Por Pollyanna Xavier
Por pouco, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Edimar Miguel, não mela o acordo de turno dos trabalhadores da UPV. É que depois de conseguir que a CSN sentasse uma última vez para negociar a manutenção, ou não, da jornada de trabalho, o sindicalista decidiu, unilateralmente, colocar na cédula de votação a opção do ‘turno de seis horas’. A atitude levou a CSN a avisar que se os trabalhadores optassem por ele, as negociações seriam anuladas, sem chances de retomada. A votação foi na quinta, 30, e os operários acabaram optando pela renovação do turno de oito horas, com revezamento.
Na cédula, foram colocadas as opções Sim e Não e no Sim, o operário poderia escolher entre a proposta A e B (veja abaixo). O Sim (proposta B) ganhou por 1.662 votos contra 1.526 que optaram pelo não. Mostrou que a classe estava dividida. A assinatura do acordo ocorreu na sexta, 1o, a pedido da própria CSN. Inicialmente seria assinado no dia 30, mas por causa do temporal que caiu na cidade do aço na noite de quinta, a assinatura foi transferida para às 7 horas de ontem, sexta, 1. Os trabalhadores devem receber as compensações financeiras até sexta da semana que vem, dia 8: R$ 4 mil de abono e R$ 1 mil de crédito extra no cartão alimentação.
Nas redes sociais, Edimar passou a semana insistindo para que o trabalhador optasse pelo turno de seis horas, mesmo sabendo que esta opção não deveria entrar na pauta de negociação. “Não aceite a pressão da CSN, diga Não!”, pedia. “Vocês não acham que (a CSN) vai mesmo implantar o turno fixo? Se quisesse fazer isto já teria feito antes”, desafiava Edimar, pedindo que os trabalhadores recusassem, mais uma vez, a proposta da empresa, alegando que a CSN estaria querendo prejudicar o metalúrgico. “A proposta da empresa é muito ruim”, frisava.
Para Edimar, a CSN deveria oferecer R$ 10 mil como compensação pela permanência do turno de 8 horas. “Isto pra começar uma conversa, se não for assim, melhor nem começar”, dizia, esquecendo que nas negociações com a CSN, ele ouviu, em silêncio, a pauta e a levou para apreciação dos trabalhadores, sem qualquer questionamento. Aliás, Edimar só falou no turno de seis horas nas redes sociais, porque o assunto não chegou a ser pauta das reuniões com a CSN. Não foi e pelos próximos anos também não será. É que o novo acordo de turno tem validade de dois anos e vence no dia 30 de novembro de 2025.
Resultado da Votação: vitória do SIM 1 NULO
45 BRANCOS
1.526 NÃO
1.662 SIM
Proposta aprovada:
• Abono de R$ 4.000,00 a ser pago até o dia 08/12/2023, caso o acordo coletivo de trabalho em turnos seja assinado até o dia 30/11/2023.