O ano é novo ,mas os problemas são antigos. Afinal, não é de hoje que o Córrego Brandão transborda e as ruas 18, 33, 41 e 41-C, na Vila, ficam intransitáveis. Não passa ninguém, nem carros, principalmente nas proximidades do Shopping 33. E não foi diferente na primeira semana de 2024. Nas horas iniciais do dia 4 de janeiro, o rio voltou a transbordar, e as águas tomaram conta de diversas ruas. Não só nesse ponto, vale destacar, afinal, regiões como a 209, Sessenta, Siderópolis e imediações também sofreram com as chuvas que caíram sobre a cidade do aço.
Segundo informações da Prefeitura de Volta Redonda, o Córrego Brandão transbordou
por ter chovido cerca de 10 horas na cabeceira do rio, localizada na região do distrito de Getulândia, em Rio Claro. A tromba d’água fez com que a água saísse da calha do Brandão. A cheia é tão comum que, ainda em dezembro passado, o aQui recebeu um e-mail de um leitor que mora na Rua 41-C falando sobre o problema das enchentes. “Será que o corte das árvores e da vegetação em geral das margens do Rio Brandão não colaborou para mais enchentes?”, questionou.
Ele se referia a uma ação (desastrada) das secretarias de Meio Ambiente e Ordem Pública de Volta Redonda, que cortaram centenas de árvores às margens do Rio Brandão,
principalmente nas Ruas 41 e 41-C, na Vila Santa Cecília, denunciadas pelo aQui. Para saber se existe alguma relação entre o crime ambiental do corte das árvores e das enchentes na Vila e falar do tema, a reportagem procurou um especialista. Trata-se do engenheiro Ronie Oliveira, ex- diretor-presidente do Furban (Fundo Comunitário de Volta Redonda). Segundo ele, esse pode ser um dos fatores para alagamentos, mas não é o principal.
“O Córrego Brandão alaga porque onde ele nasce, lá em cima (em Getulândia), tem uma largura maior. E quando chega na Vila, pelas obras que foram feitas ao longo dos anos, a falta de impermeabilizações, ele acabou sendo encurtado. Então, entra muita água (em Getulândia) e sai pouca na vazão aqui embaixo, na Vila. A consequência disso é o transbordamento”, explicou, ressaltando que uma medida imediata que poderia ser adotada pelo município seria a limpeza do córrego, fazendo a dragagem do rio em todo o seu percurso. E antes das chuvas, é claro. “Seria limpar o córrego, melhorando o fluxo”, destacou.
Segundo Ronie, a dragagem deveria ser feita não só no Brandão, mas também nos outros quatro afluentes do Rio Paraíba que cortam a cidade do aço: Cachoeirinha, Secades, Água Limpa e São Geraldo. “Todos os cinco rios têm o mesmo problema. Eles nascem com uma vazão grande e, quando chegam no perímetro urbano, são estrangulados pelas obras e outras intervenções”, completou.
Questionado acerca do corte das árvores nas margens do Brandão, Ronie Oliveira pondera que não é necessariamente o principal problema. “Quando se retira a vegetação, pode acontecer um maior assoreamento do Rio, que é cair areia e terra no leito e diminuir a vazão. Isso se corrige com limpeza. Ali (no Córrego Brandão), pode até ter soltado terra, mas não é isso que está ocasionando os transbordamentos”, opinou, se esquecendo que o corte foi considerado um crime ambiental por Sandro Alves, membro do Conselho Municipal de Meio Ambiente e consultor ambiental do Inea (Instituto Estadual do Meio Ambiente).
Voltando às enchentes, Ronie alerta que uma solução para os transbordamentos seria a construção de um ‘piscinão’ para armazenamento da água do Brandão. “A solução dos piscinões, que são reservatórios para retenção de água, é que eles reduzem os efeitos das enchentes principalmente em áreas urbanas. Eles são úteis, pois permitem controlar o fluxo de entrada e saída da água. O desafio seria encontrar um local. O ideal, eu penso, seria em um ponto estratégico no meio do rio, talvez nas proximidades do zoológico municipal”, disse.
‘Limpa Rio’ em Barra Mansa
A ideia de fazer limpezas em rios através de dragagens, para evitar transbordamentos, já está sendo aplicada em Barra Mansa. O serviço começou na primeira semana de janeiro, e está sendo feito graças ao programa ‘Limpa Rio’, do governo do Estado, no
Rio Barra Mansa, na região da Ponte Ruth Coutinho e do Fórum Municipal, entre o Centro e o bairro Estamparia.
O secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Vinícius Azevedo, destacou os benefícios dos serviços. “O programa ‘Limpa Rio’ é uma conquista muito valiosa para Barra Mansa, porque podemos revitalizar toda a área das calhas dos rios da cidade, melhorando a vida da população ribeirinha e valorizando o cuidado ambiental”, frisou. O engenheiro Caio Herman deu mais detalhes da realização do ‘Limpa Rio’ na área. “O motivo de estar iniciando pela foz do Rio Barra Mansa é justamente para desobstruir a calha do rio neste período de chuva que está se iniciando. À medida que formos finalizando esse serviço, iremos rio acima fazendo a limpeza”, explicou. O ‘Limpa Rio’ foi iniciado no canal do Sesc, no Ano Bom, em outubro de 2023. No local, foi feito todo o retaludamento (um processo de terra- planagem) das margens.