Por Pollyanna Xavier
Parece piada, mas não é. Edimar Miguel, presidente em exercício do Sindicato dos Metalúrgicos, não teria depositado a 2a parcela de um acordo extrajudicial realizado pelo G5 com a MAN, em favor dos trabalhadores da Racing – uma terceirizada da montadora que deixou a empresa no mês passado depois de quase dar um calote trabalhista em seus funcionários. O acordo foi assinado em abril e favoreceu mais de 300 trabalhadores com o pagamento de verbas rescisórias, incluindo FGTS. Os valores foram divididos em sete parcelas, e a de junho, que deveria ter sido depositada na conta dos operários no dia 3, ainda não teria sido repassada aos trabalhadores.
Segundo apurado, os valores seriam da ordem de R$ 3 milhões. Na última semana, choveram reclamações e cobranças no WhatsApp dos diretores que integram o G5, todas exigindo uma posição do grupo de oposição a Edimar sobre o pagamento. “Gostaria de saber a previsão para o depósito da segunda parcela do nosso acordo”, perguntou um operário. “Não recebi a parcela da rescisão do acordo com Volks e a Racing”, reclamou outro. “Queremos uma posição sobre o pagamento do acordo, algumas pessoas
receberam, outras não. O que aconteceu?”, questionou outro.
Pelo que o aQui apurou, cerca de 25% dos 436 contratos teriam recebido a segunda parcela das verbas rescisórias; o restante, não. De acordo com Leandro Vaz, diretor jurídico do Sindicato, o dinheiro teria sido depositado na conta de um advogado pessoal de Edimar, conhecido pelo nome de Dr. Júlio. Aos poucos, ele estaria liberando o pagamento, “mas sem critério e sem organização”, detalha Leandro, explicando que em março participou da elaboração do acordo do G5 com a Racing e foi uma vitória para os trabalhadores, já que permitiu o recebimento dos direitos trabalhistas e das verbas rescisórias.
Na época do acordo, o G5, liderado pelo então presidente do Sindicato, Odair Mariano, contratou um escritório de advocacia para gerir as negociações e facilitar o recebimento dos valores pelos trabalhadores. Porém, em abril, quando Edimar retomou a direção do Sindicato, ele rescindiu o contrato com o escritório de advocacia, criticou o acordo e tentou derrubá- lo, alegando que os trabalhadores estavam perdendo 15% dos valores, para pagamento de título de honorários advocatícios. Disse que o G5 teria agido de má-fé contratando os serviços de advogados fora do Sindicato, já que a entidade tem um departamento jurídico forte.
O problema é que, depois de dispensar os serviços dos advogados contratados pelo G5, Edimar não teria repassado o acordo para o jurídico do Sindicato gerir. O próprio Leandro Vaz, que é o diretor jurídico, garante que não teve acesso aos pagamentos. “A primeira parcela foi paga antes do prazo. Agora, a segunda parcela, depois que Edimar assumiu, está em atraso. Com o não repasse ao trabalhador, o Sindicato pode ser autuado e pagar uma multa de R$ 900 mil por esse atraso”, explicou Leandro.
Procurados, Edimar e Dr. Júlio, até o fechamento desta edição, ontem, sexta, 14, não responderam ao jornal. O espaço continuará aberto para eles se manifestarem e explicarem o caso.