Polêmica nas redes

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Por Vinícius de Oliveira

Tudo o que o prefeito Rodrigo Drable não precisava neste momento era de mais uma polêmica para cimentar seu caminho rumo a 2020. Mas dessa… não dá para fugir, por mais que tente. Agora, ele está às voltas com uma questão espinhuda, que perturba dez em cada dez prefeitos Brasil afora: pessoas em situação de rua. Segundo estimativa da própria prefeitura, Barra Mansa conta com cerca de 65 pessoas dormindo em calçadas e debaixo de marquises. Dentre elas, tem gente de tudo que é canto, inclusive da Baixada Fluminense.  

Tudo teria passado despercebido – como acontece na maioria das cidades – se um grupo não tivesse se instalado bem no coração da cidade, mais especificamente ao lado da Biblioteca Municipal, na antiga estação de trem que separa o Ano Bom do Centro. E estariam, segundo queixas de internautas, constantemente usando drogas, se envolvendo em brigas e, em época de Bienal, praticando sexo explícito. 

 A barramansense Alexandra Nascimento foi a primeira a denunciar o caso. Ao postar uma foto dramática em seu perfil no Facebook, na qual aparece um grupo de miseráveis justamente ao lado da Biblioteca Municipal, a internauta acabou, sem perceber, esquentando o debate político. “Gente, alguém tem que tomar alguma atitude. Essas pessoas estão passando dos limites. Nós que moramos por aqui não dormimos mais à noite. Antes a Guarda vinha e retirava eles daqui à noite, agora todos passam e olham eles se matando e não fazem nada”, reclamou. “Senhor Prefeito Rodrigo Drable, toma alguma atitude porque não está sendo fácil. Brigam a noite inteira, o dia inteiro. Por favor, nos ajude”, implorou. 

A foto e o apelo da jovem repercutiram na internet. Outros internautas confirmaram as denúncias de Alexandra. Entre as 72 pessoas que comentaram e compartilharam a foto, estava Ivana Alves Freire. Ela disse: “A questão não é só ajudar. Alguns aí não querem ajuda, já se acostumaram com o vício da porcaria da droga e da bebida. Tem gente aí que tem família e nem a própria família conseguiu ajudar. Então eu acho que é uma questão do Poder Público da cidade intervir sim e fazer alguma coisa por que estamos sem segurança até para passar nesse local”, pontuou. 

Cinara Oliveira jogou mais lenha na fogueira. Segundo ela, os indivíduos que ocupam o espaço não só brigam como também fazem sexo explícito. “O problema nem seria ficarem nas ruas, o problema é ficarem brigando, berrando, transando, roubando agredindo, tendo atitudes obscenas e até tentativa de estupro e sujando tudo por onde passam”, comentou. “Agora eu te devolvo sua reflexão: hoje não sou eu ou alguém da minha família que passamos por situação de risco com essas pessoas, mas futuramente pode ser”, provocou. 

Atendendo aos internautas, o aQui procurou a assessoria de imprensa da prefeitura. Em resposta, o governo afirmou que existe um conjunto de serviços oferecidos pela rede de assistência psicossocial de Barra Mansa para atender as necessidades desses indivíduos que vivem nas ruas. “A porta de entrada desse atendimento é o Centro Pop, que está funcionando provisoriamente na secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos, na Rua Oscar da Silva Marins, no Centro, próximo à prefeitura. Temos o Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) e o CRAS (Centro de Referência de Assistência Social), equipamentos públicos que prestam atendimento aos cidadãos em geral, incluindo as pessoas em situação de rua”, explicou a assessoria.  

O órgão garantiu também que a prefeitura tem atendimento específico para os que apresentam algum tipo de transtorno mental a ponto de, por exemplo, fazer sexo no meio da calçada, à vista de todos. “Aqueles que apresentam transtornos mentais e dependência ao álcool e outras drogas recebem atendimento no Caps II (Centro de Atendimento Psicossocial) – Estação Mental, localizado na Rua Cristovão Leal, Centro, no Caps AD, na Rua Professor Pedro Vaz, Centro; e no Consultório de Rua”, completou. 

Sobre os apelos da classe média, incomodada com a presença dos moradores de rua e pedindo a intervenção da Guarda Municipal, a assessoria de imprensa foi taxativa e explicou que não cabe à prefeitura expulsá-los do espaço público, mas, sim, reinseri-los na sociedade, garantindo seus direitos básicos de cidadão. “A sociedade nos pede para tirar essas pessoas da rua, da sua linha de visão. Mas essa questão exige a reinserção social e familiar desse cidadão. Eles precisam de cuidados, de uma casa para morar e de um emprego que lhe dê condições dignas de sobrevivência”. 

“A prefeitura, por meio das secretarias de Ordem Pública, Assistência Social e Direitos Humanos, realiza sistematicamente os serviços de abordagem visando o encaminhamento desses cidadãos e cidadãs aos nossos serviços. Mensalmente, os profissionais envolvidos neste processo se reúnem, enquanto rede, para traçar estratégias e ações que permitam melhorar os serviços continuamente, dentro das nossas possibilidades”, emendou a assessoria de imprensa. 

Ainda de acordo com o governo, as brigas relatadas pelos internautas são um problema quase impossível de se resolver já que o município tem carência de abrigos permanentes, e o frio acaba contribuindo para mais desavenças. “A prefeitura monitora as condições de vida destes usuários, e o serviço do Centro Pop funciona para identificar o morador em situação de rua e atendê-lo em suas necessidades. Infelizmente, o município não dispõe de um abrigo permanente. Temos dois abrigos voluntários da sociedade civil: o SOS (Serviços de Obras Sociais) e o Lar de Jesus. Nesta temporada de frio conseguimos, em parceria com o Instituto Cultural Municipal, um abrigo temporário para pernoite. Porém, não podemos obrigar essas pessoas a ficarem lá, pois estaríamos contrariando um princípio constitucional ,que é o direito de ir e vir”.  

Por fim, o governo Rodrigo Drable reitera que as políticas voltadas para essa parcela da população são pautadas em princípios constitucionais. “É preciso ter clareza de que moradores em situação de rua é um problema que afeta a sociedade em várias cidades do país. Há de se levar em consideração uma série de fatores, como o índice do desemprego, o uso de álcool e outras drogas e os transtornos mentais e de comportamento existentes também nesse meio”, argumentou, afirmando que está à espera de projetos prometidos pelo governo do Estado para o setor. “Será muito bem-vindo, porém até o momento ainda não fomos contemplados com a proposta”, finalizou