sexta-feira, setembro 13, 2024
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Banca da discórdia

Secretaria de Ordem Pública é rigorosa apenas com bancas de jornais e negligente com baderna na Colina

Por Mateus Gusmão

Tenente-coronel da Polícia Militar, Luiz Henrique Monteiro Barbosa foi emprestado para a prefeitura de Volta Redonda e se tornou (novamente) um dos principais secretários da equipe do prefeito Neto, de quem é muito próximo. Ganhou até uma pasta só para ele, a poderosa secretaria de Ordem Pública (Semop), com poder sobre a Guarda Municipal e as 799 câmeras de monitoramento existentes na cidade. Não satisfeito, tomou para si a tarefa de podar e cortar árvores, que seriam normais da secretaria do Meio Ambiente, que é quem entende do assunto. Tem mais. Passou a combater motos irregulares, mas faz vista grossa aos carros de som. E permite que seus subordinados – motoristas da GM – façam o que quiserem no trânsito de Volta Redonda. Ou seja, tudo é feito sem coerência, a começar por estacionar onde quiser, até sobre calçadas.
Tem mais. Luiz Henrique, que, como comandante da GM, combatia depósitos clandestinos de gás e água, agora em sua nova missão cismou em retirar bancas de jornais das ruas de Volta Redonda. De forma bem rigorosa, vale destacar. Somente nos últimos meses, cinco bancas foram recolhidas para o depósito municipal. Elas estavam na Sessenta, Santo Agostinho, São Geraldo, Barreira Cravo e Eucaliptal. A justificativa, vejam só, é que as bancas eram alvos de ‘muitas reclamações’ por parte de moradores, que estariam insatisfeitos com o fato delas estarem desativadas e, pior, servirem de banheiro para bebuns e ponto para o tráfico de drogas, além de atrair bichos peçonhentos, por conta do acúmulo de sujeira e lixo. Tudo, é claro, sem comprovação.
Luiz Henrique chegou a justificar a retirada de uma banca localizada no Eucaliptal. “O trailer e a banca de jornal estavam desativados e mostravam indicadores de criminalidade como local de uso de substâncias entorpecentes, além do acúmulo de sujeira. Vamos continuar nas ruas dia e noite para manter a ordem na nossa cidade”, afirmou em release enviado por sua assessoria. Sim, a pasta é uma das poucas do governo Neto que tem jornalista e fotógrafo à disposição para eternizar os feitos do titular da Semop.
Segundo informações obtidas pelo aQui, a missão de Luiz Henrique contra as bancas de jornais de Volta Redonda não vai parar tão cedo. “Outras bancas ainda serão desativadas nas próximas semanas”, disparou, citando que os próximos alvos serão as da Praça da Coli- na, da Rodoviária Municipal e até a que fica junto ao estacionamento do Palácio 17 de Julho – na Avenida Paulo de Frontin. O detalhe é que, até que se prove o contrário, essas bancas não são alvo de criminalidade e nem são utilizadas por traficantes ou usuários de drogas.
A fonte aproveita para mostrar a incoerência da pasta comandada por Luiz Henrique. “Se o problema é a banca estar desativada e ser usada por bebuns para fazer xixi e por traficantes e usuários de drogas, como eles alegam, por que não retiram os quiosques existentes ao longo da pista da Avenida dos Trabalhadores, que corta a Vila? Existem mais de 15 quiosques abandonados. E todos eles são da própria prefeitura, que não encontra interessados em explorá-los. Se tira banca, tem que tirar quiosque, pois também pode ser usado por bebuns e traficantes”, compara.

Solução à vista
Na quarta, 7, o aQui conversou com Ricardo Ramundo, da Distribuidora de Jornais e Revistas, que tinha acabado de sair do Palácio 17 de Julho, de uma reunião com o setor de Fiscalização de Atividades Econômicas da secretaria de Fazenda. “Fui muito bem recebido pela Elisângela, chefe do setor, e o próprio prefeito Neto entrou no circuito. Foi uma conversa muito boa”, antecipou, aproveitando para revelar que os alvarás das bancas de jornais serão emitidos para que todas sejam legalizadas. E não sejam mais retiradas (arrancadas, grifo nosso) das ruas. “No ano que vem a prefeitura deverá fazer um
novo chamamento para ocupação das bancas”, disse. O empresário também confirmou que a Semop vai realmente retirar a banca de jornais da Praça da Colina. “Vão tirar essa banca, mas conseguimos conversar e vamos transferir o jornaleiro que estava lá para outro bairro. Ele não ficará desempregado”, disse, comentando que o jornaleiro estava há poucas semanas trabalhando na praça, substituindo o anterior, que tinha acabado de falecer por motivos de doença. Ou seja, a banca
nunca esteve desativada.

Baderna de Copa
Seporumladoa secretaria de Ordem Pública diz que boa parte da sua atuação é feita após denúncias e reclamações de moradores – justificando, por exemplo, a retirada das bancas de jornais –, há volta- redondenses revoltados com a pasta. E também com as demais forças de segurança. São os moradores da Colina, que estão sofrendo com a baderna que ocorre em dias de jogos do Brasil na Copa do Mundo. Detalhe: dizem que não adianta em nada ligar para o 156.
Na segunda, 5, um dos moradores, ao chegar em sua casa encontrou
mais de cinco motos estacionadas em frente à sua garagem. “Eu não estava em casa e, quando cheguei após a partida do Brasil, dei de cara com mais de cinco motos na frente da casa e da garagem. Procurei a Guarda Municipal, mas não tinha um GM na praça. Liguei e ninguém me atendeu na Central de Atendimento da prefeitura. Então tive que esperar a boa vontade das pessoas. E nem sempre elas têm”, comentou, pedindo para não ter seu nome revelado.
Tem mais. Segundo relatos feitos à reportagem, a praça voltou a ser invadida pelos famosos ‘isoporzinhos’ e vendedores ambulantes. “Não tem banheiro para todo mundo e as pessoas acabam fazendo em qualquer lugar. O muro de nossas casas virou mijódromo”, disse, ressaltando ainda que bares estão promovendo música ao vivo nas calçadas, sem autorização pública, e fazendo com que as pessoas fiquem nas ruas, fechando o trânsito. “Está um horror, e não temos a quem recorrer”, concluiu o morador. “Nos passem o zap do Luiz Henrique para ligarmos para ele”, pediu. “Só ele é quem manda”, completou.

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