
O prefeito Samuca Silva, em entrevista ao Fato Popular na manhã de terça, 16, disse que não está arrependido de criar o maior furdunço da história de Volta Redonda ao denunciar o caso de extorsão que teria sofrido por parte do vereador Paulinho do Raio-X, com ou sem a participação de dois outros parlamentares – Neném e Carlinhos Santana. “Eu não devo nada. Denunciei e se eu pudesse, faria novamente. Não me peçam ilegalidade. Não me peçam dinheiro, corrupção, que se tiver que gravar e denunciar, farei novamente”, desabafou, ao ser provocado por Betinho Albertassi, que comanda o programa na Rádio 88.
“Eu fiz o que qualquer cidadão, que não quer corrupção, faria”, teorizou, indo além. “Eu fui procurado pelo vereador que me extorquiu. Ponto. Eu não falei de qualquer outro vereador. Pelo contrário. Sempre disse que não fui procurado por qualquer outro vereador. Quem envolveu nomes de outros vereadores e se envolveu ou não, foi o vereador que me extorquiu. Eles deveriam ter essa indignação com o vereador e não comigo”, insistiu Samuca, referindo-se a Paulinho do Raio-X, que acabou sendo preso em flagrante.
Segundo Samuca, o presidente da Câmara, vereador Neném, tem mais é que se preocupar com a defesa que terá que apresentar à Justiça. “Se ele tem algum problema que ele procure (se defender), se ele puder, né? E que entre contra o outro vereador (Paulinho do Raio-X) que envolveu o nome dele”, disse de forma sarcástica. “Eu não tenho nada a comentar do presidente da Câmara. Não me interessa o presidente da Câmara. Ele é oposição. É da tropa que afundou essa cidade na maior crise moral ética da história. Ele não tem moral para falar pela história dele (passado, grifo nosso)”, comparou.
Samuca foi além. Quer respeito para ser respeitado. “Obviamente que eu o respeito como vereador e presidente da Casa Legislativa, mas ele deveria fazer o mesmo. Me respeitar como prefeito de Volta Redonda que denunciou às autori-dades uma extorsão clara. Está tudo nos autos do processo. Eu me manifesto agora só perante a justiça. Não o ofendi. Não falei dele. Quem tornou público o depoimento foi ele. Eu apenas relatei que um vereador de Volta Redonda me extorquiu e usou o nome de outros vereadores”, disse Samuca a Betinho Albertassi.
Foi nesse ponto da entrevista que Samuca mostrou estar possesso com Carlinhos Santana, que já foi seu aliado. “Ele fez um vídeo, e eu já entrei com processo contra ele porque eu não disse dele. Ele que falou tudo, agrediu a minha mãe”, justificou, partindo para falar da exploração política do fato bombástico. “Querem gerar o caos. Querem fazer disso um trampolim político para a eleição. Eu não devo nada. Denunciei e, se eu pudesse, faria novamente”, insistiu. “Se tiver que gravar e denunciar, farei novamente porque eu tenho profundo respeito pelas pessoas que votaram em mim. Isso é o básico do político. A honestidade”, argumenta.
Certo de que fez o que deveria ser feito, Samuca foi irônico na resposta a Betinho Albertassi sobre a participação de Neném no episódio. ”Não tenho que me defender de nada, porque não devo nada a ninguém. Não faço isso (gravar conversas no gabinete), mas se alguém me oferecer (suborno) vou novamente às autoridades como o fiz. Se ele (Neném) está ou não ligado à extorsão da qual eu fui vítima, ele vai ter que se defender no processo. Não é a mim, não é à sociedade, agora no momento…”, pontuou cheio de malícia.
Desde a prisão de Paulinho do Raio-X e em todas as entrevistas (menos ao aQui, com quem ele não fala), Samuca sempre se preocupa em não citar os nomes dos envolvidos. Voltou a usar a tática. “Quem tornou isso público foi ele, nem fui eu. Eu nunca o mencionei. Agora, me respeite, Presidente (Neném) porque eu o respeitarei em função do cargo que você ocupa”, comparou, anunciando que poderá ingressar com uma ação contra o desafeto. “Eu vou avaliar junto aos meus advogados se ele não está em suspeição, como presidente da Câmara, fazendo inúmeras inverdades, tamanhas injustiças como presidente da Câmara Legislativa de Volta Redonda”, finalizou.
Chutando Neném (II)
Dois dias depois, na Rádio 96,1, Samuca voltou a abordar o caso de extorsão com Dário de Paula. E praticamente repetiu toda a história. “Eu fiz o que qualquer cidadão de bem faria. Não mencionei qualquer nome de outro vereador, pelo contrário, tanto no meu depoimento no dia do flagrante quanto nas entrevistas eu reafirmo que não fui procurado por nenhum outro vereador. Quem falou o nome de outro vereador e deve ser procurado, questionado, processado por alguém, é o vereador que me extorquiu”, disse, anunciando, entretanto, um detalhe intrigante que ainda não tinha falado. “Eu fiz o meu trabalho, fui levado pelas autoridades a fazer o que deveria fazer. E posso adiantar que há muito mais provas do que foi noticiado nos autos do processo”, informou.
Tem mais. “O inquérito civil corre sob sigilo do Ministério Público. Nenhum processo de flagrante ia nascer envolvendo instituições como Polícia Civil e Ministério Público se não houvessem provas. Ninguém dá um flagrante só por dar um flagrante. Isso não existe. As instituições são sérias, não é uma questão do prefeito Samuca. Eu fui procurado, pediram dinheiro, manifestei para as autoridades e o processo vai seguir. Mas eu não mencionei o vereador (Neném)”, comentou.
E, por último, Samuca abordou a ação contra ele, movida pelo presidente da Câmara. “Eu não entendo por que ele (Neném) entrou (com processo de danos morais), porque eu não o mencionei. Quem o mencionou foi o outro vereador. Eu estou pedindo, inclusive, a suspeição dele ou não, porque ele é o presidente da Câmara e não pode dar uma opinião pessoal nesse processo, já que ele representa o Poder Legislativo de Volta Redonda”.