quinta-feira, março 28, 2024
CasaEditoriasBarra MansaAliança improvável

Aliança improvável

Vinicius de Oliveira

Na tarde de segunda, 2, políticos do PDT, MDB, PSDB, Podemos e Cidadania reuniram a imprensa em um suntuoso hotel de Barra Mansa para lançar um manifesto onde dizem estar unidos em prol de um único objetivo: impedir que Rodrigo Drable se reeleja no ano que vem. Uma tarefa hercúlea. A aliança chama atenção pelo fato de agrupar partidos historicamente antagônicos (caso do PDT e MDB, por exemplo) junto com outros menores, que ainda não têm poder de fogo – ou de voto. O que deixa dúvidas se conseguirão criar – e manter – a frente de oposição ampla e forte o suficiente para convencer o eleitor e derrotar o atual prefeito.

Desbancar Drable não será fácil dado o fato de que o prefeito, além de controlar a máquina, é considerado pela opinião pública, até o momento, como único candidato viável. O que foi reconhecido por Maicon Fagundes, um dos novos líderes do PSDB em Barra Mansa e dos nerds da região. “Sabemos que o prefeito enfrenta grande rejeição nas ruas e a população diz que não tem oposição para fazer frente ao Rodrigo”, disparou, sem se preocupar com o vereador Thiago Valério, representante do Cidadania, que estava sentado ao seu lado e que é o único nome de oposição ao governo Drable.

Quem desfez o ato falho de Maicon foi Noé Garcez, do MDB. “Thiago Valério é hoje o principal nome da oposição que temos e esse fato não nos ameaça de forma alguma. Não haverá problema em apoiá-lo caso seja o candidato”, respondeu o ex-presidente da OAB-BM, quando o grupo foi questionado sobre quem seria o cabeça da chapa oposicionista no ano que vem. A escolha do nome, inclusive, talvez a decisão mais importante de todas, é o segundo desafio dos opositores de Drable. Durante a coletiva, apenas o tucano Maicon demonstrou interesse em abrir mão da candidatura caso seu nome não seja bem avaliado nas pesquisas. “Eu retiro minha candidatura se os outros estiverem melhor posicionados nas pesquisas. Não tenho vaidade. Temos que ser menos política e mais povo”, afirmou.

As demais lideranças não adotaram o mesmo discurso. Embora todos tenham tentado convencer os presentes de que são capazes de trabalhar suas vaidades e que estão unidos em prol de Barra Mansa, cada um deles deixou bem claro sua intenção de concorrer à sucessão de Rodrigo. E, como tal, atacaram o governo. Tuca (PDT) foi o primeiro. Disse que o município retroagiu pelo menos um século. “Barra Mansa está quebrada. Parece de muitas coisas. A metodologia empregada pelo prefeito com relação à economia é do século passado. Queremos tirar Barra Mansa do fundo do poço”, disparou Tuca, esquecendo-se que foi sócio (minoritário de uma empresa falida, que a prefeitura de Barra Mansa criou no governo Jonas Marins – a BM Invest).

Noé Garcez manteve o discurso anti-Drable acusando o prefeito de praticar a chamada velha política, que consiste, segundo ele, em fazer conchavos em troca de governa-bilidade. “Eu acho deplorável esse tipo de prática. O povo não aguenta mais isso e precisamos mudar esse modo de fazer política”, comentou, para logo em seguida ter de explicar como promoveria essa mudança estando na liderança de um partido que ajudou, historicamente, a construir o atual modo de garantir governabilidade através do ‘toma lá, dá cá. “O MDB está corrigindo seus erros filiando pessoas novas, com pensamento diferente desses. É claro que buscar alianças é diferente”, emendou, fazendo questão de avisar que é novo na política e que não depende dela para sobreviver.

O advogado Paulo César Alves, o PC, presidente do Podemos em Barra Mansa, foi o mais voraz na hora de criticar o chefe do Executivo. Em seu pronunciamento disse que Drable não se comporta como um prefeito, mas, sim, como um mero tesoureiro. “Ele [Rodrigo] não planejou qualquer ação que aponte o município para o futuro. É apenas um tesoureiro, que vive pagando contas sem conseguir fazer projeções para o futuro”, cutucou, fazendo questão de mencionar que não teve nada a ver com o endividamento da prefeitura, resultado da desastrosa passagem do ex-prefeito Jonas Marins pelo Palácio da cidade. PC, vale lembrar, foi secretário de Jonas e assumiu o Fundo de Previdência Social. “Eu era responsável pela minha pasta e não pelas finanças do município. É claro que o governo anterior tomou decisões das quais eu não concordei”, frisou.

PC disse ainda que ter seu nome vinculado ao de Jonas Marins (pessoa não grata em praticamente todos os cantos de Barra Mansa, grifo nosso) não será impedimento para ser o cabeça da chapa, caso o grupo decida desta forma. “Se foi fácil para Rodrigo se eleger mesmo sendo afilhado de alguém que está preso por corrupção, pra mim também não será difícil. Mas não estou ligado a nenhuma dessas pessoas. O nosso projeto é para mudar a história de Barra Mansa”, finalizou.

As palavras bem articuladas de PC, forjadas pelos anos de experiência no Direito, que consiste em convencer terceiros, fazem dele um dos mais cotados para assumir a nominata de oposição. Seu único obstáculo seria Thiago Valério, único dos integrantes da aliança “a Barra Mansa que queremos” com cargo eletivo e, por isso, mais conhecido dos eleitores.

Embora tenha apresentado um discurso menos articulado do que PC, Thiago Valério tem a seu favor, além do cargo de vereador, o apoio de parte das camadas mais populares de Barra Mansa, proeza que conseguiu realizar apresentando bandeiras em favor da Educação, do Meio Ambiente e ao sustentar que é perseguido pelo prefeito Drable. “Não enxergamos um governo para o povo. Temos um governo que persegue, inclusive com ataques pessoais”, denunciou o parlamentar, salientando que a aliança recém-formada será livre de ideologias polarizantes. “A intenção é fazer o barramansense se questionar qual Barra Mansa ele quer. Estamos buscando em grupo essa construção. Queremos que as ideias ultrapassadas nem façam parte dessa discussão”, encerrou.

Artigo anterior
Artigo seguinte
ARTIGOS RELACIONADOS

LEIA MAIS

Seja bem vindo!
Enviar via WhatsApp