Após ter acesso às informações colhidas pela CPI da Injeção e pela Comissão Processante que investiga a extorsão que teria sido feita por Paulinho do Raio-X contra Samuca Silva, a Procuradoria do Município denunciou, à 1ª Vara Cível de Volta Redonda, o advogado Luiz Henrique, genro de outro vereador: Carlinhos Santana que, pela denúncia, teria participado de um suposto esquema para livrar o prefeito das enrascadas na Câmara como, por exemplo, pedidos de impeachment.
De acordo com as informações, às quais o aQui teve acesso, com exclusividade, Luiz Henrique teria sido o primeiro personagem da trama. “Eu fui convidado pelo advogado (Luiz Henrique, grifo nosso) para dar uma volta. Ele me questionou sobre o financiamento de R$ 80 milhões que Samuca pretendia conseguir junto à Caixa Econômica e que não conseguiu. O advogado queria convencer Samuca a admitir que não tinha base para o pedido de empréstimo e pagar a ele 20% referentes às custas do processo”, diz o depoimento do assessor, que não será identificado para não atrapalhar as investigações.
No depoimento, o processo ao qual o ex-assessor se refere é o que foi aberto por Paulinho do Raio-X, Carlinhos Santana e Neném através de Luiz Henrique, onde o advogado pedia explicações e documentos para a prefeitura referentes ao empréstimo. “Ele queria que o prefeito pagasse R$ 1 milhão, admitisse que não teria como pedir o empréstimo e, assim, o impeachment não avançaria”, completou.
Em entrevista ao aQui, Luiz Henrique, ao se defender, disse que a história não é bem essa. “Fui procurado em nome do prefeito Samuca, por intermédio do assessor, que perguntou como poderia me ajudar para que eu travasse o pedido de impeachment na Câmara. Eu falei sobre o processo e pedi R$ 1 milhão como valor de sucumbência. Mas quem é do meio sabe que isso seria totalmente inviável, um pedido sem pé nem cabeça, já que a custa do processo foi de mil reais, logo 20% disso nunca daria um milhão”, contou o genro de Carlinhos Santana.
Ainda de acordo com o advogado, a intenção ao pedir um valor tão alto era a de “entreter” Samuca em busca de novas informações. “Como o Samuca entrou em contato pedindo ajuda para travar o impeachment, percebi que ele estava disposto a tudo, então pedi o dinheiro. Queria manter ele entretido, iludido de que poderia ajudá-lo. Se ele aceitasse, provaria as intenções do prefeito. Eu nunca pensei que receberia esse dinheiro, até porque é um valor absurdo. Mesmo que tivesse a intenção, como seria a prefeitura a pagar, cairia nos processos de precatório e só receberia – se recebesse – daqui a dez anos”, justificou Luiz Henrique, afirmando que tem uma captura de tela de uma mensagem mandada por Samuca marcando um encontro justamente para tratar do assunto. “O print está guardado a sete chaves”, completou o advogado, se recusando a mostrar a foto.
Ao ser questionado se não estaria agindo de má fé, já que nem Samuca nem o ex-assessor são da área jurídica e, portanto, não teriam conhecimento de que o valor pedido seria abusivo e impossível de consegui-lo, Luiz Henrique negou. “Não é má fé porque eu nem trabalho na Câmara. Não sou nomeado lá e deixei claro na conversa com o assessor que Carlinhos Santana não poderia saber de nada disso. Então como eu poderia ajudar o prefeito a travar o processo de impeachment? Não agi de má fé”, afirmou o advogado, desconsiderando o fato de que seu grau de parentesco poderia, sim, influenciar nas intenções de Carlinhos Santana. “O que o prefeito e o assessor precisam fazer é rezar na Cúria Diocesana”, completou, dando um recado cifrado a Samuca, preferindo não explicar o significado.
O aQui também conversou com o presidente da CPI da Injeção, vereador Rodrigo Furtado. Embora tenha dito que está na fase final do processo e que pretende encerrá-lo antes do fim deste mês, ele informou ao jornal que ainda tem muita coisa para acontecer. “Sabemos que as investigações da parte criminal, feitas pela Polícia, estão sob sigilo e, com isso, não tenho todos os detalhes. Mas uma coisa é fato, diligências estão acontecendo e isso nos sugere pedidos de busca de apreensão e quebra de sigilo telefônico”, adiantou o parlamentar. “Se isso acontecer, com certeza mais revelações virão”, disse, tentando criar aquele ar de mistério. Conseguiu.