sexta-feira, março 29, 2024
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Bezerra fez estágio no Hospital do Retiro; semana foi de notícias bárbaras no Sul Fluminense

Mateus Gusmão

Revoltante, bizarra, triste, bárbara, inacreditável e inaceitável. Esses e tantos outros adjetivos foram usados nos últimos dias para definir as notícias impactantes ocorridas em Volta Redonda. Uma, em especial, correu o Brasil. A do médico anestesista que estuprou uma mulher na hora do parto. Foi tão forte e absurda que outro crime, o de uma volta-redondense que teria sido torturada e morta pelo crime organizado, quase passou em branco.
O caso do médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra, 32, preso em flagrante na segunda, 11, no Hospital da Mulher, em São João de Meriti, provocou reações de todos os tipos. “Em cinquenta anos de profissão nunca vi nada igual”, comparou um renomado médico de Volta Redonda, que terá seu nome preservado pela reportagem. Outro, também muito conhecido, deixou a sua opinião na página do aQui no Facebook. “Por tudo que foi noticiado sobre este falido, trago à lembrança o ensinamento do Procurador Geral Dupin, da Corte Civil do Tribunal de Cassação de Paris (início do Século XIX): *Que os médicos se confortem: o exercício de sua arte não está em perigo; a glória e a reputação de quem a exerce com tantas vantagens para a Humanidade não serão comprometidas pela culpa de um homem que falhasse sob o título de Doutor*”, escreveu o Dr. Rônel Mascarenhas e Silva. Ele está mais do que certo.
O falido, como sentenciou o doutor Rônel, fez o curso de Medicina no Centro Universitário de Volta Redonda de 2012 a 2017, quando se formou. Ele é carioca, filho de família rica, que mora em uma mansão na Barra da Tijuca. O pai, obstetra, já teria se aposentado. Não deve ter imaginado que o filho ganharia notoriedade ao ser filmado enquanto abusava sexualmente de uma mulher durante a realização de uma cesariana. O ato foi filmado, e o médico foi preso em flagrante.
O estuprador chegou a fazer o ‘internato’ – estágio curricular obrigatório nos cursos de medicina – no Hospital do Retiro. Com exclusividade ao aQui, a diretora da unidade, Márcia Cury, comentou o caso. “Como todo aluno de medicina do UniFOA, um dos locais de aprendizagem no internato é o Hospital do Retiro, logo ele esteve conosco durante esse período. Sobre a pessoa, não tenho nada a comentar… Porém, é lamentável que num momento tão sagrado na vida de uma mulher, ela tenha sido exposta e desrespeitada desta forma. Essa situação mais uma vez mostra a vulnerabilidade das mulheres e deixa clara a necessidade de punição efetiva”, destacou.
Algumas pessoas que conheceram Giovanni no período em que ele cumpriu estágio obrigatório no Hospital do Retiro dizem que o médico não chegou a atuar profissionalmente na cidade do aço. “Ele se formou e foi embora. É de família rica do Rio de Janeiro, os pais moram na Barra da Tijuca”, disse um ex-colega do rapaz. Ele deve estar coberto de razão.
É que o aQui fez um levantamento nos Portais da Transparência em cidades da região, mas não há qualquer vínculo do acusado em alguma das cidades. Segundo o portal G1, entretanto, ele teria atuado em 10 unidades de saúde desde que se formou, em 2017. Os locais não foram divulgados.
O crime praticado por Giovanni gerou comoção por todo o país e diversas autoridades se manifestaram, e, óbvio, repudiaram o caso. O presidente Jair Bolsonaro defendeu uma punição severa ao médico. Mas colocou em dúvida a ideologia que teria sido lhe repassada pelo UniFOA. “A gente pensa, né: qual a educação desse cara? O que ele aprendeu na faculdade? Lógico que ele aprendeu a ser anestesista lá, mas o que mais foi ensinado na faculdade para ele? O que tinha no centro acadêmico? Qual a ideologia dessa universidade? Qualquer punição é pouca para esse cara”, concluiu Bolsonaro.
O UniFOA não respondeu a Bolsonaro. Mas emitiu uma nota repudiando o estupro cometido pelo ex-aluno. “Lamentamos profundamente a notícia do crime de estupro praticado contra uma grávida, durante a realização de uma cesariana no Hospital em São João de Meriti. E esperamos que todas as medidas cabíveis sejam tomadas pelas autoridades competentes e pelo Conselho Regional de Medicina”, disse em nota a universidade, ressaltando que a FOA tem como missão promover a formação humana, científico-tecnológica e profissional, fundamentada na ética e norteada pela responsabilidade social.
Morte brutal
Outro crime que chocou o Sul Fluminense foi o assassinato brutal da jovem Sthefany Laura Caetano Pereira da Silva, 23. Ela foi encontrada nua, já morta, às margens da Rodovia do Contorno, próximo ao condomínio de luxo Alphaville. O crime ocorreu na noite de sábado, 9. A moça estava com marcas de tortura, teve o cabelo raspado, e seu corpo apresentava vários cortes feitos possivelmente por uma navalha. Apresentava ainda perfurações por arma de fogo, tanto que no local a perícia recolheu sete estojos de calibre 9mm.
Até o momento, ninguém foi preso pela morte de Sthefany. Nas redes sociais, internautas relataram que a moça foi vista nos dias anteriores ao crime sob efeito de entorpecentes. Ela seria moradora de Três Poços. Segundo uma fonte policial, a moça seria namorada de um traficante. “O rapaz com quem ela tinha relacionamento trocou de facção criminosa e deixou os ex-parceiros revoltados. Ela foi capturada e morta por não querer dizer onde seu namorado estava”, disse a fonte, pedindo anonimato.
Na última semana, Sthefany chegou a ir à Câmara de Volta Redonda e teria conversado com funcionárias que atuam nos serviços gerais do local. “Ela disse que era usuária de drogas e pediu ajuda, disse que estava com fome. As meninas compraram um marmitex para ela”, disse a fonte.
Para piorar, na quarta, 13, outra mulher foi encontrada morta, dessa vez em Barra Mansa. Trata-se de Rosália dos Santos, 27. Ela foi encontrada com marcas de tiros, em uma área de mata no bairro São Domingos (próximo a Rialto). Ninguém foi preso. Perto do corpo, segundo o registro policial, foram encontradas pequenas porções de drogas.

Homem morre em ação policial e moradores fazem protesto

Quem passou pela Avenida Paulo Erley Abrantes, em Três Poços, na terça, 12, se assustou. É que uma manifestação foi feita na via com pessoas entoando gritos contra a Polícia Militar e tacando fogo em pedaços de madeira e lixo. A rua chegou a ficar parcialmente fechada. O protesto foi feito por moradores do condomínio ‘Minha Casa, Minha Vida’, por conta da morte de um jovem de 22 anos durante ação da PM no local. Ele chegou a ser socorrido, mas morreu no Hospital São João Batista.
A ação foi realizada no final da manhã de terça após os agentes receberem denúncia de que havia um homem armado traficando drogas no condomínio. Segundo a PM, eles foram recebidos a tiros e reagiram de “forma moderada”. Em postagens nas redes sociais, moradores afirmaram que havia crianças no local e que os policiais chegaram atirando e, neste momento, acertaram o jovem. A PM apreendeu um revólver calibre 38, um rádio de comunicação e drogas que ainda não tinham sido contabilizadas.

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