A dança das cadeiras na Câmara de Volta Redonda prevê a saída de Sidnei Dinho e a volta, como presidente da Casa, do vereador Washington Granato. Os dois, embora tenham a mesma formação universitária – no campo do direito –, têm posturas diferentes. Enquanto Dinho gosta de adotar um discurso mais legalista e imparcial, Granato usa o traquejo político para conduzir seu trabalho.
Dinho tem fama de brigão e não esconde seu lado sisudo. Já Granato é o típico político prazenteiro e escorregadio. Não quis, por exemplo, falar sobre sua insatisfação com alguns secretários do governo Samuca, embora não esconda que, por ele, alguns cairiam.
Granato é daqueles que quando levantam a voz é para sacudir o plenário. Prova disso foi a discussão que teve recentemente com o colega Fernando Martins após ter feito, no plenário, insinuações contra Edson Albertassi, preso durante a operação Cadeia Velha, um braço da Lava Jato. Os dois (Granato e Martins) bateram boca. Fernando Martins saiu em defesa de seu padrinho político. Granato, por sua vez, criticou a postura do deputado estadual, dando a entender que seus seguidores, como Fernando Martins, pensam da mesma forma que o dono da Rádio 88.
Na entrevista concedida ao aQui, Granato garantiu que o desentendimento foi dissolvido e que os ânimos já se aplacaram entre ele e Fernando Martins. Disse também que vai comandar a Câmara mantendo os mesmos critérios das primeiras vezes que esteve à frente da Casa (2006, 2008, 2014), “valorizando o funcionalismo com responsabilidade orçamentária”. Granato falou ainda sobre a laicidade do estado, futuro na política. Confira, abaixo, a entrevista completa.
aQui: O Dinho deixa a Câmara ostentando dois títulos: de conservador e de legalista. O senhor vai seguir mais a tendência política?
Granato: Pretendo manter a mesma dinâmica das minhas gestões anteriores como presidente da CMVR, valorizando o funcionalismo e administrando com responsabilidade a verba orçamentária.
aQui: O senhor vai terminar de quitar a dívida de R$ 75 mil para com os servidores?
Granato: O objetivo é efetuar o pagamento de todas as pendências que visam manter a eficiência e a agilidade do sistema legislativo. É lógico que temos uma Lei que restringe os valores gastos com despesa de pessoal, mas, dentro do possível, acertaremos as contas.
aQui: A comunidade religiosa se posicionou na Câmara em vários momentos contra a laicidade do Estado. O que pretende fazer nesse sentido?
Granato: Acho justo que todas as pessoas tenham o direito de representar sua fé em qualquer âmbito. O Estado é laico sim, mas nossa cultura e nossas raízes são cristãs. Acredito que todos podem e devem expressar seu pensamento, sem julgamentos e exceções.
aQui: O senhor pretende deixar a presidência para se candidatar em 2018?
Granato: Este é um assunto que só vamos discutir no início do segundo semestre de 2018. Como homem público, estou sempre aberto a novos desafios e trabalhos.
aQui: Um dos pontos altos de sua participação neste ano foi sua briga com Fernando Martins. O entrevero já foi resolvido? Como será sua relação com ele enquanto estiver na cadeira de presidente?
Granato: Os problemas e discussões pertinentes à CMVR, no campo da opinião política, sempre acontecerão. As discordâncias são normais e fazem parte do processo. Vale ressaltar que estas questões começam e terminam no plenário. Eu não levo nada para fora. Tudo se resolveu ali, onde aconteceu.
aQui: Alguns vereadores andaram criticando a presidente do IPPU, da Fundação Beatria Gama, a secretária de Meio Ambiente e a secretária de Educação. Como líder do governo pode afirmar se elas vão cair? Quem? Quem pode indicar?
Granato: Teremos reuniões com o prefeito e algumas cabeças serão pedidas. A gente sempre tem alguém para indicar, mas precisamos ser perguntados. Vamos esperar as decisões do prefeito
aQui: Faça suas considerações sobre o que pretende com sua gestão para o ano que vem.
Granato: Pretendo realizar uma administração transparente, amparada na independência do Legislativo, no equilíbrio e na imparcialidade. O objetivo é trabalhar para oferecer o melhor à população, aprovando matérias relevantes.