quinta-feira, março 28, 2024
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Festival de Barra Mansa muda programação e Orochi, Mc Poze e MC Cabelinho não vão mais se apresentar

A guerra entre as facções que disputam o controle do tráfico de drogas no Rio de Janeiro – Comando Vermelho (CV) e Terceiro Comando Puro (TCP), que é aliado ao Primeiro Comando da Capital (PCC), em São Paulo, tida como a maior organização criminosa do Brasil – ia chegar aos palcos de Barra Mansa. Não vai mais. É que, diante das ameaças de bandidos, supostamente ligados ao TCP, que estariam dispostos a cometer atentados durante os shows dos três artistas, a direção do ‘Festival Barra Mansa’ decidiu mudar a programação do evento que está marcado para acontecer nos próximos dias 19, 20 e 21, no Parque da Cidade. O evento vai reunir outros cantores de rap e funk, como Pixote, que deve se apresentar na noite de domingo.

MC Poze, que para a polícia seria ligado ao CV, já foi ameaçado diversas vezes por facções adversários do Comando Vermelho ou por grupos ligados a elas. O cantor chegou a ter shows suspensos na Bahia e no Amazonas por conta de ameaças feitas por grupos locais aliados do PCC. Orochi também chegou a ser ameaçado em São Paulo – berço do PCC – após anunciar, no palco, que iria cantar a seguir uma música de MC Poze, em show realizado em outubro. Apesar de enfrentar os jovens que o ameaçavam na plateia, Orochi desistiu da ideia e apresentou uma composição própria.
Já MC Cabelinho, que é da comunidade do Pavão-Pavãozinho, na zona Sul do Rio, seria ligado ao CV. O artista há bem pouco tempo foi intimado pela polícia para esclarecer a suposta apologia que faz às drogas em suas canções, por conta de denúncias feitas pelo deputado estadual Rodrigo Amorim (PSL). O artista respondeu, através de nota, que a acusação feita pelo parlamentar seria motivada por uma tentativa de criminalização do funk.
“Vocês querem que eu cante sobre o quê? Em muitas das minhas letras falo mesmo o que eu vi e do rolê violento da vida de todo morador de comunidade. E podem ter certeza que, até onde puder, eu vou continuar fazendo a minha música assim. Prenderam Renan da Penha (artista de funk, grifo nosso) e querem me prender. Vão querer prender todo favelado que consegue espaço e reconhecimento na sociedade”, pontuou o cantor. A denúncia contra MC Cabelinho foi arquivada pela Justiça em agosto de 2021.

Ameaças
Nos últimos dias, o aQui teve acesso a várias mensagens que circulam nas redes sociais, onde os MCs Cabelinho e Poze eram diretamente ameaçados, supostamente por criminosos ligados ao TCP. A mensagem (editada para melhor compreensão) em resumo é a seguinte: “Alemão (inimigo, grifo nosso) no quartel vai morrer alguém. Preferência quem tá no palco, Cabelinho ou Poze. Também acham que vão fazer festa ao lado das nossas comunidades? Barra Mansa é TCP. Vai morrer, aviso foi dado. Em tiroteio, bala costuma achar até quem não deve estar junto. Morre junto nesse papo sem leme”, diz uma delas.
Áudios, também recebidos pelo aQui, mostram supostos criminosos ligados ao TCP afirmando que irão atacar alguns cantores do festival, ainda no palco, por suas supostas ligações com a facção rival. “Pode gastar bala matando. De 9 (milímetros), de “oitão” (38), pode gastar que tem muita bala. Tem três caixas de bala, 150 balas, pode gastar lá, filho”, diz um homem. Em seguida, ele dá indicações de como o atentado pode ser cometido. “Se tiver show, ali em cima do muro do Lazaredo (bairro de Barra Mansa, grifo nosso), dá para trás do palco. Dá uns 30 (tiros), uns dois pentes pra cima desse palco desse puto, esse Cabelinho. Arrebenta tudo, que se f*a. Vai sair em jornal, na p*a toda, que se fa. Não pode ter baile de alemão nessa p**a, não”, diz o suposto criminoso.
O prefeito Rodrigo Drable, procurado pelo aQui para falar das ameaças e do evento, afirmou que está ciente do que ocorre nos bastidores, mas adianta que o evento, batizado de ‘Festival Barra Mansa’, ainda não foi autorizado. Tem mais. Visivelmente irritado, afirmou que “proibiu” as apresentações de artistas que façam apologia ao crime ou uso de drogas. “Existe a proposta do evento, que ainda não foi autorizado. A intenção é autorizar, desde que seja evento de cultura e lazer. Fomento a crime não vai ter”, disparou, acrescentando: “Proibi as apresentações de artistas que fazem qualquer apologia a drogas, tráfico ou consumo de drogas. Aqui, esse tipo de porcaria não vai tocar”, acrescentou, prometendo chamar as autoridades da área de segurança para que nada saia do controle.

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