quarta-feira, fevereiro 12, 2025
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Moradores de Niterói querem ter vagas exclusivas em área pública

Por Mateus Gusmão

“Ao estacionar na rua, deixe uma vaga para o morador”. Esses são os dizeres de uma das placas penduradas em mais de 10 residências da Rua São Vicente de Paula, no bairro Niterói, das mais tradicionais de Volta Redonda. Mais conhecida há anos como a ‘rua das luzes de Natal’, ‘do Papai Noel’. O recado tem um motivo simples: os moradores querem garantir que, ao chegar em casa, tenham – além de vaga nas suas próprias garagens – a chance de estacionar seus carros na rua. A via é de mão única e pode-se estacionar dos dois lados. O caso, é claro, gerou polêmica. Só que a estratégia é defendida pela Associação de Moradores da localidade. A placa chamou a atenção de muitos motoristas que tentam estacionar seus carros na via. A medida estaria sendo interpretada como uma tentativa de “ocupação indevida de área pública”. A presidente da associação de moradores, Cláudia Freitas, defende a ‘reserva de vagas’. “O que está acontecendo com a Rua São Vicente de Paula? Ela virou um grande estacionamento. E aqui é uma área residencial, estritamente residencial. Tem gente que chega aqui às 7 horas e só tira o carro às 19 horas. O morador chega e não tem como parar o carro na frente da casa dele, porque todo mundo estaciona na via”, justifica Cláudia.
Segundo ela, ainda houve um agravamento: o comércio na Avenida Nossa Senhora do Amparo aumentou muito, e a via não oferece vagas de estacionamento suficientes a lojistas e clientes. “Então, as pessoas adentram a Rua São Vicente”, completou. “Tem gente que trabalha em Itaguaí e deixa o carro de dia e só tira à noite. Nós temos o direito de reclamar. Nós pagamos um IPTU altíssimo e não podemos parar nas portas de nossas casas? Isso é só um aviso. É claro que as pessoas podem parar na rua, não tem ninguém proibindo. Agora, você não ter direito de parar em frente à sua casa é um absurdo”, completou. Cláudia, entretanto, garante que nenhuma pessoa está proibida de estacionar nas ruas do bairro. Mas faz um alerta: deixem uma vaga para o morador. “A Associação de Moradores concorda plenamente. Ninguém está proibindo ninguém de parar. Só pedimos para deixar uma vaga para o morador. Às vezes, a gente chega para fazer algo de 10 minutos em casa e tem que abrir garagem, botar o carro para dentro”, justificou. Pelo que o aQui apurou, não é bem assim. Uma jovem, que não será identificada por exigência dela, quase foi agredida por um morador ao estacionar na Rua São Vicente de Paula. “Assim que eu estacionei, apareceu um senhor gritando que eu não podia parar na frente da casa dele. Eu, de forma educada, disse a ele que a vaga era em área pública e isso o irritou. De dedo em riste, me ameaçou. Com medo, preferi ir embora. Um absurdo. Já imaginou se isso vira moda? Já pensou se os moradores da Vila fazem o mesmo?”, comparou.

Famosa no Natal
A Rua São Vicente de Paula é muito conhecida na cidade como a ‘rua das luzes de Natal’. Ou ‘rua do Papai Noel’. É que durante décadas os moradores se unem para decorar suas casas para as festas natalinas. O local acaba recebendo visitantes de toda a cidade. Nesse período, a Prefeitura de Volta Redonda permite que os moradores coloquem cones e fitas zebradas nas vagas de estacionamento para que os visitantes andem mais à vontade e possam parar em frente às casas para ver os enfeites. Este ano, entretanto, a via não foi enfeitada por completo. Diversas casas não aderiram à tradição de Natal. Só que moradores de pelo menos 11 casas usaram as fitas zebradas para garantir as vagas de estacionamento. Para eles. A Prefeitura de Volta Redonda foi procurada para falar do caso e informou que os moradores que enfeitaram suas casas – em comum acordo com a Guarda Municipal – tiveram realmente autorização para colocar os cones e as fitas para que visitantes não estacionassem e atrapalhassem a visualização das casas. “Mas isso era apenas no período natalino, ninguém tem autorização para manter. Se alguém estiver fazendo isso, vamos tirar”, informou o Palácio 17 de Julho. A presidente da Associação de Moradores do bairro, Cláudia Freitas, também garantiu que cones e fitas já não estão mais sendo usados. “Nós sempre fizemos a rua de Natal. Há 33 anos que fazemos. Durante esse período, colocávamos o cone para que as pessoas pudessem ver a ornamentação. O trânsito aqui aumentou muito, porque muitas pessoas cortam caminho por aqui. Há muitos anos conseguimos essa autorização de colocar cones para que as pessoas pudessem circular. Em 33 anos, ninguém reclamou. Esse ano apenas uma pessoa reclamou e eu respondi”, garantiu.

Voltando ao foco original
Desde que o coronel Luiz Henrique Monteiro Barbosa, secretário de Ordem Pública, chegou a Volta Redonda, em 2009, um dos seus objetivos foi transformar a Guarda Municipal em uma espécie de polícia municipal. Inflou as atribuições da corporação, que passou a trocar lâmpadas, podar e cortar árvores, retirar bancas de jornais etc. Seus GMs passaram a combater crimes e Luiz Henrique conseguiu até garantir porte de arma para parte dos guardas. Agora, em comunicado enviado aos grupos de WhatsApp do projeto ‘Cidade Monitorada’, informou que as atribuições da Guarda Municipal voltarão a ser: cuidar do trânsito da cidade do aço e dos patrimônios públicos. Segundo a nota, o Sistema Integrado de Segurança Pública está passando por ampliação e reformulação em seu p l a n e j a m e n t o operacional. “A partir do dia 10 de fevereiro, as viaturas (da GM) terão uma nova composição: um agente da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop) e dois policiais militares”, detalhou.
Em tese, a medida pode otimizar recursos, ampliar o controle do trânsito e evitar danos ao patrimônio público. “Liberando a Guarda Municipal para atuar em suas atribuições exclusivas”, frisa, lembrando que os guardas municipais também faziam parte da composição das viaturas do projeto do ‘Cidade Monitorada’. “Entendemos a aflição das pessoas que têm sofrido com esses problemas, principalmente com relação aos estacionamentos irregulares, por isso o ordenamento do trânsito ficará a cargo da Guarda Municipal. Inclusive agentes da GMVR farão parte do grupo para atendimento a essas ocorrências”, completou Luiz Henrique, dando uma guinada de 180 graus nas suas ambições de ter uma Guarda Municipal. Há quem entenda até que isso faz parte de uma estratégia para as eleições de 2026, quando Luiz Henrique pode vir a ser candidato do Palácio 17 de Julho à Alerj ou à Câmara Federal.

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