Não foi um longo bate-papo, nada profundo, por sinal, mas pode-se dizer que os leitores do aQui vão ficar conhecendo um pouco mais de quem tanto gostam, afinal, Neto, cumprindo o seu quarto mandato à frente do Palácio 17 de Julho, foi eleito com mais de 80% dos votos nas eleições de 2020. Em entrevista exclusiva para comemorar os 68 anos de Volta Redonda, que serão completados amanhã, domingo, 17 de julho, o chefe do poder Executivo conta detalhes de sua infância, fala dos seus sonhos, mas não dá detalhes do que pretende fazer no futuro.
aQui: O que lembra da infância em VR?
Antônio Francisco Neto: A lembrança que mais me marca é da gente pegando bala no bar do Baiano, embaixo de casa, na Amaral Peixoto, perto de onde é a Neto Esportes. A gente tinha crédito do aluguel lá e podia pegar doces. Eu, meus irmãos e minha turma pegávamos muitos doces. Tinha um pudim de coco que era uma delícia. A Amaral Peixoto era bem diferente.
aQui: Estudou em quais escolas?
Neto: Estudei a vida toda no Macedo Soares.
aQui: Matava aulas?
Neto: Não tinha esse hábito, mas adorava fugir para ir nas Lojas Americanas para comer um cachorro-quente que tinha lá. A farra de ir e voltar rápido era mais gostosa do que o próprio cachorro-quente.
aQui: O que lembra dos tempos da juventude?
Neto: O que mais me marcou foi o time de futebol de salão que tinha (escalação): Joaquim, Coquinho (Máximo), Raimundão, Paulo Sérgio Carraro (Chicletinho), Jojô e eu. Era o time do Macedo, que representava a escola.
E a formação do ‘Cervejinha, Futebol e Purrinha’, que era um time de futebol, que virou bloco carnavalesco. Olha a escalação: Rael e Mario Vitor; Zé Luiz AP, Amaro, Cláudio Pulmão, Márcio da Rosália e eu; Arides, Batata, Haroldo de Carvalho, Nelson, Pida e Barata. Tinha ainda o Geraldo, Cebolão, entre outros amigos.
aQui: Fez faculdade?
Neto: Estudei até o quarto ano de engenharia civil, mas depois assumi a loja da família e deixei o curso.
aQui: O que fazia para se divertir durante o dia e à noite?
Neto: Nosso programa preferido era ir aos bailes. Nos sábados à tarde nos reuníamos em um bar na frente do Posto AP da Amaral Peixoto para jogar purrinha e pontinho.
aQui: E no carnaval, o que fazia? Era folião de verdade ou nem sabe sambar?
Neto: Eu era muito folião e sou ainda. Foi quando transformamos o ‘Cervejinha’ em bloco e tinha desfile. Tinha como rivais o “Sai quem pode”, cujo presidente era o Jovaci, e ‘Os Caretas’, do Pedrinho da Sessenta. Foi a partir deste bloco que surgiu o grupo que viria a me lançar candidato pela primeira vez.
aQui: Participou de brigas com os jovens de Barra Mansa? O que acha hoje da rixa que existia?
Neto: Não era de rixa, pois tinha amigos muito bons por lá. Sérgio Lacerda, Altivo, Paulo Gil e João Carlos Monlevad. Mas tinha essa rixa mesmo, eu que não era de briga.
aQui: Já correu da ‘rapinha’ (polícia) da CSN? Lembra o que fez?
Neto: Na época da ‘rapinha’ eu era muito novo.
aQui: Desfilava no 7 de setembro? Por quais escolas?
Neto: Desfilava. Fazia questão de desfilar, pois sempre foi uma festa com os amigos.
aQui: Ia a boates ou ficava apenas nos clubes?
Neto: Ia aos dois. O Comercial era minha segunda casa.
aQui: Era mesmo bom de bola ou só ficou famoso com a bola nos pés depois que virou prefeito?
Neto: Fui um craque na lateral esquerda. Pode perguntar a quem quiser. Pelo contrário, depois que virei prefeito fui me afastando mais dos gramados. Mas eu era muito bom de bola (risos).
aQui: Já sonhava em ser prefeito? Chegou a tentar ser vereador (quantos votos teve)?
Neto: Sempre sonhei em ser útil para Volta Redonda e foi isso que me motivou a entrar na política. Desde então passei a sonhar que seria prefeito. A gente sabe o tanto que é difícil se tornar uma pessoa pública, das pedradas que vêm, mas também aprendi que só assim poderia realizar o sonho de trabalhar com maior intensidade pela cidade que eu amo. Nunca tentei ser vereador, pois muito jovem fui eleito deputado estadual, em 1986, quando eu tinha 28 anos.
Meu grupo me escolheu para ser candidato e achamos que deveria ter um federal na chapa. Chamamos o senhor Porfírio Almeida, mas ele não aceitou. Chamamos o Zé Luiz de Sá e acabamos ambos eleitos.
aQui: Até virar prefeito, já tinha ido à Usina Presidente Vargas? Lembra se alguma coisa chamou a sua atenção?
Neto: Só entrei na Usina depois de prefeito.
aQui: Compare Volta Redonda antiga com a Volta Redonda de hoje.
Neto: Eu amo todas as duas e ainda mais a que quero deixar para nosso povo no futuro.
aQui: Qual foi o melhor momento que viveu na cidade? E o pior?
Neto: O pior foi, sem dúvida, ver o que fizeram com essa cidade na gestão passada. Eu temia não conseguir dar a volta por cima, mas felizmente tivemos ajuda de boas pessoas e a sorte de ter um povo diferenciado. E aqui fica nosso agradecimento ao nosso governador Cláudio Castro, ao André Ceciliano e a todos que acreditaram em nossa cidade. Os melhores momentos foram muitos: a inauguração do Hospital do Retiro, do Estádio da Cidadania, da Radial Leste, do Centro de Alzheimer são alguns deles. Espero trabalhar muito para ter novamente momentos como estes.
aQui: Se alguém for conhecer Volta Redonda pela primeira vez, o que lhe indica para fazer?
Neto: Ir no nosso Zoológico, no Estádio da Cidadania, na nossa feira livre. Conhecer o Memorial Zumbi, o Parque do Ingá. Temos ótimos restaurantes, bons bares, sem dúvida a melhor vida noturna do Sul Fluminense.
aQui: Nesses 68 anos, o que de melhor aconteceu em Volta Redonda? E de pior?
Neto: Foram muitas coisas boas que nossa cidade vivenciou e outras ruins. Acho que cada época tem seus melhores e piores momentos.
aQui: Infelizmente muitos jovens volta-redondenses precisam deixar Volta Redonda para buscar empregos de melhor qualidade. Como manter esses filhos da terra no município?
Neto: Aprovamos na Alerj uma lei que torna Volta Redonda novamente competitiva para buscar novas empresas. Agora, estamos arrumando terrenos que possam abrigar estas empresas. Estamos tentando de todas as formas. Felizmente, temos visto que o cadastro de empregados e desempregados do governo Federal aponta um volume maior de empregos gerados sobre o de vagas fechadas. Mas claro que não é suficiente.
aQui: A família Neto tem fortes ligações com a Amaral Peixoto, uma das mais importantes da cidade. Como a família se estabeleceu por lá? Como era antes da chegada de vocês? E como ajudaram no seu desenvolvimento?
Neto: A maior ligação era com a Gustavo Lira, onde eu morava primeiro. Não tenho uma unha inteira de tanto jogar bola nas ruas de paralelepípedo e na terra. Na Amaral Peixoto foi onde estabelecemos o comércio. Ainda estava começando tudo ali, a rua também era de paralelepípedo. Na verdade, foi Volta Redonda que nos ajudou e tudo que a gente fizer para retribuir ainda é pouco.
aQui: A Feira da Primavera sempre foi uma festa tradicional da cidade. Com o tempo, acabou sendo descaracterizada. O que pode ser feito para resgatar essa tradição?
Neto: Meu sonho é voltar com aquela Feira da Primavera antiga, das gincanas. Antes de terminar esse mandato, vamos fazer uma e chamar os jovens do passado para me ajudar.
aQui: São tantos anos dedicado à política e a Volta Redonda que a vida pessoal ficou em segundo plano. O que o Antônio Francisco Neto gosta de fazer quando não está trabalhando como prefeito?
Neto: Gosto de estar com os amigos, conversar, rir, brincar. Comer algumas coisas. Eu não bebo bebida alcoólica, então gosto mesmo de beliscar. Não gosto de sair de Volta Redonda, viajo pouco. Gosto mesmo é de ficar aqui com os amigos.
aQui: O que pretende fazer no futuro?
Neto: Quero concluir esse mandato não só deixando uma cidade melhor do que eu encontrei, mas no gosto do nosso povo. Depois disso, vamos ver o que acontece.