Em um ato que classificou como de ‘grandeza’ e por amor à cidade, o empresário Bruno Marini decidiu abrir mão da candidatura a prefeito de Barra Mansa pelo Novo. Tem mais. Depois de ouvir os candidatos a vereador pela legenda e ainda analisando os prós e contras da sua decisão, resolveu apoiar a pré- candidatura do ex-deputado estadual Marcelo Cabeleireiro, do União Brasil. A possibilidade aventada por muitos (até por ele, grifo nosso) de que poderia sair como candidato a vice também está totalmente descartada. “Nossa decisão vai impulsionar a campanha do Marcelo Cabeleireiro”, aposta Bruno.
O apoio à campanha de Marcelo Cabeleireiro, seu ex- adversário, não significa votos. Muito pelo contrário. “O importante é que a campanha do Marcelo Cabeleireiro terá nosso apoio e também apoio do grupo do qual faço parte. Somos todos formadores de opinião e é isso que conta”, teoriza Bruno, garantindo ao aQui que as pessoas que fazem parte desse grupo teriam em comum um alto grau de rejeição ao atual governo (Rodrigo Drable) e ao seu pré-candidato, o vereador Luiz Furlani. “O governo tem muita rejeição no meio empresarial, no meio médico e junto aos eleitores. Está desgastado, e o candidato é fraco”, avalia.
Bruno a partir de agora também vai se lançar de corpo e alma na eleição para a Câmara de Barra Mansa. “Nós continuaremos indo às ruas para pedir voto dos eleitores de Barra Mansa. Só que agora não serão para mim. Vamos lutar pela eleição do Marcelo Cabeleireiro e dos nossos candidatos a vereador pelo Novo”, disse, anunciando que pelo menos um parlamentar a legenda terá
condições de eleger. “Talvez até dois”, concluiu.
Reações
Entre a tarde de quinta, 18, quando a bomba já começava a dominar o meio político de Barra Mansa, e a manhã de ontem, sexta, 19, a reportagem do aQui tentou ouvir os mais interessados, Thiago Valério e Luiz Furlani, pré-candidatos a prefeito pelo PDT e PL, respectivamente. Procurou, inclusive, Rodrigo Drable, criticado por Bruno na sua entrevista. Drable, entretanto, não quis dar ibope aos adversários. “Não quero entrar em polêmica com eleição que não estou disputando”, justificou.
Luiz Furlani, entretanto, não fugiu da polêmica. Muito pelo contrário. “O processo político é dinâmico. E em Barra Mansa não é diferente. É um processo natural de pré-candidatos”, entende, indo além. “Não acho que tenha nada de ‘novo’ nesse quadro político, pelo contrário. A oposição de Barra Mansa se apresenta de uma maneira muito agressiva e com poucas propostas. Até porque está nas ruas e vendo como a cidade continua sendo transformada. É o mesmo cenário das últimas eleições
quando a maioria dos barra- mansenses já deixou claro que não quer mais retrocessos políticos”, disparou.
Como pré-candidato a prefeito pelo PL, Furlani garantiu ao aQui que não vai mudar sua estratégia para o dia 6 de outubro. “Estamos no meio da pré-campanha e temos um planejamento estratégico que estamos executando. Meu foco agora é andar por toda a cidade para ouvir as pessoas, suas ideias e solicitações, para formatar uma proposta de plano de governo. Enfim, sigo trabalhando e me preparando”, comentou.
Thiago Valério foi além. Adiantou ao aQui que já esperava pela ‘novidade’. “A retirada da candidatura de Bruno Marini não nos causa surpresa. Essa possibilidade de um número reduzido de candidatos em Barra Mansa já era considerada”, disparou, evitando comentar as possíveis razões que levaram o candidato do Novo a desistir da empreitada. “Não posso falar pela decisão dos outros, só posso afirmar que a nossa pré-candidatura a prefeito de Barra Mansa continua firme e crescendo e será confirmada, nos próximos dias, na convenção do PDT em Barra Mansa”, disse Valério.
2026 (I)
A aliança entre Bruno Marini e Marcelo Cabeleireiro pode ter sido sacramentada em torno de alguns acordos. O primeiro, segundo uma fonte, que pede que seu nome não seja revelado, é que Bruno não estaria indo bem nas pesquisas informais sobre as eleições. “Ele preferiu fechar um acordo com o Marcelo envolvendo as eleições de 2024 e 2026. Agora o Bruno apoia o Marcelo e, em 2026, o Marcelo apoia o Bruno”, teoriza, indo além. “O acordo é para o Marcelo apoiar exclusivamente o Bruno para deputado em 2026”, acrescenta. Ela pode estar certa, mas fica a pergunta: e se Cabeleireiro não vencer as eleições para prefeito? O que os dois fariam, então? Cartas para a redação…
Pelo que o aQui apurou nos bastidores da vida política de Barra Mansa, o acordo entre Bruno Marini e Marcelo Cabeleireiro passa também por garantir ao empresário das águas, caso a dupla saia vitoriosa na eleição municipal, o controle do Saae-BM. “O Marcelo prometeu entregar ao Bruno o comando do Saae”, dispara a fonte, lembrando de um detalhe importante ainda não explicado. Se Cabeleireiro vai desistir de um suposto processo que teria movido contra uma das aliadas de Bruno, por calúnia e difamação.
2026 (II)
Na rápida entrevista sobre a aliança dos adversários, o prefeito Rodrigo Drable acabou falando do acordo entre eles para as eleições de 2026. “Eles têm o mesmo perfil. Eu pretendo ser candidato a deputado federal, e o meu candidato a estadual será o Munir Neto. Como o Neto deverá ser reeleito e o prefeito de Barra Mansa deverá ser o Furlani, teremos a partir de 2026 dois deputados que vão brigar juntos pelas nossas duas cidades”, disse, reconhecendo, pela primeira vez, que deverá se candidatar à Câmara e não à Alerj, como muitos imaginavam até então.