A direção da CSN anunciou na quinta, 13, que não distribuirá dividendos aos acionistas em maio, em decorrência do prejuízo líquido de R$ 1,5 bilhão registrado em 2024. A decisão surpreendeu o mercado, especialmente por se tratar de uma das maiores pagadoras de dividendos do Brasil até o ano passado. A medida – anunciada em conferência aos investidores – passou despercebida pela mídia, mas o mercado reagiu positivamente à decisão, apostando que os recursos não distribuídos em dividendos ajudarão a reduzir a alavancagem (grau de endividamento) da empresa. Como reflexo dessa expectativa, as ações da companhia registraram alta superior a 10% no mesmo dia.
A suspensão ocorre após a CSN reverter o lucro de R$ 402,6 milhões obtido em 2023. A empresa também viu sua dívida líquida consolidada crescer para R$ 35,7 bilhões ao fim de dezembro de 2024, com o índice de alavancagem (relação Dívida Líquida/Ebitda) atingindo 3,49 vezes. De acordo com a companhia, ao desconsiderar o efeito da variação cambial, esse número cairia para 3,24 vezes. No quarto trimestre de 2024, a receita líquida da CSN alcançou R$ 12 bilhões, uma alta de 8,7% em relação ao trimestre anterior, impulsionada pela melhora nos preços do setor de mineração e pelo avanço nas vendas de aço, que cresceram 10,4% na comparação anual. Apesar do aumento na receita, o fluxo de caixa ajustado ficou negativo em R$ 1,7 bilhão, reflexo das despesas financeiras relacionadas à variação cambial e de um volume maior de investimentos no fim do ano.
Entre os destaques positivos, a companhia ressaltou o desempenho do segmento de mineração, que alcançou um Ebitda ajustado de R$ 2,0 bilhões no trimestre, com margem superior a 50%, beneficiado pela recuperação nos preços do minério de ferro. A divisão de Cimentos também teve seu melhor resultado histórico, com Ebitda de R$ 386 milhões e margem de 33%, impulsionada pela estratégia de aumento de preços e eficiência logística. Na Siderurgia, a CSN apresentou recuperação no último trimestre, com Ebitda ajustado de R$ 655,9 milhões e margem de 10,6%, com aumento de 4,2 pontos percentuais em relação ao terceiro trimestre de 2024.
A CSN destacou ainda a evolução do Ebitda ajustado consolidado, que somou R$ 3,3 bilhões no quarto trimestre, um crescimento de 46% em relação ao período anterior. No acumulado de 2024, o Ebitda atingiu R$ 10,2 bilhões, com margem de 22,4%. Apesar do cenário desafiador, a companhia reforçou seu compromisso com a redução do endividamento e destacou investimentos ambientais recordes ao longo do ano, especialmente na Usina Presidente Vargas. A CSN encerrou 2024 com disponibilidades financeiras de R$ 24,9 bilhões.