O prefeito Samuca Silva deu um ultimato para os profissionais da Educação que se reuniram com ele na quarta, 2. “Se estourarem uma greve, não tem negociação”, disse, deixando a entender que vai deixar a pendenga ser resolvida pela Justiça, como foi no caso da distribuição de recursos do PCCS aos associados do Sindicato do Funcionalismo Público. “Eles receberam a parte deles por decisão da Justiça, não minha”, pontuou. Para quem não sabe, cada funcionário da prefeitura de Volta Redonda (menos os professores) terá direito a uma cota de R$ 100 mensais referente ao parcelamento do pagamento de uma verba de R$ 500 mil do Plano de Cargos e Salários acordado pelas partes – Justiça, prefeitura e sindicato.
O recado de Samuca não foi suficiente para acalmar os ânimos dos professores que, em assembleia na Câmara de Vereadores, votaram por manter as meias paralisações. Ou seja, vão ficar trabalhando por meio período até o próximo dia 15, quando uma nova rodada de negociações está marcada entre sindicato e governo. Detalhe: que não terá mais a presença do prefeito Samuca Silva. Ele será representado por uma equipe de assessores, que deverá incluir a secretária de Educação, mesmo que ela não desfrute de bom relacionamento com a classe.
Samuca, segundo uma fonte, estaria propenso a só voltar a negociar, pessoalmente, com os professores em julho, quando da data-base da categoria. E deixa claro desde já que não existe verba suficiente para pagar o Plano de Cargos Carreiras e Salários (PCCS), o piso salarial dos professores e nem para contratar mais funcionários para atender parte das reivindicações da classe, como a garantia de um terço de planejamento para docente e a redução de carga horária de funcionários da administração direta (atualmente eles trabalham 44 horas e desejam 30, grifo nosso). Para resolver a pendência, o prefeito determinou que um grupo de trabalho analise nos próximos 30 dias as contas públicas para, assim, determinar de onde vai sair o dinheiro para os acertos.
Samuca deve adotar a mesma estratégia do pagamento do PCCS ao funcionalismo: liberar R$ 500 mil (R$ 6 milhões anuais) para os professores dividirem entre si, como fez com o Sindicato do Funcionalismo, conforme determinação da Justiça. “Não é o valor que a categoria gostaria, mas é o que podemos oferecer no momento”, argumentou Samuca.
Na reunião na Câmara, os presentes chegaram a propor uma “Greve geral”, mas o bom senso prevaleceu. A categoria decidiu, então, permanecer em estado de greve e manter as meias paralisações desde quinta, 3.
Conquistas do funcionalismo
À imprensa, Samuca fez questão de elencar uma série de benefícios ao funcionalismo, como a criação da junta médica própria, o fim do contrato de terceirização através da GL e a retomada do atendimento médico ao servidor pelo antigo Faps. “Retomamos o diálogo com os sindicatos e entidades representativas, o que não acontecia há anos. Mais de R$ 3 milhões estão sendo investidos em obras de acessibilidade e reforma geral em mais de cinco unidades de educação, com obras em mais unidades previstas para breve. Duas novas creches serão entregues à população, com total funcionamento, ainda no primeiro semestre de 2018, nos bairros 249 e Vila Rica”, contou o prefeito.
Ainda de acordo com Samuca, pela primeira vez em muitos anos, as escolas estão recebendo os uniformes no início do ano, bem como o kit escolar, que auxilia as famílias gerando economia, através da distribuição de materiais. “Ao contrário de outros anos, a aquisição não foi para reposição e sim para a troca de uniformes de toda a rede pública”, comentou, se esquecendo dos diários que até hoje não chegaram nas escolas e os professores precisam improvisar na hora de fazer a chamada.
Para acalmar os ânimos, Samuca propôs o pagamento de um terço da carga horária dos professores em dinheiro como forma temporária até que a prefeitura esteja apta a contratar mais profissionais e, assim, reduzir a carga horária. Mas a categoria ainda não decidiu se aceita a proposta.
A indecisão levou ao surgimento de boatos de que políticos – pré-candidatos a deputado estadual e federal – estariam tentando influir nas negociações para atazanar a vida de Samuca e, de quebra, ganhar a simpatia dos professores. O vereador Carlinhos Santana, do Solidariedade onde estão vários aliados do prefeito, e o ex-vereador Paulo Baltazar estariam entre eles. “A mulher do Baltazar (Marrie, grifo nosso) está ao lado de um grupo de professores que manda no Sepe. A atual direção do órgão está sem ação”, alfinetou uma fonte pedindo para não ter o nome revelado.
Ontem, sexta, 4, Carlinhos Santana e Baltazar foram procurados pelo aQui. O vereador, segundo fontes, teria viajado para o Rio de Janeiro para visitar o deputado estadual Edson Albertassi (MDB), que está preso desde novembro de 2018. Os dois são muito amigos e Albertassi, mesmo na cadeia, estaria comandando o seu grupo político em Volta Redonda.
Ao jornal, Baltazar negou estar pegando carona na luta dos professores. “Neste momento estou voltado totalmente para a medicina. Hoje, (sexta, 4) estou de plantão em Quatis. Sempre estive próximo dos professores, pois também sou professor aposentado. Mas não posso nem emitir opinião a respeito já que não acompanhei o caso”, garantiu.
Em nota, o Sepe contestou a informação. “O Sepe é independente de políticos e patrões. Nossas movimentações são apartidárias e não toleramos esse tipo de prática”, disparou.
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