Ação danosa

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A partir de março de 2010, quando começou a prestar serviços de coleta de lixo em Volta Redonda, a empresa Locanty passou a dar muita dor de cabeça ao então prefeito, Antônio Francisco Neto. As irregularidades foram se acumulando, até que, depois de muitas brigas e multas, o contrato foi rescindido pela prefeitura – em dezembro de 2011.

 

Só que o “caso de amor” (pra não dizer o contrário) entre Neto e a Locanty não terminou. Na quinta, 31, o ex-prefeito teve a desagradável surpresa de ver o nome no noticiário dos jornais por conta de uma ação movida pelo Ministério Público contra ele, contra a Locanty e outros, pedindo, inclusive, o bloqueio de R$ 9,5 milhões das contas do ex-prefeito, do ex-procurador, Waldiney Alves de Oliveira, e da própria Locanty. Para o MP, todos erraram na licitação que culminou com a contratação da Locanty: ao invés de usar o pregão presencial, como foi feito, Neto & Cia deveriam ter feito uma concorrência pública.

 

“Entendo que o Ministério Público está equivocado, quando fala que eu beneficiei a Locanty. No pregão presencial, foram dados 117 lances. Nós prevíamos um preço da ordem de R$ 34 milhões (exatos R$ 33.986.415,60) para o contrato e a Locanty ganhou com um preço inferior, que foi de R$ 27 milhões. Ela disputou a final com outras duas empresas (Multiambiental e Revita, grifo nosso)”, afirmou Neto, lembrando que a economia aos cofres públicos foi de cerca de 20%.

 

Mas, como o barato pode sair caro, a economia acabou não ocorrendo. A empresa que antecedeu a Locanty, a Vega, recebia R$ 56,76 por tonelada de lixo coletado, e a Locanty faria o mesmo serviço por R$ 40,36. Até Neto, que é de uma família de comerciantes, desconfiou da pechincha. “Ficamos preocupados se eles iam conseguir fazer o serviço por esse valor, que talvez fosse, na época, o mais barato do Brasil”, diz ele. Não deu outra. A coleta começou a falhar dia sim, outro também e, depois de muitas brigas, a empresa foi multada pelo menos 20 vezes, em um total de R$ 87.370,75. “Eles fizeram de tudo, atrasavam a coleta, alegavam que os caminhões quebraram, etc. – para pedir aditivos ao contrato, o que nós não demos. Depois de muitas discussões e diversas multas, nós rescindimos o contrato – no final de 2011”, explica o ex-prefeito, acrescentando que, dos R$ 27 milhões previstos no contrato, a Locanty recebeu somente R$ 9.065.192,25.

 

“Eu não acredito que o juiz irá aceitar a denúncia (que foi recebida pela Justiça no último dia 21, grifo nosso). Tenho todas as provas, mostrando que a denúncia do Ministério Público está equivocada. E ainda há divergências sobre a concorrência. Muita gente acredita que o pregão é a melhor forma de proteger o dinheiro público”, argumenta o ex-prefeito, que disse que na próxima semana irá procurar a promotoria de Justiça. “Vou mostrar a verdade”, afirmou ontem, sexta, 1, em entrevista ao aQui.