Gisele Giandoni Wolkoff
Cheguei há pouco mais de três meses em Quioto, onde vim trabalhar neste país maravilhoso, deixando o sempre promissor Brasil na memória e na saudade. E tenho vivido tantas experiências bacanas que me sinto no dever de compartilhá-las. Está certo que, por vezes, penso que algumas dessas experiências poderiam ser ainda melhores ou que, talvez, pouco tivessem a ver com qualquer sonho de uma vida num país estrangeiro. Mas, refletir sobre cada uma delas é uma maneira de eu aprender com estas novas oportunidades de vida e me tornar mais astuta pelos caminhos da vida, mais sábia, consciente de minhas próprias escolhas.
Então, começo lhes dizendo que traçando paralelos entre os mundos – Brasil e Japão… É menos sobre como tudo funciona bem e mais sobre o porquê isso acontece. Menos sobre a limpeza das ruas e mais sobre o comportamento individual e congruente à coletividade que importa. É menos sobre a crítica ao que deixamos de fazer e por que falhamos no Brasil e mais sobre porque deste lado do mundo as pessoas, em posições de destaque nas hierarquias de trabalho, encontram tempo para as de menor destaque e as tratam como se fossem as mais importantes. É menos sobre porque tudo é lindo e mais sobre por que não fazemos do nosso dia-a-dia o maravilhoso, “pesar de tudo”, para citar uma canção da Ná Ozetti…
É mais sobre valorizar o outro em cada e todo gesto. E menos sobre diminuir, ver defeitos, menosprezá-lo ou desprezá-lo. É mais sobre ver qualidades e construir tudo a partir disso do que criticar negativamente e fazer o(s) outro(s) perderem tempo com isso. O tempo do outro vale. O tempo do outro é mais que ouro. E é preciso levar isso em conta. Nas filas do caixa. No tempo em que se embala a compra. Na conversa fiada. Ah, e de conversa fiada sabemos tanto na terra onde canta o sabiá…! Mas é mais sobre pensar em fazer melhor pelo bem maior do que ver o menor no outro que é também eu.
E estas observações vieram a propósito de um dia muito enriquecedor e que poderia ser bastante triste, se eu focasse nos comparativismos sócio-ambientais… Mas, ao invés disso, tenho esperanças, tenho fé de que poderemos ser sempre melhores pelo Brasil!! Oxalá, no exercício de minha profissão, eu me aprimore… Minimamente, nas convivências diárias, nos cumprimentos aos vizinhos, na alegria de passear pelas ruas…!