sexta-feira, setembro 13, 2024
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Sem preconceitos, por favor

Mulher fugiu do Cais Aterrado com sintomas de estar com a varíola dos Macacos

Pollyanna Xavier

A secretaria de Saúde de Volta Redonda confirmou na segunda, 5, o seu primeiro caso de Monkeypox. Trata-se de um homem de 45 anos, que apresentou os primeiros sintomas no início de agosto, mas que buscou atendimento médico só no dia 16, quando foi coletada uma amostra das lesões. No dia 22, a doença foi confirmada, mas o paciente não precisou ser internado. Estrategicamente, a SMS não divulgou o caso como suspeito, como outras cidades fizeram. Preferiu esperar pela liberação do resultado do exame, para só então anunciar o primeiro caso de Monkeypox no município.
A postura, em não divulgar casos suspeitos, pode estar se repetindo, só que desta vez a paciente é uma mulher que teria dado entrada no antigo Cais Aterrado na semana passada. A paciente teria lesões em volta da boca, mãos, virilha e ânus. Ela teria feito alguns exames, sendo orientada a aguardar para a coleta de material para análise. Acabou indo embora antes de fazer os exames.
“Ela fugiu, ninguém a viu sair e tudo indica que ela está infectada. As características das erupções na pele são sugestivas para a Monkeypox”, contou ao aQui, um funcionário do hospital, pedindo que seu nome não fosse revelado. A fuga preocupou a equipe de saúde, que alertou a situação à SMS. “Eles passaram os dados dela para a secretaria e eu acredito que a vigilância epidemiológica e o PSF devem fazer uma busca ativa no endereço de cadastro desta moça. Ela precisa ser achada para fazer o exame, até porque é uma paciente que mantém um constante comportamento de risco. Se não for cumprido o isolamento, ela poderá infectar outras pessoas”, comentou a fonte.
Surto no estado
A situação da Monkeypox é preocupante, devido ao rápido avanço da doença. Nos primeiros 15 dias de julho, por exemplo, havia 45 casos no estado. Em 15 de agosto, o número tinha subido para 389 casos, e em 5 de setembro, ou seja, menos de dois meses depois do primeiro caso, o número de infectados pulou para 794. Além destes, há mais de 460 casos em investigação, quase 2.500 notificados, quatro pacientes em uso de tratamento experimental e um óbito.
Em agosto, a secretaria estadual de Saúde criou a ‘Sala de Situação’ para o acompanhamento da doença em território fluminense. Foi somente a partir daí que os municípios passaram a ter mais informações sobre número de casos por semana epidemiológica, por sexo, faixa etária e região. Um dos indicadores informa, por exemplo, o número de casos confirmados por comportamento de HSH (homens que fazem sexo com homens): dos 794 casos, 544 se encaixavam neste parâmetro (73,81%).
Apesar de existir esse indicador, a Fiocruz afirmou em nota técnica que a doença não é transmitida por via sexual (sêmen ou fluídos vaginais), a exemplo da AIDS ou de outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST). O parâmetro só foi incluído nos indicadores da Sala de Situação, pelo fato de as autoridades epidemiológicas observarem que boa parte dos pacientes infectados era de homens que tinham mantido relações com outros homens.
Na página da Fiocruz, criada para divulgar informações sobre a nova varíola, a professora e pesquisadora do Programa de Pós-graduação em História das Ciências e da Saúde da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), Dilene do Nascimento, alerta para o perigo da estigmatização da doença, relacionando-a, erroneamente, aos homossexuais. “Todos viram o que aconteceu com o HIV/Aids, como foi difícil lidar com isso para as autoridades sanitárias, para a população em geral e particularmente para os próprios afetados pelo vírus. Isso não pode se repetir de forma alguma”, frisou.
Para Dilene, a estigmatização acaba prejudicando o enfrentamento da doença e ela reforça que a Monkeypox não é uma IST. A pesquisadora explicou, porém, que o ato sexual, protegido ou não, pode transmitir a nova varíola, pelo simples contato físico entre uma pessoa infectada e outra não. “A transmissão se dá por contato com lesões de pele ou com secreções, de indivíduos com a doença, então qualquer pessoa pode ser infectada”, explicou.
Na região, até o fechamento desta edição, foram confirmados seis casos da nova varíola: Resende (2), Porto Real (1), Barra Mansa (2) e Volta Redonda (1).

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