terça-feira, dezembro 3, 2024
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Naturalmente crespos

Na quinta, 25, a Fundação Cultura de Barra Mansa, em parceria com a gerência de Promoção da Igualdade Racial, comemorou o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e o Dia de Tereza de Benguela. Para marcar a data, a FCBM preparou uma edição especial do projeto Afrosaberes, em homenagem às mulheres. O projeto busca ampliar os espaços das salas de aula para dialogar sobre luta e empreendedorismo, como também o enfrentamento da violência contra a mulher, sob a perspectiva da mulher negra.

 

Faz sentido. É que, apesar de corresponder a 54% dos brasileiros, segundo dados do IBGE, a população negra ainda luta para eliminar desigualdades e discriminações até hoje. No Brasil, por exemplo, o Dia da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha só foi, oficialmente, reconhecido em 2014, por meio da Lei nº 12.987/2014. Tereza, para quem não sabe, foi líder do Quilombo de Quariterê, no Mato Grosso, no século 18.

 

Diante da importância da data, o aQui apresenta nesta edição o programa ‘Criativos da Escola’, do Instituto Alana (de São Paulo), e vários projetos transformadores feitos por estudantes do ensino fundamental ou médio que promoveram reflexões sobre a luta que as mulheres negras enfrentam no dia a dia em todos os seus ambientes (escola, trabalho e família), sendo impactadas por um preconceito duplo, de gênero e de raça.

 

Tudo começou quando, ao perceberem que muitas jovens negras recorriam ao alisamento de seus cabelos para tentar escapar de comentários racistas, três alunas do Ensino Fundamental da Escola Estadual Profª Leila Mara Avelino, em Sumaré (SP), se mobilizaram para dar um basta à situação. Era o início do projeto “Cabelo, autoestima e construção da identidade da menina negra”, um dos 11 premiados da 4ª edição do Desafio Criativos da Escola.

 

A iniciativa surgiu com a aplicação de uma pesquisa entre colegas, e os dados levantados entre os 317 estudantes do colégio deixaram as meninas estarrecidas: 48% dos alunos afirmaram ter feito piadas sobre o cabelo das colegas, e 30% das alunas declararam ter sido vítima dessas atitudes.

 

Outro dado que chamou a atenção foi a negação da própria identidade entre os jovens. Apesar de formarem a maior parcela dos estudantes, apenas 18% se declararam pardos e 23% pretos. Paralelamente às pesquisas, as jovens criaram o clube juvenil “Naturalmente Cacheadas”, um espaço de diálogo sobre autoestima, empoderamento e incentivo para que as garotas assumam a beleza natural dos seus cachos.

 

O projeto fez tanto sucesso que as idealizadoras têm sido convidadas para palestrar em universidades e em seminários nas cidades vizinhas, além de firmarem parcerias com grupos como “Ponto de Cultura e Memória Ibaô” e com a “Pastoral do Negro”. Recentemente, o grupo soube que inspirou uma escola em Campinas (SP) a realizar ações semelhantes. Já a pesquisa, inicialmente um projeto escolar, virou um projeto de iniciação científica, com direito a financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), e foi expandido para outras quatro escolas de Sumaré.

 

Conheça abaixo outros sete casos protagonizados por crianças e jovens que abordam a valorização da mulher negra na sociedade e que também foram destaque nas premiações do Desafio Criativos da Escola:

‘Minas na Ciência’: alunas de São Miguel das Matas (BA) criaram um aplicativo, jogo da memória e outros materiais para evidenciar o trabalho de mulheres cientistas (inclusive brasileiras e negras). Agora, ocupam diferentes eventos e espaços na cidade disseminando conhecimento.

 

‘Meu cabelo é um ato político’: alunas negras de Maracanaú (CE) se reúnem mensalmente e promovem ações contra o racismo dentro e fora da escola.

 

‘Lugar de mulher é onde ela quiser’: estudantes do Rio de Janeiro (RJ) utilizam a arte para educar a comunidade escolar sobre os direitos das mulheres.

 

‘Bonecas Negras, Cadê?’: estudantes de Serra Preta (BA) produzem e distribuem bonecas negras, elevando autoestima de alunas e fomentando o debate sobre racismo na escola.

Danças Ancestrais’: para valorizar a cultura quilombola, estudantes de comunidade em Candiba (BA) criam grupo de dança de ritmos africanos.

 

‘Crespianas’: estudantes de Senador Pompeu (CE) provocam discussão sobre representação negra e questionam estereótipos de beleza.

 

‘Solta esse Black’: alunas do Rio de Janeiro (RJ) formam um coletivo para empoderar garotas e combater machismo e racismo dentro da escola.

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