Mateus Gusmão
Desde que deixaram o Palácio 17 de Julho em 31 de dezembro de 2020, o ex-prefeito Samuca Silva e seu grupo político não andam aparecendo muito pelas redes sociais. Nem para fazer oposição, o que era esperado, ao governo Neto. Não querem nem saber de rebater as denúncias feitas pela atual gestão. Diante disso, o aQui resolveu desvendar: por onde anda o grupo de Samuca?
Segundo uma fonte do aQui, o silêncio tem motivo: não entrar em polarização política. De acordo com ela, encontros têm sido feitos por Samuca com integrantes do seu grupo apenas para avaliar os próximos passos a serem dados. “O grupo tem se reunido para avaliar o cenário político e analisar os próximos passos. Não adianta brigar nesse momento. O governo Neto está no início ainda, com recursos de IPTU e outros. Mas a ideia é que o grupo apoie um candidato”, disse a fonte, referindo-se às eleições de 2022.
O aQui procurou o ex-prefeito Samuca Silva para saber o que tem feito após deixar o Palácio 17 e os motivos que o levaram a se afastar das redes sociais e, principalmente, se vai continuar na vida pública. “Não sou um político de profissão, já era contra reeleição, fui candidato pela Covid e pela cidade – e pelo que vejo, estava certo em não ser candidato -, sempre disse isto”, disparou Samuca, em entrevista exclusiva. “Sou concursado. Voltei para meu cargo no Conselho Federal de Enfermagem, onde sou auditor. Também sou professor universitário, estou escrevendo outro livro… A vida continua. Não sou apegado ao poder. Mas este momento (fora do poder) é bom para ver quem está comigo e quem sempre esteve”, disse.
Questionado se ainda pensa na vida pública, Samuca disse que está acompanhando o cenário político em nível municipal, estadual e federal. “Fui o prefeito mais novo da história da cidade, sem grupo político, sem fazer politicagem. Estamos, junto com o nosso grupo de pessoas próximas, acompanhando o cenário. Vamos sempre defender o legado de uma administração pública eficiente. Uma coisa é certa: teremos que apoiar um candidato em 2022”, garantiu Samuca.
Sobre se ele será o candidato ou não, e se vai preferir apoiar outra pessoa do seu grupo, o ex-prefeito desconversa. “Vamos continuar ana-lisando o cenário. O certo é que teremos candidato. O nosso governo teve avanços importantes em diversos setores. Um governo que levou água para a região do São Luiz e divisa com Barra do Piraí, ao Açude, a Três Poços; que mais gerou empregos no estado do Rio; que triplicou vagas de creche em tempo integral; que inaugurou a Rodovia do Contorno sem gastar um real municipal depois de anos de roubalheira; que reformou o zoológico, que criou o Tarifa Comercial Zero; comprou o Santa Margarida; entre tantas outras coisas com dívida absurda. Por isso, não podemos deixar de pensar em apoiar ou ter candidato”, completou.
Sempre assíduo nas redes sociais durante seu mandato, Samuca não tem feito muitas postagens. Segundo ele, para evitar polarização. “Acabei focando mais em postagens sobre a importância de medidas para o combate à Covid-19. Meu papel é alertar sobre as medidas. Desacelerar a transmissão do vírus é importante, por isso fiz postagens nesse sentido. Durante nosso mandato, tomei medidas duras, inclusive em período eleitoral, que não agradaram a muitos, mas eram necessárias”, disse Samuca, ressaltando que nem os ataques e denúncias feitas pelo atual governo são respondidas.
“Se eu ficar respondendo, vai gerar uma discussão que não é boa para a cidade. O que eu quero é que me esqueçam e vão trabalhar. Desde que saí da prefeitura, o número de mortes por coronavírus dobrou. Eles precisam trabalhar e o povo, se cuidar: estamos sem liderança”, alfinetou. “Não há nada novo neste grupo daquele PMDB antigo: a incapacidade em gerir a crise e controlar o vírus faz querer culpar alguém que são eles mesmos. Eles afundaram a cidade em dívidas e estão deitando na cama que arrumaram. Me esqueçam, pensem na nossa gente, que precisa de decisões”, completou.
Sobre as denúncias de que o Tribunal de Contas e o Ministério Público estariam investigando suposto superfaturamento na construção do Hospital de Campanha, Samuca é taxativo. “Esta denúncia foi efetuada ano passado. No mesmo ato de defesa protocolei uma denúncia por uso dos órgãos de controle para fazer política. Querem fazer uma cortina de fumaça”, disse. “Ainda no ano passado, o MP pediu informações que foram respondidas. Este ano, fizeram a mesma denúncia ao TCE. Pegaram valores de tendas de festas e compararam com o que a secretaria de Saúde usou para montar um hospital, com estrutura, leitos, oxigênio. Foi considerado um dos mais baratos do Brasil. Nosso governo ganhou prêmios do próprio Tribunal de Contas, por conta de transparência. Sempre atuamos com legalidade”, disse.
Provocado a avaliar o atual governo do seu desafeto Neto, Samuca não quis falar muito. “Torço por ele. Mas, se ficar olhando para mim, não vai governar. Sei que está muito no início. Infelizmente vivemos um momento difícil na pandemia, o aumento de óbitos e não estamos vendo medidas efetivas. Não adianta apenas ter mais leitos; se não controlar o vírus, a economia vai parar, porque a sociedade vai parar, porque o hospital vai parar, insumos irão acabar e pessoas irão morrer por falta de atendimento. É preciso que as pessoas não contraiam o vírus”, disse, dando um recado.
“No início do ano há dinheiro com entrada de recursos de IPTU e outros tributos. Temo pelo segundo semestre, quando, fatalmente, haverá uma queda na arrecadação. A ação que fizemos de parcelar salários em julho provavelmente acontecerá este ano”, aposta.
Outros nomes
Atores políticos importantes durante o governo do prefeito Samuca Silva também andam mais sumidos do que nota de R$ 200,00. O empresário Rogério Loureiro, que foi secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo e de Transporte e Mobilidade Urbana, é um dos mais assíduos nas redes sociais. Recentemente, se filiou ao Avante. Loureiro segue sendo vice-presidente da Associação Comercial e Agropastoril de Volta Redonda (Aciap) e perdeu a eleição com seu grupo no Gacemss, onde tentou também ser vice-presidente.
Fiel escudeiro de Samuca, Fernando Samuquinha é outro que parece estar afastado da política. Em suas redes sociais, não anda comentando sobre o cenário político. Mas não estaria descartado dentro do grupo de Samuca para ser candidato em 2022 ou a vereador em 2026.
Ex-secretário de Desenvolvimento e do Gabinete de Estratégia Governamental, o empresário Joselito Magalhães também está sumido do meio político. Em suas redes sociais, apenas faz posts relacionados a sua revendedora de gás de cozinha. Marcus Vinícius Convençal, o popular Marcão, também não quer dar pitacos sobre a política local. Usa as redes sociais só para compartilhar notícias vinculadas ao mandato do deputado federal Luiz Antônio (PL), pai do deputado André Correa, para quem trabalha atualmente.
No final de 2020, o governo Samuca teve duas perdas importantes para a Covid-19: o então procurador-geral, Augusto Nogueira, e o controlador-geral, Lúcio Castro.