Por Pollyanna Xavier
A sede principal do Sindicato dos Metalúrgicos, na Rua Gustavo Lira, será esvaziada. A entidade está de mudança para um prédio que quase ninguém sabe que existe – a poucos metros do atual, na calçada oposta que dá fundos para a Avenida Amaral Peixoto. O endereço é próprio, e a mudança não é aleatória. Existe, inclusive, uma justificativa politicamente correta para o projeto: a sede principal não oferece nenhuma acessibilidade para as pessoas com deficiência (PCD) e gera um ônus altíssimo, todos os meses, aos cofres do Sindicato. A transferência foi confirmada pelo presidente Odair Mariano. “A mudança é afirmativa”, justificou Odair, acrescentando que o prédio da Gustavo Lira – considerado histórico – não tem elevador e, para que o metalúrgico ou qualquer outra pessoa acesse os serviços que o Sindicato oferece, é necessário subir dois ou três lances de escadas. “A rampa é só na entrada, dentro do prédio só por escada mesmo”, comentou. O fato de a mudança ser afirmativa significa que foi pensada para promover a inclusão não apenas das pessoas com deficiência, mas também daquelas com mobilidade reduzida, como idosos, gestantes, pessoas com criança de colo e obesos. “O Sindicato precisa ser acessível a todos”, ressaltou Odair.
A nova sede – na verdade não é nova, ela já faz parte do patrimônio do Sindicato há algumas décadas – possui elevadores, é arejada e tem boa infraestrutura para receber todos os departamentos do Sindicato. A mudança deve ocorrer até julho. “O imóvel estava alugado, mas o inquilino já devolveu, e vamos para lá. Estamos terminando as manutenções e, assim que tiver tudo pronto, mudamos”, revelou Odair. Já a sede principal passará por reformas e adequações de acessibilidade e, quando forem concluídas, o imóvel poderá ser alugado. Segundo apurado nas imobiliárias da cidade do aço, a locação da sede principal pode render até R$ 200 mil aos cofres do Sindicato, dependendo das melhorias a serem feitas. O valor ajudaria a sanar a dívida da entidade, que hoje está na casados R$ 23 milhões. Segundo o diretor jurídico Leandro Vaz, este passivo oi adquirido nas gestões passadas, e boa parte refere-se a encargos previdenciários. Para reduzir a dívida, o G5 deve tomar novas medias que vão desde a redução de 50% da folha de pagamento, até a análise de viabilidade para locação ou venda de alguns imóveis do Sindicato. “Existe um sítio em Bom Jardim, de sete hectares, adquirido na gestão do Renato Soares. O local é longe para o metalúrgico usufruir, então já pensamos em vender aquela propriedade e comprar algo mais perto. É claro que esta decisão não é tomada de forma isolada. É preciso fazer uma assembleia para consultar o trabalhador. Não vamos fazer nada de forma unilateral, tudo será feito com muita transparência e aprovação dos associados”, garante Leandro. Quanto à transferência do prédio principal para outro imóvel, Leandro explica que não há necessidade de consultar o trabalhador, porque a mudança não vai gerar ônus para o Sindicato. “Estamos de mudança para um imóvel próprio, e isto não vai gerar aumento de custos, pelo contrário, pode ajudar a gerar renda, caso a gente consiga alugar a sede principal. Com o dinheiro podemos ir sanando a dívida do Sindicato”, acredita, explicando que o passivo está atrelado às contas bancárias da entidade, de forma que qualquer dinheiro que entra, o banco toma. “Precisamos renegociar esta dívida para impedir a execução, para isto é preciso gerar receita. O presidente está analisando todas as possibilidades”, contou.
Subsede
Na semana passada, o aQui publicou com exclusividade que a subsede do Sindicato no Retiro está sendo alugada pela Prefeitura de Volta Redonda, para abrigar o projeto ‘Laço Azul’, do Hospital do Retiro. O contrato deverá ser assinado nos próximos dias e renderá ao Sindicato um aluguel simbólico de R$ 3 mil mensais. Em compensação, o imóvel será todo reformado pelo Palácio 17 de Julho. “A subsede estava fechada, gerando despesas para
o Sindicato. Mesmo que o aluguel seja simbólico, ainda valeu a pena pela finalidade social que o imóvel terá e pelo fato de que a prefeitura vai cuidar dele no período em que o contrato vigorar”, analisou Leandro. Tanto o aluguel da subsede do Retiro quanto a mudança da sede histórica para um imóvel próprio no quarteirão da Amaral Peixoto fazem parte da política de contenção de despesas que está sendo aplicada pela nova gestão “Vamos trabalhar neste sentido”, prometeu Odair.