Por Mateus Gusmão
O leitor do aQui que acompanha o jornal pelas redes sociais se surpreendeu no domingo, 5, ao ver em primeira mão um vídeo de uma briga generalizada na Praça da Colina, em Volta Redonda. O local, que é um dos principais pontos boêmios da cidade, tornou-se ponto de aglomeração e baderna nos últimos meses, segundo reclamações dos moradores. A briga, que ocorreu na noite do sábado, 4, não foi separada por policiais da PM ou por agentes da Guarda Municipal. Pelo contrário. A ingrata tarefa ficou a cargo dos garçons de alguns bares da praça que se arriscaram a apartar os brigões, em meio a cadeiras e mesas que eram usadas como armas pelos envolvidos no tumulto.
O detalhe é que, de acordo com moradores, a Colina voltou a virar ponto de baderna – como ocorreu em anos anteriores – e eles não têm onde recorrer, ou a quem recorrer. Uma moradora, que não quis se identificar com medo de represálias, chegou a enviar um pedido de socorro ao grupo de WhatsApp mantido pela Secretaria de Ordem Pública, comandada pelo coronel Luiz Henrique. Enviou ainda o link do Instagram do aQui com o vídeo da briga. “Pedimos socorro, a Colina está cada vez pior e nada acontece. Já pedimos ajuda, mas parece que as autoridades estão esperando acontecer uma tragédia”, avaliou ao não ser atendida.
A mensagem, no ‘grupo do zap’ do coronel Luiz Henrique, inclusive foi solenemente apagada. Outras mensagens, encaminhadas por moradores com as mesmas críticas e pedidos de socorro, também foram deletadas. A informação passada no grupo – que foi criado com o projeto ‘Tenda de Proximidade’ da pasta de Segurança Pública – é de que as demandas só podem ser atendidas quando elas estão acontecendo. Em tempo real. Detalhe: o grupo é fechado para envio de mensagens às 21 horas. Depois disso, seja o que Deus quiser. “Boa tarde senhora, nós apagamos sua mensagem no grupo para não perder o foco, o grupo foi feito com intuito para atender ocorrências que estejam acontecendo no momento. Se a senhora expressar sua opinião própria no grupo, vai acabar que outros membros também queiram expressar suas opiniões. Daí que acaba fugindo do foco do grupo que é atender demandas que estejam ocorrendo no momento. Estamos ali para tentar solucionar o problema”, disse a mensagem (escrita em um Português duvidoso) encaminhada à moradora pela Secretaria de Ordem Pública. Como o problema é recorrente, a moça, há alguns meses, chegou a encaminhar uma mensagem diretamente para o coronel Luiz Henrique, o supersecretário de Ordem Pública, que almeja voos mais altos. Ela pediu ajuda por conta do barulho gerado pelos bares – som alto. O secretário, vejam só, lavou as mãos. “A Ordem Pública não é o setor que vai resolver esse problema, pois deram alvará e licença para música (para os bares). Ou seja, não conseguimos fazer nada”, justificou Luiz Henrique, ressaltando que o problema só poderia ser resolvido com as secretarias de Fazenda e Meio Ambiente. Tem mais. Outro morador, que também não quis se identificar com medo de represálias dos donos de bares, quase foi agredido no domingo, 29 de dezembro. Ao passar pela praça, dois estabelecimentos usavam espaço da rua para colocar mesas e cadeiras para que consumidores pudessem ocupar o espaço público. Ao tentar passar com o carro, buzinou pedindo que as pessoas saíssem da frente do veículo. Resultado: uma pessoa chutou seu carro. “Eu não fiz nada com medo, é claro. Mas fiz questão de ligar para o Ciosp para falar da situação e pedir providências. Fiquei quase 15 minutos no telefone explicando mais de uma vez o acontecido, e nada foi feito. Aos finais de semana, se passar pelo mesmo lugar, a situação é igualzinha”, disse o morador, ressaltando que a Secretaria de Ordem Pública tem uma câmera de monitoramento na praça do bairro. O protocolo do atendimento do morador foi o 9310/2024.
Falta GMs
O vereador Betinho Albertassi, que comanda o programa Fato Popular, na Rádio 88, abordou o assunto da briga na Praça da Colina na terça, 7. “Há muito tempo eu venho
falando com pessoas do governo de Volta Redonda sobre a Guarda Municipal. A gente vê hoje muita segurança, mas eletrônica, tudo feito por monitoramento, câmera daqui e câmera de lá. Acho isso importante. Mas a gente não vê mais, nas ruas, a presença dos guardas municipais, o que era um marco do governo Neto. Hoje, isso não é mais uma realidade”, destacou. Segundo Betinho, em conversa com o coronel Luiz Henrique, este teria lhe informado que o efetivo da Guarda Municipal estava baixo e que, por isso, não estaria tendo tanto patrulhamento nas ruas da cidade. “Pois bem, todos viram a briga generalizada que aconteceu na Colina no último final de semana. Se a gente tivesse a presença da Guarda Municipal ali, é pouco provável que aquilo acontecesse. Eu penso que a guarda deve auxiliar na segurança pública”, pontuou. Ele está certo. Há quem garanta, por exemplo, de forma irônica, que se a briga na Colina tivesse sido apartada pela GM – o que não foi –, o vídeo da ação dos GMs do coronel Luiz Henrique teria ido parar nas redes sociais. Seria até impulsionado, patrocinado…