terça-feira, março 19, 2024
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Alerta vermelho

Fiquem em casa

Por Pollyanna Xavier

Uma avalanche de informações – verdadeiras e falsas – que circulam nos grupos de WhatsApp e nas redes sociais, tem levado muita gente a negligenciar as orientações oficiais das autoridades de Saúde sobre o Coronavírus. Memes, piadas, vídeos, áudios com orientações sem fundamento – como a que ensina produzir álcool gel em casa – só tem servido para desviar a atenção das pessoas, que parecem acreditar mais nas fake news do que nas notícias veiculadas nos jornais. O alerta é da secretaria de Estado de Saúde, que desde o início da semana vem publicando informes contra essa prática. O esforço é para que pessoas levem a sério o momento epidemiológico do Brasil e do mundo e sigam, à risca, as instruções das autoridades em Saúde.

A preocupação tem razão de ser. Em apenas quatro dias, os casos de Covid-19 no estado do Rio mais que dobraram. A secretaria de Estado de Saúde informou que registrou, até ontem, sexta, 20, 109 casos confirmados, 1.701 casos suspeitos e 2 óbitos por coronavírus (Covid-19) no estado do Rio de Janeiro.

Os casos confirmados estão distribuídos da seguinte maneira: Rio de Janeiro (89), Niterói (10), Petrópolis (2), Barra Mansa (1), Guapimirim (1) e Miguel Pereira (1). Há ainda três (3) estrangeiros confirmados para a Covid-19, além de dois (2) casos com o local de residência em investigação.

Em Volta Redonda, conforme números fornecidos pelo prefeito Samuca Silva, a cidade conta com 86 casos suspeitos do novo coronavírus, sendo que 25 já foram descartados. Os demais – 61 – estariam em isolamento domiciliar.   Em Barra Mansa, o prefeito Rodrigo Drable anunciou que os testes em 10 novos pacientes deram resultados negativos. A secretaria de Saúde diz que no município já são 85 casos descartados e um confirmado, que não apresenta mais os sintomas de Covid-19 e já retornou às suas atividades. “Apesar das diversas informações erradas, fake news divulgados, temos apenas um caso positivo, que depois dos exames já foi curado. É um único caso. Acabamos de receber dez resultados, todos negativos”, pontuou.

Durante a semana, vários órgãos públicos e privados emitiram notas oficiais com medidas para o enfrentamento da nova doença. Dentre eles o próprio governo Witzel que mandou fechar as fronteiras do estado. Chegou ao ponto de proibir a circulação de ônibus da capital para o interior e vice-versa. Ou seja, ninguém de Volta Redonda e região podia viajar para o Rio e ninguém da capital podia vir para a cidade do aço e municípios vizinhos. O transporte de passageiros interestadual também foi impedido de circular. Viajar para São Paulo, por exemplo, só de carro, ou a pé. O mesmo serve para quem pretende viajar de ônibus para Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Distrito Federal e demais estados em que a circulação do vírus for confirmada ou que a situação de emergência seja decretada.

Comércio

Na noite de quinta, 19, a Justiça de Volta Redonda criou a maior confusão. A princípio, o comércio local deveria ficar fechado. Shows, eventos esportivos e até a tradicional feira livre deveriam ser proibidos, conforme pedido do MPE em Ação Civil Pública, onde o órgão solicitou a suspensão de eventos e atividades com a presença de público que envolve aglomeração de pessoas. O pedido incluía o fechamento de shoppings, centros comerciais e estabelecimento congêneres, além dos mercados populares da cidade do aço.

Outras medidas para impedir a proliferação do coronavírus já tinha sido adotada em Volta Redonda e municípios da região, como o cancelamento das aulas nas redes pública e privada de ensino, além da suspensão de alguns serviços públicos, fechamento de cinemas, teatros, clubes e espaços públicos como quadras, campos sintéticos, o zoológico e o Parque Aquático, em Volta Redonda, e o Parque da Preguiça, em Barra Mansa. Depois destas medidas, parte da população ainda permaneceu nas ruas, o que levou o Corpo de Bombeiros a percorrer determinados locais para orientar às pessoas a voltarem para suas casas. Nem todos voltaram. Os bares da Colina, na noite de quinta, 19, estavam cheios como sempre.

Na quarta, 17, o Detran emitiu nota oficial informando a população sobre o fechamento de todas as 495 unidades de atendimento em todo o estado. Os casos de emergência serão atendidos no edifício-sede e em alguns postos do interior, como em Volta Redonda. O calendário das unidades que ainda mantém atendimento está disponível no site do Detran-RJ. A determinação do fechamento veio depois que funcionários do edifício-sede tomaram conhecimento de que pessoas infectadas com o novo Coronavírus buscaram atendimento em algumas unidades da capital e do interior. Diariamente novos órgãos do Estado têm divulgado notas oficiais informando sobre a suspensão de serviços.

Em boletim divulgado horas antes do fechamento desta edição – e que provavelmente já foi atualizado no momento em que você lê esta reportagem – Volta Redonda tinha registrado 77 notificações da doença, e nenhum caso confirmado. O número não era aceito pela população. A toda hora alguém postava nas redes sociais que um vizinho, um amigo, um amigo do amigo, estava infectado. E estariam todos no Hospital São João Batista, no Hospital do Retiro, no Hospital Unimed etc. Chegou ao WhatsApp do jornal um áudio alarmando a população de que uma pessoa teria morrido na ‘UHG’ (antigo Hospital São João Batista) por corona-vírus. A informação, claro, era falsa.

O prefeito Samuca, que não interrompeu suas atividades públicas, promovendo suas ‘realizações’ até ao lado do Bispo D. Luiz, mandou suspender as viagens dos ônibus da Tarifa Zero e limitou o atendimento ao público no Palácio 17 de Julho a 10 pessoas por vez na recepção. Ontem, Sa-muca se reuniu com feiran-tes, promotores do MP e alguns secretários para discutir a decisão que impediu a realização da Feira Livre. No encontro ficou acertado que a Feira vai funcionar parcialmente, ou seja, apenas com barracas de alimentação. Mesmo assim, as barracas deverão ser montadas a uma distância de sete metros entre elas.

Outra medida acertada foi em relação a abertura de bares, restaurantes e lanchonetes. Eles deverão reduzir em 30% o horário de funcionamento. Quem descumprir poderá sofrer sanção. 

A situação de Barra Mansa e de outros municípios da região

Barra Mansa tem uma particularidade quando se fala em coronavírus. O município foi o primeiro do estado a confirmar um caso da doença. Trata-se de uma servidora da prefeitura que, em fevereiro, retornou de um período de férias pela Europa e visitou algumas cidades da Itália, dentre elas Lombardia. A mulher, de 27 anos, está curada da Covid-19. Este foi o único caso confirmado até agora em Barra Mansa. O total de notificações, porém, chegou a 19, fazendo com que o município ocupasse o terceiro lugar no ranking de casos suspeitos entre as cidades do Sul Fluminense.

Dentre as medidas para evitar o contágio do vírus, a secretaria de Ordem Pública de Barra Mansa anunciou o fechamento do terminal rodoviário Comendador Geraldo Ozório, no centro da cidade. Com a medida, nenhum ônibus entra ou sai do terminal, impedindo (ou reduzindo) a circulação de linhas municipais e intermunicipais pela cidade. A medida segue a recomendação do governador Wilson Witzel, de restringir a entrada de transporte coletivo de passageiros vindos de localidades com casos suspeitos ou confirmados de Coronavírus.

Outras duas últimas medidas tomadas pela prefeitura de Barra Mansas foi a suspensão da cobrança do estacionamento rotativo no centro da cidade e a orientação sobre corona-vírus para a população de rua. Sobre o estacionamento rotativo, o prefeito Rodrigo Drable justificou a suspensão dos serviços como medida de segurança para resguardar a saúde dos trabalhadores que operam o estacionamento.

Em Porto Real, somente os serviços públicos essenciais estão funcionamento normalmente. A cidade, de pouco mais de 18 mil habitantes, registrou dois casos suspeitos da doença. Os supermercados do município estão praticando o serviço de compras por WhatsApp com entrega em domicílio. O Horto Municipal foi fechado, e as empresas do polo industrial (ver box) estão tomando medidas de segurança e monitoramento constante. A situação é de alerta máximo!

Medidas adotadas pelas empresas

As maiores empresas da região não pararam. Mas adotaram medidas de proteção para diminuir – sim, porque evitar é impossível – o contágio entre seus colaboradores. No Tecnopolo, por exemplo, grupo de Porto Real que reúne empresas que prestam serviços para Peugeot e Nissan, todo funcionário, visitante ou fornecedor tem a temperatura verificada na portaria, antes de começar o dia de trabalho. Se o colaborador apresentar temperatura superior a 37.5º é impedido de entrar na fábrica. Aqueles que apresentam sintomas de tosse e coriza são orientados a procurarem uma unidade de saúde para avaliação.

A situação da Peugeot e da Nissan é mais pesada. A montadora francesa, localizada em Porto Real, vai parar (férias coletivas forçadas) na próxima segunda, 23, e a previsão de retorno é somente em 17 de abril. Já a Nissan, em Resende, a previsão de parada é do dia 3 ao dia 24 de abril. Segundo uma fonte ouvida pelo aQui, as duas montadoras teriam antecipado férias coletivas em função do cenário epidemiológico desenhado pelo coronavírus. “É uma mistura de crise econômico com crise na saúde. Juntou tudo e as montadores resolveram parar”, contou a fonte, sem fornecer mais detalhes.

A CSN, primeira empresa de São Paulo a registrar um caso de coronavírus na capital paulista, emitiu nota à imprensa sobre a postura adotada na Usina Presidente Vargas. Por e-mail, a empresa informou que tomou medidas cabíveis para o enfrentamento da doença e que vem seguindo todas as recomendações das autoridades em saúde, e que está orientando seus funcionários na higiene das mãos, limpeza das unidades da UPV, restrição de visitas, acompanhamento médico, viagens e contatos, entre outros.

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