quinta-feira, março 28, 2024

Nunca mais

Márcia Cury espera que casos de falsos profissionais não ocorram mais; Renan defende prisão

Mateus Gusmão

Desde que o aQui divulgou, com exclusividade, a presença de um falso enfermeiro nos hospitais do Retiro e São João Batista, o tema virou assunto obrigatório no meio médico e político. Não é para menos. E muita gente estranhou o silêncio de Márcia Cury, diretora-administrativa do HR, pois o rapaz exercia ilegalmente a função de enfermeiro – no setor de Classificação de Risco – na unidade comandada por ela. O que pouca gente sabe é que Márcia estava em viagem ao exterior, de férias, quando o caso eclodiu.
Procurada pelo o aQui, Márcia abriu o jogo: disse que não sabia que o falso enfermeiro usava o sobrenome Cury e prometeu reforçar os processos internos de contratação. Disse também que espera o final da investigação para avaliar como foi feita a contratação do rapaz. Questionada sobre como reagiu à notícia, Márcia foi sucinta. “Com muita preocupação e tristeza”, disse, ressaltando que o caso será tratado internamente até a apuração final dos fatos. “Mas, sem dúvidas, medidas já foram e serão tomadas para que isso não se repita nunca mais”, completou.
Segundo ela, após o caso, o Hospital do Retiro terá um controle ainda maior na checagem de documentos, entrevistas e demais passos no processo de contratação de quem quer que seja. Perguntada como foi a contratação do falso enfermeiro e se ele teria sido indicado por alguém, a diretora saiu pela tangente. “Foi um processo dentro do que até então era o procedimento normal. Ele é um falsário, burlou a lei usando documentos falsos, currículo falso. Infelizmente, vemos isso em outros lugares. Vamos aguardar a apuração final do caso e aí poderei falar disso com mais propriedade”, completou, ressaltando não saber que ele usava o sobrenome Cury.
Quem também falou sobre o caso foi o vereador e comunicador Renan Cury. Ao apresentar o programa Dário de Paula na segunda, 2, ele repercutiu a informação do aQui sobre o falso enfermeiro se passar por seu parente. “A nível de curiosidade, antes do jornal aQui publicar em primeira mão essa notícia do falso enfermeiro, eu recebi uma mensagem da direção do Hospital São João Batista perguntando se eu tinha algum parente trabalhando no hospital”, disse, ressaltando que não tem parentes trabalhando na prefeitura de Volta Redonda.
“Eu questionei até qual era o nome da pessoa e pedi uma foto pra saber se o rapaz era meu parente mesmo. Eu nunca vi esse rapaz”, comentou, ressaltando que o falso enfermeiro se passava realmente como seu parente. “Às vezes, para tentar coagir, sabendo que sou vereador e comunicador, às vezes para tentar tirar alguma vantagem. Eu respondi que não era meu parente e mesmo que fosse – se não está fazendo o serviço direito – tem que ser mandado embora”, completou.
Renan foi além e defendeu a prisão do falso profissional, que segue sendo procurado pela Polícia Civil. “Ele tem que ser preso. Mas não por dizer que era meu parente ou parente da Márcia Cury. As pessoas estão cansadas de contar mentiras por aí. Pode mentir à vontade dizendo que é parente. Agora, trabalhar em uma profissão que lida com vidas, não tendo aptidão para isso, não sendo formado, é crime. E o que esse rapaz fez falsificando nome, falsificando profissão, é crime contra a população de Volta Redonda”, completou.
A reportagem também procurou o Coren (Conselho Regional de Enfermagem), que disse que o caso foi descoberto após denúncias. E que foi fácil identificar que o rapaz não era realmente enfermeiro. “Em consulta ao nosso Sistema de Registro, foi certificado que a pessoa não era inscrita nesta autarquia profissional, portanto, não poderia exercer a profissão de enfermagem. Imediatamente após a referida certificação, a Equipe de Fiscalização realizou diligência nas unidades de saúde para a confirmação da ocorrência, e o respectivo registro na delegacia de polícia local para as devidas providências”, disse em nota o órgão.

 

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