Foto: Luiz Vieira
Depois de receber várias reclamações de quem gosta de caminhar pela popular Beira-Rio (Avenida Adalberto de Barros Nunes) – que tinha tudo para ser o melhor local para isso em Volta Redonda –, a reportagem do aQui chegou à triste conclusão: a pista de 5 km e a ciclovia que existe em toda a extensão estão ‘fora de forma’. Ou seja, estão abandonadas. Quase impraticáveis.
E provas disso não faltam. Para começar, os 5 km, na sua maioria, vivem sujos, com galhos e folhas espalhadas por toda parte, piso quebrado, solto, remendado e desnivelado, podendo provocar acidentes nas centenas de pessoas que passam por lá diariamente, sem contar o mato alto. Para piorar, a grade metálica que serviria de proteção, pintada recentemente, não foi toda recuperada. Em alguns trechos, nem existe mais, e as que estão danificadas ou quebradas não foram recuperadas. Mas foram pintadas assim mesmo. Tem mais. As lâmpadas que existiam nos muros à beira do rio também foram destruídas. Não iluminam mais nada.
O engraçado é que quem passa pela Beira-Rio descobre que, há pouco tempo, o prefeito Neto e o governador Cláudio Castro, acompanhados por uma penca de secretários municipais e estaduais, estiveram por lá para promover a ‘entrega das melhorias e reformas da Nova Beira-Rio’ que o Poder Público fez. Ou deveria ter feito. Foi no dia 4 de outubro do ano passado, com direito a show do grupo Golden Boys, quando Neto e Castro anunciaram a construção de uma nova ETA no Aero Clube. No dia, Castro ficou tão animado que cantou, tocando violão, a música “É preciso saber viver”, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos.
A cena – de Castro cantando e tocando violão – não saiu da memória de um dos volta-redondenses que caminham pela Beira-Rio. “Eles entregaram as ‘melhorias’ e foram embora”, ironizou, indo além: “Aqui tem tudo para ser a melhor pista de caminhada de Volta Redonda. Tem, mas não é”, compara, lembrando que o abandono afeta até a se- gurança dos que praticam o esporte ou simplesmente dos que passam pelo local, indo ou voltando do serviço, como os operários da CSN que utilizam a entrada oeste da Usina Presidente Vargas.
Ele tem razão. Até o posto avançado da GM existente na Beira-Rio está abandonado. “Os guardas sumiram daqui”, garante um senhor, já aposentado, que tem o costume de fazer caminhadas aos sábados e domingos. Ele, que se identificou como Edir, fez questão de mostrar à reportagem que o posto da GM e as construções que funcionariam como quiosques estão sem portas, janelas, torneiras e vasos sanitários. Não servem para mais nada. Nem luz têm. O banheiro de um deles parece um chiqueiro, tamanho fedor.
Outro volta-redondense inconformado com o abandono da Beira-Rio vai além. “Agora, o posto da guarda municipal só serve para abrigo de moradores em situação de rua e até para os ‘cracudos’”, disparou Alexandre Correia de Melo, de 57 anos, que caminhava com a mãe na manhã de sábado, 16. “Eles usam o posto que era da guarda para se drogar. Lá vive cheio de seringas”, comentou. “Sem contar o mau cheiro, já que utilizam os postos também para fazer suas necessidades físicas”, acrescentou.
Detalhe: no Posto Avançado da Guarda Municipal de Volta Redonda, que leva o nome do GM Edevaldo Lourenço Sala- margo, há claros sinais de focos do mosquito da dengue. O hidrômetro da unidade foi arrancado e vaza água 24 horas por dia, e há enormes poças de água ao lado e atrás do postinho, sem que apareça a vigilância sanitária para interditar o local. “O ideal seria que mandasse recuperar, mas, como isso é difícil, pode interditar mesmo”, sugeriu Alexandre.
Quase na divisa com Barra Mansa, o local onde funcionaria um quiosque está em estado de miséria, sem portas e janelas. E o que um dia foi um ponto de atração turística, idealizado pelo ex-prefeito Aloísio de Campos Costa para servir como ‘parada de hidratação’, com direionde as crianças brincavam tomando banho foram roubadas. Hoje só se vê os encanamentos que jogavam a água para o alto. Passaram a servir de residência para o mosquito da dengue. À noite, quem passa pela antiga parada de hidratação pode cair em um dos buracos existentes e se machucar, é claro. “Se não querem arrumar – é o que parece –, que cimentem tudo para que ninguém caia e quebre o pé”, sugere outro frequentador da Beira-Rio. Até mesmo as crianças estão sendo prejudicadas com o abandono da ‘Nova’ Beira-Rio, que de nova não tem mais nada. É que os parquinhos
VR, começou uma obra e largou tudo ao deus-dará.
Quanto aos cinco quiosques existentes – sendo três deles ao lado da passagem oeste da CSN –, estão totalmente sem uso desde que foram construídos. Uma fonte do aQui garante que a prefeitura, para ceder os quiosques, teria de promover um chamamento público, exigido pelo Ministério Público. E é aí que mora o problema. Como o MP não permite a venda de bebidas alcoólicas e frituras de salgadinhos, por exemplo, ninguém se interessa em ocupá-los. “Foi dinheiro jogado fora”, avalia a fonte, que pede que seu nome não seja revelado.
Foto: Divulgação
NOTA DA REDAÇÃO: A prefeitura de Volta Redonda foi procurada para falar a respeito dos problemas encontrados na ‘Nova’ Beira Rio e pouco acrescentou à matéria. Disse que o mato vem sendo cortado, mas que, devido às chuvas, cresce rapidamente. Quanto aos quiosques, confirmou a informação de que o uso depende do chamamento público exigido pelo MP e adiantou que não existe procura por eles. E, por último, anunciou que o “posto avançado da GM pode vir a ser usado, em breve, pela Secretaria de Ação Social em conjunto com a Guarda Municipal. A boa notícia é que na manhã de quinta, 21, uma equipe da prefeitura de Volta Redonda iniciou os trabalhos de limpeza geral na Nova Av. Beira Rio (ver foto).