homenageados: Décio Luna (Vair Duré); Luiz de Oliveira Rodrigues, o Luizinho (Granato), Joaquim Valdevino Nunes de Oliveira e João Nery Campanário (Carlinhos Santanna); Mario da Silva Nascimento e Mauro Lúcio Corrêa (Isaac); Luiz Rogério de Freitas (Pastor Washington); Adelmo Ribeiro Furtado (Paulinho Raio-X); Gilson Diniz (Jari Simão); e Anacleto Pereira de Azevedo (Rodrigo Furtado).