Por Pollyanna Xavier e Manu Porfírio
Uma das mais antigas e tradicionais siderúrgicas de Barra Mansa, a ArcelorMittal – antiga SBM – será fechada. A decisão foi tomada no início da semana pela diretoria da empresa e já foi comunicada ao Sindicato dos Metalúrgicos. Parte dos trabalhadores será demitida – ainda não se sabe o número dos dispensados – e outra parte será transferida para a unidade de Resende. Em entrevista exclusiva ao aQui, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Silvio Campos disse que desde abril de 2018 vem tentando negociar com a empresa, sem muito sucesso. “Se a empresa fechar as portas, Barra Mansa não suportará”, avaliou Silvio.
A ideia da empresa, segundo Silvio Campos, é fechar a aciaria de Barra Mansa por cinco meses – reabrindo-a em junho. Silvio, porém, não acredita na reabertura da unidade. Segundo ele, nas inúmeras reuniões que teve com a diretoria regional da ArcelorMittal, o sindicato não conseguiu nenhum benefício para os trabalhadores demitidos, muito menos uma promessa da empresa de manter a unidade em funcionamento. Silvio chegou a pedir a manutenção do plano de saúde dos demitidos por três meses; seis meses de cesta básica e o pagamento de um salário a título de gratificação. “A empresa ficou de estudar a proposta e nos prometeu dar uma resposta”, disse, incrédulo.
Ontem, sexta, 1, Silvio ligou para o prefeito de Barra Mansa, Rodrigo Drable, expondo o problema e pedindo ajuda. “Agendamos uma reunião com o Rodrigo e ele ficou de ligar para o Rodrigo Maia (deputado federal). Vamos tentar chegar até o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), porque foi o órgão que autorizou a fusão da Votorantim com a ArcelorMittal. Eles têm responsabilidade social sobre o que está acontecendo com a empresa depois da fusão”, disse Silvio. Outra questão levantada pelo sindicalista é que, com a ajuda do prefeito de Barra Mansa, o Sindicato vai tentar reunir a sociedade civil organizada, para pressionar a ArcelorMittal a voltar atrás.
Em contato com o prefeito Rodrigo Drable na tarde de ontem, dia 1, ele confirmou que vai buscar, junto com Silvio Campos, resolver o problema com a ArcelorMittal, e garantiu que vai recorrer a Brasília para reverter a decisão da empresa. “Na verdade não existe nada concreto ainda (de fechamento). O Silvio e eu estamos preocupados e atentos para que o fechamento da empresa não aconteça. Se necessário iremos ao Cade, sim. Na próxima semana teremos reunião com o Rodrigo Maia para pedir apoio na negociação”, comentou Rodrigo.
A ArcelorMittal, segundo Silvio Campos, teria decidido fechar a aciaria de Barra Mansa por cinco meses, a partir de ontem, sexta, 1º, para garantir a modernização da unidade. Não há, porém, qualquer promessa, por parte da empresa, de que a unidade será reaberta ao final deste período. Por outro lado, Silvio diz que a Arcelor alega estar enfrentando uma crise financeira. “O Sindicato espera não ter mais surpresas com essa política de modernização implantada pelo grupo na unidade de Barra Mansa”, destacou Silvio, explicando que, desde a fusão, a Arcelor vem realizando demissões alegando necessidade de “modernização”.
Toxicológico
Outro assunto que entrou na pauta de discussões entre Sindicato e Arcelor foi a implantação do exame toxicológico, que a empresa insiste em implantar nas suas unidades. Há alguns anos, a (antiga) Votorantim já tinha tentado fazer isto, o que causou um grande tumulto entre seus trabalhadores. Na época, quem chegava para trabalhar era submetido a um teste do bafômetro logo na portaria. Se fosse detectado um determinado teor alcóolico, o trabalhador voltava pra casa imediatamente. Esta prática durou alguns meses e causou constrangimento entre os operários. O Sindicato interveio e conseguiu impedir que a empresa continuasse com o exame, o que pretende retomar. “O sindicato é radicalmente contra essa medida, já que afeta diretamente a vida social do trabalhador. Essa conduta pode prejudicar inclusive na sua produção ou causar acidente, já que afeta o estado emocional do trabalhador”, pontuou Silvio.