quinta-feira, março 28, 2024
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‘Foi sem querer querendo’

No meio político existe um jargão muito antigo que só os mais experimentados entendem. Diz o seguinte: ‘na política não existe espaço vago’. Se não o conhecia, o vereador Thiago Valério passou a conhecê-lo, de forma bastante abrupta, na tarde de quinta, 27, depois que o advogado Paulo César, o PC, presidente do Podemos e, até então, seu companheiro de luta, lhe deu uma rasteira e saiu na frente na disputa pelo lugar de principal opositor ao prefeito Rodrigo Drable para as eleições de 4 de outubro.

Para quem não se lembra, em dezembro, Paulo César, Thiago Valério e os presidentes do MDB e PSDB, Noé Garcez e Maycon Fagundes, respectivamente, se reuniram em um salão de festas no Ano Bom e anunciaram uma aliança a fim de formarem um bloco forte de oposição a Rodrigo Drable. Todos diziam que eram desprovidos de vaidade e que a população indicaria qual deles seria o candidato a prefeito. A aliança foi pelos ares, confirmando o que o aQui previra. Antes que o nome de Thiago crescesse, PC tomou a dianteira e convocou uma coletiva de imprensa para – pasmem – anunciar que já tem até um vice.

O anúncio deixou  todo mundo de boca aberta. “Foi tudo mantido em sigilo. Poucos assessores sabiam da notícia. Não estamos aqui para pedir votos, mas podemos falar de projetos e propostas. E tenho uma ótima para Barra Mansa”, anunciou o advogado, apresentando aos presentes o coronel reformado da PM, Jorge Ricardo. “Cheguei a dizer ao coronel que ele fosse o candidato a prefeito. Mas ele me disse que é técnico e eu sou o político. Então, caso o grupo decida, nós temos esse projeto para Barra Mansa”, explicou PC.

Com o ingresso do ex-policial no bloco de oposição, PC conseguiu dar um xeque-mate em Valério. Isso porque Jorge Ricardo, embora não tenha qualquer expressividade na política local, confere à possível chapa de Paulo César uma figura emblemática, que remete ao presidente Bolsonaro por ser integrante das forças armadas e por pregar um discurso contra bandidos, em favor do ‘cidadão de bem’.

“Nunca tinha pensado em ser político. Só tive essa ideia depois que entrei para a reserva e caí no ‘ostracismo’ (jargão usado entre policiais e soldados quando aposentam, grifo nosso). Fiquei feliz de ser procurado pelo PC. Me identifiquei com o projeto que ele apresentou. Me aproximei primeiramente como um consultor e, hoje, chegamos a esse acordo”, contou Jorge Ricardo.

Questionados sobre a saia-justa que PC os colocou, Noé Garcez (MDB) e Maycon Fagundes (PSDB) reafirmaram que nada está decidido. “Só em março teremos uma definição real de quem será o candidato. Mesmo com essa decisão do Paulo César, ainda estamos construindo esse projeto. Mas é bem verdade que o coronel é mais um soldado desse exército que só tem crescido”, afirmou Noé. Já o tucano foi um pouco mais condescendente. “Isso o que o PC está fazendo é um processo natural. Só que quem vai decidir é o público através de alguma ferramenta que ainda vamos decidir”, explicou Maycon, meio sem convicção.

Mesmo evitando falar de Thiago Valério, que não esteve presente, os políticos negaram o racha entre eles. Disseram que o vereador não compareceu por motivos pessoais. “Mas com certeza ele já está sabendo dessa movimentação, pois fizemos uma live. Estamos ao vivo. E ele também faz parte desse projeto”, desconversou PC, aproveitando para tentar minimizar o climão. “Faço questão de afirmar que nada está decidido. O grupo ainda pode escolher o nome de outra pessoa”, disparou, com um sorriso maroto no rosto.

Nota da redação: O vereador Thiago Valério foi procurado para comentar o caso, mas, até o fechamento desta edição, não havia retornado os contatos do jornal.

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