A prevenção ao suicídio

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Por Dr. A. Inácio José do Vale

 

A cada 40 segundos uma pessoa morre por suicídio no mundo, de acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde). E falar em suicídio não é falar sobre algo pesado, mas chamar atenção para uma questão de saúde pública.

Desde 2015, o mês de setembro é dedicado à campanha de prevenção ao suicídio, trabalhando medidas saudáveis para discutir o tema — deixando de lado qualquer tipo de preconceito.

Conversar abertamente sobre suicídio é importantíssimo e pode ajudar muito aqueles que estão em grande sofrimento psíquico e vendo a morte como uma alternativa para dar um basta ao seu sofrimento”, explica ao HuffPost Brasil a psicanalista Dra. Soraya Carvalho.

Suicídio é questão de saúde pública

De acordo com dados da OMS, cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano. A “violência autodirigida” é classificada pela OMS como a 14ª maior causa de morte.

Porém, muitas vezes, o suicídio é evitável, já que mais de 90% dos casos de suicídio estão associados a questões de saúde mental. Em 36% das vítimas de suicídio, existe o diagnóstico da depressão. Em queda no mundo, os casos de suicídio avançam entre os jovens brasileiros.

A OMS já deu o alerta: o suicídio é a segunda causa de morte entre jovens

No Brasil, a média de suicídio entre pessoas dos 15 aos 29 anos é de 5,6 mortes a cada 100 mil jovens — 20% acima da média mundial, segundo as pesquisas ‘Violência Letal contra as Crianças e Adolescentes do Brasil’ e ‘Mapa da Violência: os Jovens do Brasil’.

Fator importante nessa equação, o Brasil é também o país com a maior prevalência de depressão na América Latina. A doença afeta 5,8% da população e os números elevados também acompanham a escalada do suicídio no País.

Na contramão do resto do mundo, a taxa de suicídio entre adolescentes de 10 a 19 anos aumentou 24% entre 2006 e 2015. Hoje, é a quarta maior causa de morte entre os jovens brasileiros, de acordo com o Ministério da Saúde.

Os pais, familiares, amigos, colegas e professores enfrentam uma busca por conseguir identificar essas mensagens, que muitas vezes chegam codificadas e mal se traduzem em palavras.

Desinformação e vergonha: como os jovens enxergam a depressão

Segundo a pesquisa ‘Depressão, suicídio e tabu no Brasil: um novo olhar sobre a Saúde Mental’, realizada pelo Ibope Conecta, os jovens brasileiros sabem pouco sobre a depressão, sentem vergonha de falar sobre o assunto e não estão convencidos sobre a importância do tratamento.

Para 26% dos entrevistados de 18 a 24 anos a depressão é uma “doença da alma” e quase um terço deles (29%) não acredita que a depressão é uma doença que possa ser tratada.

Quando se analisa um grupo ainda mais jovem, dos 13 ao 17 anos, a situação também preocupa. Para 23% deles, não existem sintomas físicos na depressão, porque ela não seria uma doença, mas “apenas um momento de tristeza”.

A adolescência e o início da vida adulta são períodos complexos. E quando falamos em suicídio e transtornos de humor, isso inclui aspectos fisiológicos, sociais e culturais, muitas vezes misturados às experiências de traumas ou perdas de nossas próprias vidas.

Refletir e ajudar

A melhor prevenção é a acolhida, a informação, a conversa aberta, a expressão de amor com palavras solidárias, gestos concretos de atenção, respeito e afetividade. Depois ajuda profissional.