Ainda não é o TAC

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Há exatos um ano, o aQui divulgou com exclusividade que a CSN estava preparando um investimento da ordem de R$ 400 milhões para modernizar as áreas mais poluentes da Usina Presidente Vargas. A mais crítica – da sinterização – passaria por uma profunda adequação, ganhando filtros novos, e outras áreas seriam reformadas ao longo do tempo, conforme determina a legislação. Na quinta, 11, a CSN deu a largada para as adequações ao anunciar investimentos de R$ 450 milhões para melhorar a eficiência ambiental em Volta Redonda.

 

Na prática, seis setores da UPV receberão melhorias que, ao final, vão contribuir para que a empresa mantenha o cumprimento dos limites legais de emissão de poluentes. As adequações já começaram e deverão seguir simultaneamente às obras do Alto Forno 3. Segundo a empresa, o time é estratégico, porque as áreas afetadas pelas ‘modernização’ são interligadas ao AF-3. “Áreas como Aciaria, Carboquímicos, Sinterização e Utilidades e ainda a Central Termo Elétrica 2 estão com suas atividades reduzidas durante a reforma do AF-3, portanto, o momento é este”, avisou a CSN.

 

Outra informação importante é que estes investimentos que visam melhorar a eficiência ambiental na UPV não estão relacionados aos aportes que a CSN deverá fazer (algo em torno de R$ 303 milhões) para cumprir o Termo de Ajustamento de Condutas, assinado no ano passado com o governo do Estado (Inea e a SEA). De acordo com o que apurou o aQui, o TAC está condicionado à renovação das licenças ambientais da UPV e será cumprido num prazo de até seis anos, conforme a vigência das licenças, enquanto que os investimentos anunciados esta semana já estão sendo executados de forma simultânea à reforma do AF-3.

 

Em nota, a CSN comemorou os investimentos e disse que eles representam um ganho ambiental para a empresa e para a cidade. “Os investimentos são especialmente relevantes em um momento que o Brasil enfrenta uma grande crise econômica, e demonstram o compromisso da empresa em melhorar continuamente seus processos. Eles trarão diversos ganhos ambientais e vão contribuir para que a Siderúrgica mantenha o cumprimento dos limites legais de emissão de poluentes, reduza o consumo de energia e de água, e também garanta a segurança dos seus processos”, diz um trecho do comunicado à imprensa.

TAC

O cumprimento integral do Termo de Ajustamento de Condutas por parte da CSN passa por uma profunda reforma nas sinterizações da UPV. Ao todo, a empresa tem quatro sinterizações e, para colocar um freio na poluição atmosférica gerada nestas áreas, é necessária a substituição dos precipitadores eletrostáticos. Numa linguagem mais simples, a CSN terá que substituir os filtros das sinterizações, para evitar a fuga de partículas de ferro como ocorre com frequência.

 

A ‘reforma’ das sinterizações não é imediata. Ela será realizada ao longo dos seis anos de vigência do TAC. Por outro lado, segundo informações da CSN, as melhorias que já estão sendo realizadas em equipamentos estratégicos à produção do aço prometem  melhorar o desempenho operacional de toda a usina, diminuindo a poluição. A promessa soa estranha, uma vez que, em menos de quinze dias que o AF-3 foi parado para reforma, uma nuvem densa de fumaça preta foi lançada das chaminés da UPV. O incidente ocorreu na terça, 12, e chamou a atenção pela densidade e a coloração da fumaça. Em nota, a CSN informou a ocorrência de uma “falha no Motosoprador 1, que provocou a instabilidade no equipamento e consequentes emissões atmosféricas esporádicas”.

 

Ao aQui, uma fonte da CSN explicou que a falha no Motosoprador 1 é consequência do AF-3 ter sido desligado. E, segundo ela, novos incidentes poderão acontecer enquanto o forno estiver em reforma. “Infelizmente não há como evitar isto durante a manutenção do Alto Forno. Você desliga o equipamento para que ele seja reformado, para que melhore a sua performance, mas os outros equipamentos ao redor, que dependem dele, acabam reagindo com a parada. A empresa está atenta a estas ocorrências, tem adotado procedimentos de prevenção e contingência que têm se mostrado eficazes, porém é consequência do processo da reforma”, contou a fonte.

 

Ela vai além. Diz que, apesar da nuvem preta de terça-feira, a CSN fez uma análise interna e verificou que, após o início da reforma do AF-3, houve uma queda de 33 a 35% de todo material particulado da usina e que só as emissões do pó das sinterizações caíram 50%. “É óbvio que estes índices cairiam com o forno desligado. Mas o que está pontuado aqui é que o forno vai voltar a operar e vai voltar reformado. E essas obras de melhoria que já começaram a ser feitas, tanto no forno quanto em outras áreas ligadas ao forno, vão contribuir para a redução dos índices de poluição. Isto é fato”, concluiu.

Reforma do Forno

A reforma do AF-3 começou, oficialmente, no dia 29 de junho e tem previsão de conclusão até 10 de setembro. Com investimentos de R$ 250 milhões e geração de 4.500 empregos temporários, a reforma vai contemplar a substituição dos equipamentos que compõem o forno, dentre eles o cadinho e staves, a sala elétrica dos motossopradores, e os componentes periféricos e de topo. A reforma da chamada Casa de Bomba e Recirculação (CBR#4) também está prevista para este momento.

 

A expectativa da CSN é que, com a reforma, o AF-3 ganhe uma sobrevida de 20 anos e aumente a capacidade produtiva da usina em até 500 mil toneladas/ano. Com a parada do forno, a CSN comprou de 450 mil a 500 mil toneladas de aço para atender seus clientes. Desse total, 30% são importados e os 70% restante serão adquiridos de concorrentes como Usiminas e Ternium Brasil. Segundo apurou o aQui, a CSN estocou 70% do necessário para a parada de dois meses. Além da reforma do AF-3 e das melhorias nos seis setores que integram o forno, a CSN também está avaliando uma ampliação na linha de galvanizados, que deve exigir investimento de R$ 1 bilhão.

Veja alguns dos investimentos que a CSN anunciou para a UPV

Reparo nos gasômetros da Aciaria e Alto-Forno:

Valor: R$ 8 milhões

Investimentos na Estação de Efluentes dos Altos Fornos oriundos do sistema de lavagem dos gases dos processos (casa de bombas de recirculação – CBR e estação de tratamento de efluentes – ETE).

Valor: R$ 4 milhões

Reparo em Tubulações de Gás de Coqueria e Alto-Forno

Valor: R$ 4 milhões

Melhorias no Pátio de Matérias Primas (Recuperação estrutural e manutenção de equipamentos)

Valor: R$ 45 milhões

Reparo na CTE (Central Termo Elétrica) e nos Carboquímicos

Valor: R$ 4 milhões

Investimento no Sistema de Limpeza de Gás da Aciaria de Aços Planos

Valor: R$ 12 milhões

Reparo do Lingotamento Continuo

Reparos nas Máquina 2 e 4:

Valor: R$ 50 milhões

Troca da Carcaça do Conversor C da Aciaria

Valor: R$ 25 milhões

Substituição do Tubulão da Sinter 2 e Reforma do Sistema de Exaustão da Sínter 4

Valor: R$36 milhões