Desde o fim do ano passado, o Sindicato do Funcionalismo Público de Volta Redonda (SFPVR) virou uma verdadeira casa da Mãe Joana em torno de uma disputa entre líderes sindicais que tentam tomar o poder. O atual presidente, Ataíde de Oliveira, acusado de mudar o estatuto para permanecer comandando o órgão, vinha sofrendo ataques de todos os lados – inclusive dos diretores que renunciaram recentemente ao cargo, mas dava a entender que era intocável, que sobreviveria a tudo e a todos.
Ledo engano. Na noite de terça, 12, Ataíde foi deposto durante assembleia extraordinária dos servidores, graças a manobras de principal desafeto, Ronaldo Rodrigues. Para que isso fosse possível, seguindo formatação típica das sessões da Câmara, onde ocorreu o encontro, os integrantes da Mesa só precisaram perguntar aos presentes se aceitavam ou não a destituição de Ataíde do cargo de presidente do SFPVR.
Como não houve nenhuma manifestação contrária, a exoneração de Ataíde foi considerada aprovada. E como não poderia deixar de ser, Ronaldo, que assumiu ser pré-candidato a presidente em uma eventual eleição, comemorou. “A assembleia aconteceu de forma pacífica, e a pauta foi aprovada por unanimidade. A atual diretoria foi destituída pela assembleia, bem como todos os atos praticados desde o momento que o mandato terminou, em 2017”, contou.
Outro tema tratado pelos servidores foi justamente a realização da Assembleia que prorrogou o mandato de Ataíde até 2021. Os presentes consideraram o evento nulo, pois aconteceu em um dia de festa e, conforme denúncia feita pelo próprio Ronaldo, os servidores teriam sido levados a assinar a ata daquele dia, aprovando as mudanças no estatuto do SFPVR. Se não o fizessem, alega o ex-assessor, não participariam de um sorteio de um carro zero quilômetro. “Quero agradecer a cada colega servidor que contribuiu para que o estatuto fosse respeitado e que a democracia de um processo eleitoral fosse aberto. Acredito que cumprimos nosso objetivo e atendemos ao anseio da categoria. Hoje, através da união e bom senso, deixamos claro que o Sindicato é nosso. Não poderíamos permitir que os nossos representantes no sindicato continuassem contrariando a democracia. Não vejo, até hoje, razão para que a atual diretoria possa ter prorrogado seu próprio mandato”, justificou Ronaldo.
A categoria aprovou ainda a criação de uma Junta Governativa, composta por entidades sindicais consideradas de grau superior para cuidar dos trâmites que poderão – ou não – acabar com o poder de Ataíde de uma vez por todas. “É a junta governativa que estará administrando o sindicato para conduzir os trabalhos e o processo eleitoral. O prazo estatutário é de 120 dias, para que seja aberta a eleição. A junta governativa atuará de forma imparcial, transparente e democrática”, garantiu Ronaldo.
Farão parte da Junta a União Geral dos Trabalhadores (UGT), a Federação dos Sindicatos dos Servidores Públicos e Estaduais do Rio de Janeiro (Fesperj) e a Confederação dos Servidores Públicos Municipais (CSPM). Uma fonte que compõe o grupo encabeçado por Ronaldo não soube dizer quais seriam os representantes dessas entidades, mas explicou que a ata da assembleia de terça, 12, será registrada em juízo, para que a Junta possa tomar posse e iniciar os procedimentos para administrar o sindicato, conforme determina o estatuto. “Vamos encaminhar [a ata] para o ex-presidente Ataíde, para que ele se retire imediatamente do sindicato!”, completou.
O aQui tentou entrar em contato com Ataíde de Oliveira, mas ele não foi encontrado. Inclusive, o telefone do Sindicato chamou até cair na Caixa Postal. Uma fonte garantiu que a entidade, desde terça, não funciona. “Ataíde não quer ser notificado, por isso nem tem aparecido por lá”, disparou.