terça-feira, janeiro 21, 2025

Tudo ou nada

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Mateus Gusmão

Uma das maiores expectativas da política voltarredondense é, sem dúvida, a votação das contas do ex-prefeito Neto (PMDB), que aguardam julgamento na Câmara de Volta Redonda. Isso porque as de 2011 e 2016 receberam parecer técnico contrário do Tribunal de Contas do Estado. Se forem rejeitadas politicamente pelos vereadores, Neto ficará inelegível pelos próximos oito anos, não podendo, entre outras, sair candidato em 2018 (Alerj) ou 2020 (Palácio 17 de Julho). Poderá até perder o cargo que ocupa atualmente como assessor especial do governo Pezão.

 

As contas deveriam ter sido apreciadas pelos vereadores da antiga legislatura, mas não foram. Se tudo correr bem, podem ser votadas no final de março ou início de abril. É que o presidente da Câmara, Sidney Dinho (PEN), descobriu, ao analisar o caso com a Procuradoria Jurídica da Casa, que o ex-prefeito Neto não teve direito a ampla defesa. “Por isso pedi para que o ex-prefeito fosse notificado para que pudesse se defender. Demos 30 dias para que ele possa fazer sua defesa da forma que achar necessária. Não sei se ele irá responder; se vai dizer que já deu todas as explicações ou se vai deixar o tempo correr”, comentou Dinho, ressaltando que seu objetivo é colocar todas as contas da gestão Neto em votação ainda em 2017.

 

O detalhe é que a Comissão de Finanças da Casa, responsável por analisar as contas e a avaliação feita pelo TCE, que é um órgão apenas opinativo, acabou elaborando dois pareceres sobre as contas de 2011 – a primeira a ser votada. Um deles foi feito por Pedro Magalhães (PSDB) – inimigo de Neto –, assinado em conjunto com o ex-vereador Maurício Batista (PCdoB). O segundo foi feito por Neném (PSB), aliado do ex-prefeito. “Os dois pareceres serão submetidos aos vereadores, todos terão acesso a eles”, destacou Dinho, salientando que o parecer a ser votado será o de Pedro Magalhães – que é pela rejeição das contas. “Esse parecer tem duas assinaturas, por isso é ele que deve ser apreciado”, completou Dinho.

 

A polêmica sobre a aprovação ou rejeição, é claro, está sendo usada por quem defende e quem ataca o ex-prefeito. Neto, por sua vez, chegou a acusar o atual prefeito Samuca Silva (PV) de estar pressionando os vereadores a votar contra ele (ver box). O presidente da Câmara, Sidney Dinho, ouvido pelo aQui, entende que nenhum parlamentar esteja realmente sofrendo pressão de algum dos lados. “Posso responder por mim: não há pressão nenhuma”, disparou. “E posso falar mais: pra mim (se sentir pressionado) é coisa de gente frouxa. Me desculpa a sinceridade, mas é isso”, completou o parlamentar, procurando afastar ou minimizar os boatos.

 

‘Nenhuma atuação’

O aQui também entrevistou, com exclusividade, o prefeito Samuca Silva antes da sessão da Câmara de Volta Redonda na quinta, 16. Questionado se estaria, como denunciou Neto, pedindo para que os vereadores votassem contra o ex-prefeito, Samuca garantiu que isso é mentira. “Nenhuma fala, atuação, alguma coisa minha nesse sentido (contra Neto, grifo nosso). Não estou preocupado com a gestão anterior de forma alguma. Estou preocupado com a prefeitura de Volta Redonda. Então não há nenhum tipo de movimentação nesse sentido”, pontuou Samuca.

 

Ele foi além. Descartou o boato de que estaria pressionando os vereadores a rejeitarem as contas de Neto para não ter que enfrentá-lo em 2020. “Eu venci uma eleição no ano passado. Eleição se ganha, se perde, quem decide é a população”, comentou, para logo disparar: “Não estou preocupado com 2020, estou preocupado em gerir a cidade até 2020”, acrescentou. “Estou preocupado em fazer gestão em Volta Redonda, e daqui a quatro anos entregar para o próximo prefeito uma Volta Redonda melhor do que eu recebi. É isso que quero”, salientou, alfinetando, é claro, seu antecessor.

 

Com pressa para poder acompanhar a primeira sessão legislativa de 2017, Samuca ainda teve tempo para responder sobre o pouco contato que tem com o deputado federal Deley de Oliveira – do grupo de Neto. Segundo ele, não existe nenhum problema entre os dois. “Ele é deputado federal, eu sou prefeito, não tenho problema político com ninguém, nada, zero. Minha atuação é política. As portas da prefeitura estão abertas para quem quiser ajudar Volta Redonda, e ele, por ser daqui, tenho certeza que quer ajudar”, disparou, saindo pela tangente.

 

Samuca, entretanto, garantiu que irá apoiar o nome do vice-prefeito Maycon Abrantes (PV) nas eleições de 2018. Federal ou estadual, o que Maycon decidir. “Maycon é vice-prefeito, se ele quiser ser candidato a deputado estadual ou federal, terá meu apoio. Se ele tiver realmente a vontade de ser candidato, vou apoiá-lo”, concluiu o verde.

“Não sou mais candidato”, diz Neto

O ex-prefeito Neto, hoje na equipe do governador Pezão (PMDB), em recente entrevista ao programa Dário de Paula, pôs fogo na polêmica ao pedir que Samuca esquecesse sua gestão. Tem mais. Acusou seu adversário de arquitetar a estratégia (que Samuca desmente) para deixá-lo inelegível por oito anos. “A preocupação é tão grande que ele (Samuca) está procurando alguns vereadores para votarem contra minhas contas. Ele está procurando alguns vereadores pedindo isso. Qual interesse que ele tem de se envolver nas contas de um ex-prefeito?”, indagou Neto, ressaltando que já explicou por diversas vezes o motivo da reprovação das suas contas. “Se os vereadores acham que esses motivos são fortes para não aprovarem, que façam”, pontuou, indo além. “A eleição acabou e ele (Samuca) foi o vencedor. A população queria mudança e a expectativa é imensa. Tenho certeza que ele vai fazer um grande governo”, disparou Neto, na sua conversa com Dário de Paula.

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