Casa de X-9

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O governador Wilson Witzel anunciou na sexta, 23, que pode usar um dos presídios do estado para abrigar presos ligados a facções criminosas e ao tráfico que estejam dispostos a fazer delação premiada. Como os delatores (os populares X-9, grifo nosso) dificilmente sobreviveriam se ficassem em cadeias comuns, seria necessário construir praticamente uma unidade inteira para abrigá-los. Ou aproveitar uma das que já existem. 

“Separei uma penitenciária para quem quiser se entregar. Tem 500 vagas. Quem quiser se entregar vai pra lá. Vai receber um tratamento diferenciado, uma mudança de identidade. Nós vamos cuidar para que aquele soldado do tráfico seja incluído na sociedade e tenha uma vida nova”, disse Witzel durante evento realizado bem distante do Rio de Janeiro, mais precisamente na Bahia, conforme nota do jornal O Globo, edição de sábado, 24.

A penitenciária a que Witzel se referiu seria nada mais nada menos que a Casa de Custódia de Volta Redonda (Cadeia Pública Franz de Castro Holzwarth), situada no Roma. Na verdade, a unidade, que é administrada pela secretaria estadual de Administração Penitenciária (Seap), só tem, oficialmente, capacidade para abrigar 302 presos. Para chegar aos 500 detentos-delatores o Estado teria que, praticamente, dobrar a capacidade da unidade, o que obrigaria à realização de reformas.

O detalhe não foi citado pelo governador e Witzel também não revelou como pretende fazer para garantir a segurança dos delatores, que virariam alvos preferenciais das facções às quais eles pertenciam, mesmo estando em um presídio só para eles. O fato de só abrigar delatores também poderia transformar a Casa de Custódia em um potencial alvo de atentados ou qualquer outro tipo de ação dos criminosos.

 

Detalhes

O aQui bem que tentou saber do governo do Estado, por meio da Seap, como seria desenvolvido o plano anunciado por Witzel. Por exemplo, quando ele seria iniciado e se os atuais presos seriam transferidos para outras unidades, e ainda quais seriam os critérios para a transferência. O jornal questionou também como seria garantida a segurança dos delatores dentro da Casa de Custódia – até mesmo para a sequência das investigações. Nenhuma resposta foi enviada até o fechamento desta matéria.

O aQui também questionou à prefeitura de Volta Redonda se o governo teria sido consultado sobre o plano de Witzel, e se a mudança de status da Casa de Custódia preocuparia as autoridades locais por conta da segurança de quem mora no Roma. E ainda, em caso positivo, se a preocupação já teria sido repassada ao governador Wilson Witzel. Também não houve nenhuma resposta até o fechamento desta matéria. 

No dia em que a notícia circulou, o prefeito Samuca chegou a revelar ao aQui que não sabia de nada. E prometeu apurar se o plano do governador passava por usar a Casa de Custódia ou até mesmo construir um presídio em território voltarredondense. 

 

Terceirização

O secretário de Estado de Administração Penitenciária (Seap), Alexandre Azevedo, afirmou que não há nenhum projeto de privatização dos presídios estaduais em andamento. A declaração foi feita na quinta, 29, durante audiência pública das comissões de Trabalho e de Defesa dos Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). “O projeto de privatização não é uma iniciativa minha. Sou contra a extinção da Seap. Não há nenhuma proposta de privatização e nem de substituição de funcionários. A construção da Seap foi feita por servidores e os avanços continuaram a ser feitos por eles”, garantiu Alexandre.