Roberto Marinho
Uma das bombas anunciadas pelo aQui – são várias, e não apenas uma – foi detonada na tarde de quinta, 9, e envolve o novo estacionamento rotativo de Volta Redonda. Que deixará de ser explorado pelo Palácio 17 de Julho, passando a ser administrado por uma empresa, que vai nascer já com nome escolhido: VR Parking. Para que ganhe vida, precisará do aval dos vereadores e para isso, em breve, o prefeito Samuca Silva deverá encaminhar uma mensagem à Câmara para que ela seja apreciada, aprovada e possa entrar em vigor a partir de janeiro de 2018.
A expectativa do governo Samuca é aposentar de uma tacada só todos os parquímetros – franceses, que se frise – existentes. “Eles foram fabricados há mais de 20 anos, estão obsoletos”, justifica a assessoria do prefeito, garantindo que eles serão substituídos por um sistema totalmente digital, com direito a uso de um aplicativo próprio.
Tem mais e é o que interessa na prática. Diferente de hoje, o preço será fracionado, com a possibilidade de o motorista poder pagar para usar apenas 30 minutos, sem ter que pagar por uma hora inteira. Os preços – sem reajuste desde 2012, frisa o governo – vão mudar, é claro. Irão de R$ 1,50 (ruas transversais) a R$ 2,50 (ruas centrais da Vila, Centro e Aterrado). As motos pagarão R$ 1 em qualquer local. Detalhe importante: pelo aplicativo o usuário poderá renovar, online, o seu tempo de permanência na vaga, sem precisar ir até ao carro para ‘trocar o tíquete’.
E se o motorista for multado por estacionar sem pagar ou por ter ‘estourado’ o tempo, em até 24 horas ele poderá acessar o site do VR Parking ou procurar um dos pontos de venda para pagar o valor correspondente ao tempo de estacionamento que usou, livrando-se da multa. “É o fim da fábrica de multas”, prevê Samuca. “Só será multado quem quiser”, completa Maurício Batista, autor da opção de se permitir ao motorista pagar pela vaga que usou de forma irregular para não ser multado.
Outras novidades incluem a demarcação das vagas, que serão numeradas. Elas também serão aumentadas, passando de 1,7 mil para algo bem próximo de cinco mil vagas – 4.768, com variação de 10% para mais ou para menos, conforme informações da prefeitura.
Para aumentar o número de vagas e a rotatividade, com mais gente usando a mesma vaga, o VR Parking terá que cobrar o estacionamento em lugares onde ele hoje é de graça – nas ruas transversais da Vila, por exemplo. Mas isso não deve ser um grande problema para quem roda por horas em busca de uma mísera vaga, queimando gasolina, perdendo tempo e paciência.
De acordo com o que o aQui apurou, o governo Samuca prevê a implantação gradativa das novas vagas, com a instalação na primeira fase de aproximadamente 4,5 mil vagas tarifadas no Aterrado, Vila, Centro, Retiro e Santo Agostinho. A segunda fase vai englobar os bairros Ponte Alta e 207, para se chegar às cinco mil vagas previstas.
O projeto vai dividir a cidade em zonas, com tarifas diferentes para cada área. A Zona Azul englobará as ruas centrais da Vila, Centro e Aterrado (R$ 2,50 a hora); na Zona Verde ficarão as ruas centrais do Retiro, Niterói, Ponte Alta, 207 e Santo Agostinho (R$ 2,00 a hora), e a Zona Laranja serão as ruas secundárias de todas as áreas citadas (R$ 1,50 a hora).
A fiscalização será feita pelos agentes do VR Parking, que acionarão a Guarda Municipal em caso de irregularidade. Apesar da atuação dos agentes, a prefeitura destaca que a responsabilidade por qualquer notificação ou autuação será exclusiva dos agentes da Guarda Municipal.
Em termos de percentuais do faturamento, a prefeitura terá direito, nos primeiros anos, de no mínimo 20% do valor arrecadado pela concessionária, passando para 25% nos anos seguintes. De acordo com o Palácio 17 de Julho, do total arrecadado, um percentual será repassado a instituições sociais sem fins lucrativos e o restante à GM, entre outras, para manutenção das atividades administrativas.
Segundo a prefeitura, o novo sistema, praticamente 100% digital, vai abolir diversos custos da operação atual, como a manutenção dos parquímetros, o recolhimento diário das moedas, a impressão de tickets, as perdas com vandalismo, entre outros. E o VR Parking deverá criar 50 empregos diretos. Quem ficar com saudade dos velhos amigos franceses vestidos de laranja pode tentar comprá-los em um leilão que deve ser feito pelo atual governo. Au revoir!
Idosos
O VR Parking tem tudo para cair no gosto dos motoristas de Volta Redonda. Menos para dois segmentos. Os que trabalham nas áreas comerciais e os idosos. No primeiro caso, trata-se daqueles que saem cedo de casa para conseguir uma vaga de estacionamento em ruas próximas do local de trabalho, como nas ruas transversais da Vila, que passarão a fazer parte da área do VR Parking.
Com relação aos idosos, uma boa e uma má notícia: a boa é que a prefeitura de Volta Redonda pretende triplicar o número de vagas gratuitas destinadas a eles. A má é que a partir da implantação do novo sistema, eles terão isenção apenas nas vagas demarcadas. Não poderão mais estacionar onde quiserem. É uma pena!