Como nasce um lixão

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Roberto Marinho

Maurício Ruiz, secretário de meio Ambiente de Volta Redonda, deve ter ouvidos de mercador. Desde que assumiu a pasta, em julho de 2018, ele corta a região do Belvedere – vindo de Miguel Pereira, para onde pretende voltar se for eleito prefeito da cidade – e nunca viu a Lagoa do Belvedere, que hoje já não existe mais. Também nunca deve ter visto, e olha que o aQui já mostrou, em pelo menos cinco edições, o nascer e o crescimento de um famigerado lixão, quase ao lado do Hospital da Unimed.     

 

Quando o lixão ainda era uma ‘criancinha’, em 2018, formado por uns poucos sacos de lixo e restos de obra, ninguém dava bola pra ele. Era feio, mas era pequeno. Só que, em março deste ano, ele começou a crescer e ganhar televisões velhas, pneus, restos de obra e lixo orgânico. Ganhou até a primeira ‘caquinha’, largada pelo chão, com os papéis higiênicos sujos ao lado. Em abril, já na adolescência, começou a aborrecer os titulares das secretarias de Meio Ambiente (Maurício Ruiz) e Infraestrutura (Toninho Orestes, um dos pré-candidatos a vereador no ano que vem).

 

Os dois, através de seus zelosos funcionários, responderam que iam dar uma enquadrada no jovem lixão. Iam até procurar os pais (culpados) por colocá-lo no mundo e deixá-lo, como mostra a foto, totalmente abandonado à própria sorte. Afirmaram, inclusive, que teriam removido parte da sujeira, mas os cidadãos –sem nenhuma educação – estavam dispostos a alimentar o jovem guloso. Agora, o aQui tem o desprazer de anunciar que o jovem tomou corpo, engordou. Virou um lixão de verdade. Adulto, daqueles que se admira com espanto: “Como pode ter crescido assim tão rápido?”, é o que mais se ouve nas redondezas.       

 

Todo serelepe, o jovem e eclético lixão está recheado de todo tipo de detrito: restos de obra (muita quantidade), pneus velhos, inteiros e/ou queimados, pedaços de móveis, sacos e mais sacos de lixo orgânico comum, e muito mais. Virou gente grande de verdade, daqueles que sujam as ruas. Quem não está gostando nada disso são os motoristas que usavam a servidão para escapar do preço cobrado pelo estacionamento do Hospital da Unimed. Era ali que eles estacionavam, e de graça.

Resta saber se o jovem adulto terá apoio de Ruiz e Orestes para fincar raízes, vivendo a vida leve e solta, sem compromissos. Gente mal educada para alimentá-lo, pelo visto, tem de sobra. Para não combatê-lo também.