Fotos: Felipe Vieira
Na manhã de segunda, 4, o Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit) começou a demolir os galpões abandonados (há mais de uma década) do bairro Roberto Silveira, localizados próximo à sede da prefeitura de Barra Mansa. A obra faz parte do projeto ‘Pátio de Manobras’ e gerou o maior bafafá no meio político local. “Nosso repúdio pela demolição do galpão antigo, que poderia ser usado para um novo espaço cultural”, escreveu, por exemplo, a ex-prefeita Inês Pandeló (PT) em sua página no Instagram. A postagem não rendeu muitos likes, pois apenas 20 internautas curtiram a crítica feita por Pandeló, que teve sua chance, quando comandava a prefeitura, de desapropriar a área e criar o seu espaço cultural. Um dos internautas, que se identificou como Patrick Chiesse, comentou que quando ainda era criança tentaram “demolir a antiga estação também. E quase conseguiram”, escreveu, referindo-se à Estação Ferroviária, existente no centro da Cidade.
O caso foi relembrado por Pandeló. “Teve muita luta para a estação estar de pé hj. Lembro do poeta Marco Medeiros (jornalista, grifo nosso) que se dependurou na janela da estação com sua capa o dia todo para chamar a atenção da população”, pontuou. Mais engraçado é que a demolição dos galpões provocou reações tardias, como de uma internauta que sugeriu a Pandeló que os galpões fossem tombados pelo patrimônio histórico. Como se, já demolidos, os galpões pudessem ser preservados. Ou seja, a sugestão esteve nas mãos dos vereadores de Barra Mansa por anos e anos, e ninguém pensou nisso. Nem os parlamentares do PT. Mas o privilégio não foi só dos vereadores. Antônio César Silva, o Tuca , ex-secretário de Planejamento do governo Jonas Marins, também se posicionou contra a demolição dos galpões.
“Nos cadernos de obrigações das renovações das concessões ferroviárias, existem verbas específicas pra serem investidas nas ‘Memórias ferroviárias’”, escreveu, indo além. “Barra Mansa mais uma vez jogando sua história no lixo… Essa área poderia ser restaurada, e transformada num centro de tradições e memórias ferroviárias”, completou, encerrando sua postagem com uma crítica ao atual governo. “Não falta dinheiro, falta compromisso com nossa história e tradições”. O que Pandeló e Tuca não imaginaram é que os dois mexeram em casa de marimbondos. Procurado pelo aQui, o prefeito Rodrigo Drable não deixou por menos. “São duas pessoas que representam de forma
bem clara o atraso da cidade. Uma ex-prefeita que deixou dívidas que até hoje tiram dinheiro da prefeitura, que prejudicou os funcionários e de quem o povo tem pavor. O outro (Tuca, grifo nosso) nunca conseguiu entregar nada. Teve vários cargos, mas não teve competência para se estabelecer”, disparou Drable. “Eles têm direito a opinião, mas a população não se importa muito com o que eles falam e pensam”, completou.
Não satisfeito, Drable continuou falando sobre a ex-prefeita de Barra Mansa. “Inês quis apoiar um candidato (Tiago Valério, do PDT, grifo nosso) nessa eleição. O cara teve que negar que tinha o apoio dela, porque ela tira voto… Essa turma tem que procurar outra cidade para tentar prejudicar”, sugeriu.
Na entrevista, Rodrigo Drable confirmou que chegou a pensar em aproveitar os galpões do Roberto Silveira, hoje sendo demolidos. Uma das opções seria criar uma espécie de mercado central, como o de São Paulo ou de Belo Horizonte. Foi obrigado a desistir. “Eu tive essa ideia. Mas, infelizmente, a estrutura não aguentava uma reforma geral. Os tijolinhos de barro já estavam muito apodrecidos”, explicou, encerrando a polêmica criada pela oposição ao seu governo.
Mudanças
O processo de demolir os galpões que estavam abandonados foi resultado de um pedido do prefeito Rodrigo Drable durante uma audiência pública realizada no mês passado na sede da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), no Rio de Janeiro. No encontro, Drable ressaltou como a população de Barra Mansa sempre foi afetada por causa da linha férrea que passa pela região central do município.
“Nós sofremos diretamente com esse problema diuturnamente, principalmente à noite, quando o apito do trem acorda a cidade inteira. Estou falando de centenas e centenas de famílias que são afetadas diariamente. A cidade para a cada 18 minutos. A cada 18, nós paramos 20 em função da ferrovia”, disse o prefeito, que comentou ainda que apenas 1,5% do valor a ser investido pela concessionária VLI nos próximos 30 anos será direcionado para a resolução de conflitos urbanos.
A respeito das melhorias proporcionadas pela demolição, o secretário de Planejamento Urbano, Eros dos Santos, disse que a ação vai contribuir significativamente para otimizar o fluxo de veículos e a mobilidade urbana. “Essa demolição dos galpões abandonados representa um passo importante para a conclusão das obras do Pátio de Manobras. Já visualizamos vários reflexos dessa transformação no município e em breve teremos uma nova avenida, ampliando a fluidez no trânsito na região central”, frisou Eros.