Por Edson Quinto
Faltando uma semana para o início da primavera, a estação das flores, nos deparamos com uma triste notícia, que tem relação direta com essa época: a morte de cerca de 50 milhões de abelhas em Santa Catarina, envenenadas por agrotóxicos. A mortandade aconteceu em janeiro deste ano, e a causa foi revelada agora, depois de uma investigação do Ministério Público catarinense. O principal suspeito é um um inseticida – o fipronil – que foi usado em lavouras de soja da região.
Apesar do fabricante atestar que o produto é seguro se usado de forma correta, o fipronil é proibido em diversos países, principalmente porque afeta diretamente as abelhas, atacando o sistema nervoso central dos animais. O detalhe é que Santa Catarina é o maior exportador de mel do Brasil, com um mercado estimado em pelo menos 15 milhões de dólares, e tem 90% da produção certificada como orgânica.
Com a morte em massa dos insetos, os produtores temem um colapso no mercado de mel catarinense, um risco real para o setor. Mas não é só a produção de mel que pode ser afetada. Outras culturas do estado, como a de maçãs, também podem sofrer o impacto da morte das abelhas, que são usadas na polinização das macieiras. O mercado de “aluguel de abelhas” no cultivo de maçãs movimenta cerca de R$ 3,2 milhões por ano em Santa Catarina.
A morte de abelhas, principalmente pelo uso de agrotóxicos, é um problema no mundo inteiro, e um sinal de alerta sobre a interferência do ser humano no meio ambiente. Um impacto direto disso é na polinização das plantas, sejam na natureza ou em cultivos. O descompasso entre os polinizadores – abelhas, morcegos e outros animais – e os vegetais pode quebrar um ciclo natural, com consequências imprevisíveis. Um dia, infelizmente, talvez vejamos uma primavera sem flores por causa disso.
Vamos nos mobilizar para que isso não aconteça.